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Alguns dias depois:

(Ana)

Alguns dias já se passaram desde que tudo acabou entre eu e o Luan. E é claro que ele tentou de todas as formas vir falar comigo, e eu ignorei todas.

Tia Gyl me ligou, o Rapha quis conversar comigo, até a mulher que tava com ele pediu pra bater um papo.

Não adianta ele tentar, ele me traiu e não tem o que fazer pra mudar isso. Pra quem dizia que amava tanto, foi o primeiro a abandonar nós dois.

Confesso que no primeiro e no segundo dia, eu pensei em ir atrás, pensei em ouvir o lado dele. Mas logo desisti, porque não vale a pena ouvir só mentiras.

Já perdi as contas de quantas vezes ele veio aqui, quantas cartas, buquês, presentes que ele mandou. Mas nada disso adianta mais.

Comecei a seguir minha vida sozinha, e acho que foi a melhor decisão que tomei. Já que tudo tá saindo melhor do que o planejado, porém, eu tô passando mal a dias e não sei o que é.

-Oi Fla! - Antonella apareceu na sala.

-Oi ir... Eu não acredito! - olho pra boca dela toda suja de chocolate - No café da manhã não!

-Se fosse o tio Lu deixava...

-Esquece ele! - falo irritada.

-Não tem como esquecer! Você ainda vai ter um filho com ele! - ela fala convencida.

-Que? Cê tá ficando doida? - pergunto sem entender - É só a mamãe e o papai sair que tu fala essas besteiras!

-Mas não é besteira! Você vai namorar e ter um filho com o tio!

-Para, tô ficando com medo já!

-Tá bom! - ela deu de ombros - Mas cê vai ver! - ela saiu andando e me deixou sozinha.

Comecei a pensar no que ela me disse, e fiquei com medo, criança nunca erra... E outra, eu tenho passado tão mal ultimamente...

-Não! É só paranoia da minha cabeça! - falo pra mim mesma - Eu tomo remédio!

Mas e se o remédio falhar? Meu Deus! Eu não posso tá grávida do Luan! Não mesmo!

Mesmo sabendo que isso não deve passar de paranoia, pedi um teste de farmácia e mandei entregar em casa.

Aproveitei que a Antonella tava distraída e fui na porta pegar. Subi correndo pro meu quarto, e peguei o papel que vem junto explicando, afinal nunca fiz um teste na vida.

Segui todas as instruções e saí do banheiro. Sentei na cama e fiquei esperando o tempo certo.

-Eu não tô grávida! Eu não tô grávida! Eu não tô grávida! - repeti alto pra mim mesma.

-Filha! Já voltamos do supermercado! - minha mãe apareceu no quarto me matando de susto - Te espero pra me ajudar com o almoço!

-Tá... Tá bom mãe! - gaguejo.

-Ah, e trouxe um remédio pra tu! Acho que agora você para de sentir ânsia!

-Obrigada! Já desço!

Deitei na cama, ainda faltam 10 minutos pra ir ver o resultado, e essa hora não passa...

(Luan)

-Bom dia bebê da mamãe! - ela abriu a porta com uma bandeja na mão - Trouxe café pro cê!

-Ah mãe, tô sem fome... - falo desanimado.

-Hoje é dia de show meu amor! Tem que se alimentar bem!

-Não tô afim de cantar hoje também não.

-Filho! Não dá pra ficar só assim! Tu tem que se animar!

-Me animar como?! Eu perdi a mulher da minha vida!

-Mas você não perdeu! Só espera ela esfriar a cabeça!

-Eu já esperei! Só que ela é teimosa e não quer me ouvir! - olhei o celular de novo - E tô bloqueado de tudo!

-Calma tá? Tudo ainda vai se acertar!

-Eu nem sei mais se acredito nisso...

-Cê quer que eu tente falar com ela de novo?

-Não mãe, obrigado... - dou um abraço nela - Eu preciso resolver isso sozinho mesmo...

-Mas enquanto não resolve, que tal tomar café? - ela mostrou a bandeja - Fiz o bolo de chocolate que tu ama!

-Eu vou comer um pouco então... - pego um pedaço de bolo.

-Mamãe vai te acompanhar esse fim de semana nos shows, não quero te deixar sozinho!

-Tá bom mamãe! Eu te amo demais!

-Eu te amo mais! E a Ana também! - ela deu um beijo na minha testa.

(Ana)

Assim que deu o horário certo, levantei correndo da cama e fui pro banheiro. Respirei fundo, uma vez, duas, três...

E eu não consegui abrir, o medo era maior do que tudo, medo da carreira acabar, medo de não dar conta...

Coloquei a mão na maçaneta e tomei coragem. Até que vi o celular tocar, justo agora!

-Alô? - falo com o telefone na mão.

-Oi... - era o Luan do outro lado, usando o número de outra pessoa.

-Eu não acredito! Eu já disse que não quero mais ouvir a sua voz caralho!

-Ana... Por favor... Me escuta, eu não tô bem!

-Mas quando tava com aquela loira na cama, tava muito bem né? - rebati.

-Ela é só... - interrompi.

-Cala a boca! Eu não quero ouvir nada vindo de você! - gritei - E aliás, vai tomar no seu cu!

-Ana... Eu te amo, e é de verdade, me escuta, só isso que eu te peço!

-Não! Só eu amava nessa porra de lance! Só eu me entregava a essa merda!

-Me ouve! Ela é só...

-Sinceramente Luan, vai viver a sua vida! Me esquece! Eu não te quero mais!

-Eu vou aí! Hoje! E nós vamos conversar!

-Não, cê não vai vir aqui! Tu tá proibido de vir aqui! E outra! Acabou, não entendeu isso ainda?

-Eu não vou entender enquanto você não conversar comigo!

-Então vai ficar sem entender! - desligo o celular na cara dele.

Minha vontade agora era bater nele, quebrar a cara dele, mas pro meu bem, decidi respirar fundo.

Encostei na maçaneta de novo e dessa vez a raiva me deu coragem de abrir a porta.

Peguei em cima da pia o teste, e pro meu alívio, um risquinho só. Um sinal claro de negativo.

Graças a Deus! Meu filho não merece nunca ter como pai um homem feito o Luan!

Joguei fora tudo enrolado em um papel pra minha mãe não ver, se não levo um xingo e saí do banheiro.

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Esses dois não tão nem perto de se resolver hein!

Amizade ou O Quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora