Capítulo 1

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Era comum encontrar entre a alta sociedade da época, casais que estavam juntos por conveniência, necessidade financeira, poder ou exibição. Casar-se por amor era um privilégio para poucos. E para Victória, um sonho a ser alcançado. Ela não só acreditava como sabia que o sonho de toda mulher era casar. Mas conhecer alguém que a amasse e que fizesse dela prioridade em tudo era realização para poucas. Também sabia que a melhor parte de um casamento era a organização, a escolha de um imóvel dava as mulheres um sentimento único de posse, enfim teriam algo a se apegar, algo delas. Dizia-se que algumas mulheres ficam mais animadas com os preparativos do que com o próprio fato de estarem se casando. A lista de convidados, cerimônia religiosa, o bolo, buffet, decoração, música, enxoval, vestido de noiva e o melhor de tudo, os presentes! Podia dar trabalho, mas no fim, tudo sairia como planejado e o orgulho pelo dia glorioso estar perfeito não caberia no coração.

Victória não era exceção, desde pequena sonhava com esse dia glorioso, no entanto com um pouco menos de ambição. A única coisa que realmente importava era quem estaria a esperando no altar, ansioso, nervoso para que ela aparecesse e então quando acontecesse e seus olhos se encontrassem ela teria certeza de que era o amor da vida dela, assim como estaria escrito nos dele que ela era o seu.

Infelizmente as coisas não estavam indo ao seu favor, e se continuassem como estavam, poderia dar adeus a esse sonho. Há algumas semanas seu pai lhe informou que a comprometera com o Conde de Hanford, onde todos os dias ele tenta fracassadamente convencê-la a aceitar o matrimônio dizendo que é o melhor para ela e para a família.

–...Está ouvindo?

Ela suspirou pela milésima vez na última hora.

– Papai, o senhor já conhece minha decisão. Não vejo razões para que me case.

– Você não me dará escolha – o velho Barão disse ameaçando-a.

A única coisa que o pai poderia esperar desse casamento era uma união de poderes, mas isso pouco importava.

– Como já disse – várias vezes – Não me casarei com o Conde de Hanford!

Geralmente não afrontava o pai dessa maneira, mas não ia se casar com um homem que não conhecia e que fazia tão pouco para realizá-lo. Talvez ele precisasse se casar com urgência, mas a ponto de não ter tempo de conhecer a mulher com quem pretende passar o resto da vida? E se ela tivesse algum problema ou talvez uma doença? É tão irrelevante desde que esteja casado?

– Querida entenda – tentou soar mais compassivo – O acordo já está feito...ele virá buscá-la dentro de dois dias.

Ela o olhou incrédula diante da revelação sentindo toda a força de seu corpo esvair. Tinha pensado em inúmeras coisas que se não fizesse seu pai desistir, de fato o Conde o faria. Não era justo que sua vida fosse definida por escolhas alheias, mesmo que fosse as escolhas de seu pai.

– Avisei a você Victória. Não é mais um pedido, nem uma escolha. É uma ordem e você vai obedecer!

– E alguma vez tive escolha?! – atirou segurando as lágrimas que insistiam em se formar diante do desapontamento.

Ele não precisou responder, sua expressão entregava o que tinha feito as costas da filha e não havia palavras para descrever o quão decepcionada ela estava. Ele a traiu, estava usando da vantagem de ser o chefe da casa e seu pai para obrigá-la a fazer algo que ia contra todas as suas crenças.

– Como o senhor pôde fazer isso?? – o encarou com uma última súplica inútil, ele não ia ceder, quando seu pai decidia algo, seria feito – Não se importa com o que vai acontecer comigo?

O amor vem devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora