Capítulo 6

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Querida Família,

Escrevo para avisar que estou bem e que não fugi do compromisso, apesar de ser meu maior desejo, sou consciente de que a honra e a moral da família se esvairiam se o fizesse . O casamento ocorrerá dentro de uma semana. A tia do conde, Marlúcia, é responsável por organizá-lo e ela me garante que será o dia mais especial da minha vida, irônico não? Mas isso me fez pensar se não haveria de ter alguma chance de vocês, ou apenas um, presente representando a família nesse dia para apaziguar minha dor. Não há palavras para descrever o vazio que senti ao vê-la organizar minha lista de convidados e não ter o nome de vocês incluída nela.

A casa enorme faz minha solidão aumentar e eu tenho medo de que seja assim para sempre. Talvez seja difícil de acreditar, mas sinto a falta de Andrew durante as refeições. Não posso dizer que estou feliz, mas já se passou uma semana e estou indo bem, não pensar no futuro incerto a minha espera tem ajudado e enquanto tiver Nena me fornecendo força todas as manhãs, posso seguir.

Lembranças a Christofer, Jack e Lúcia, de quem mais sinto falta e por favor não esqueçam de Patrícia, digam a ela para que me escreva o mais rápido possível. Mandem lembranças.

Saudades,

Victória.

– O que acha desses querida? – Marlúcia levantou dois lencinhos, um branco e um salmão.

Por coincidência do destino não era Victória a esquecida, a mulher não havia mandado as amostras de cor para as mesas da festa após o casamento que ocorreria no jardim e agora estavam correndo contra o tempo para arrumar afinal as mesas não poderiam ficar sem as toalhas.

– Prefiro aquele dourado que Nena mostrou a pouco, vai combinar com meu vestido – sem mencionar que faltava brilho em todos os aspectos do casamento.

– Ótima escolha! – ela anotou na agenda.

No dia anterior ela tinha pedido que um dos arranjos do casamento vinhesse para que Victória pudesse aprovar e menina se pegou mudando os tipo de flores e as cores dos vasos, alegando que se fosse muito em cima da hora usassem as que possuíam no jardim da casa. Apesar de não valer a pena se envolver, mudar alguns detalhes na decoração não fariam mal a ninguém.

Ela releu a carta averiguando se não havia algo mais a declarar. Não quis colocar nada sobre o conde e por que deveria? Selou a carta e entregou a uma servente para que a enviasse passando ao segundo andar da biblioteca uma vez que Sra. Turner se ocupou com o casamento junto a Nena que estava um poço de emoção. Nos últimos dois dias Victória tinha se "trancado" naquele lugar e as vezes enquanto lia se perdia nas palavras de tal maneira que quase se esquecia do mundo real e do que a aguardava em breve.

– Há alguma coisa que goste de fazer além de ler livros? – Se assustou com a presença do conde no pé da escada.

– Poderia listar algumas, mas nada me é tão prazeroso – ele sorriu ao assentir, mas sem dar indícios de que partiria – Posso ajudar em algo?

– Marlúcia deve ter comentado com você sobre o baile de hoje a noite na casa dos Robinson, tem liberdade de recusar a me acompanhar se não quiser – Victória arqueou as sobrancelhas diante do aviso – Apesar de que seria uma ótima oportunidade de lhe apresentar a sociedade e aos meus amigos.

– Apesar da sua generosidade em me permitir escolher – sua voz estava carregada de sarcasmo – Gostaria de ir.

– Ótimo – acenou com a cabeça e virou de costas seguindo pela escada

O amor vem devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora