No dia seguinte:

(Ana)

O dia ontem foi meio estranho, meio frio, meio em silêncio, eu agradeci quando já passava das 3 da manhã e eu caí no sono.

Acordei me sentindo melhor, mas o vazio ainda é maior do que todos os outros sentimentos.

Como sempre, Luan foi caminhar pra tentar esfriar a cabeça e eu fiquei deitada. Não tenho vontade nem de ir tomar café, apesar da minha barriga estar doendo de fome.

Cada cantinho desse quarto, dessa casa me lembra meu anjinho. Afinal, compramos nosso lar depois que descobrimos que eu tava grávida e que era um menino...

Ah, ia ser tão bom ter o meu boiadeirinho... Ele ia ser tão mimado pelo papai, o sonho do Lulu desde criança era ter um menino.

-Oi amor, bom dia... Acordou melhor? - meu namorado surgiu na porta.

-Bom dia... Fisicamente tô melhor, mas a dor no peito não passa...

-Ah meu bem, eu sei que ainda tá doendo, mas vai melhorar... - ganho um carinho na mão - E pra te ajudar a melhorar, trouxe seu chocolate preferido!

-Obrigada neném! - dou um sorriso fraco - Mas ainda não tá muito cedo pra comer chocolate?

-Não tá não, aproveita que a Antonella não tá aqui e come tudo! - ele ri me olhando.

-Tô com saudade da minha irmãzinha...

-Que tal a gente ir ver ela hoje?

-Pode ser, aí já aproveito e levo minhas coisas. - mordo um pedaço da barra.

-Que coisas?

-Minhas roupas... Eu vou voltar pra casa dos meus pais!

-Como assim? Por que você vai voltar pra lá? Cê quer terminar?

-Não! Eu só não tô conseguindo me sentir bem aqui nessa casa, tudo ainda é muito recente, e as lembranças ainda vem a tona... - respondo comendo.

-Mas e eu? Vou ficar sozinho aqui?

-Por alguns dias sim, vai ser só um tempinho, já já eu tô de volta! Só preciso de um tempo pra minha cabeça...

-Eu não vou aguentar ficar sozinho aqui...

-Vai sim! Amanhã sua agenda da semana começa! Tu vai fazer show quase todos os dias, nem vai dar tempo de se sentir sozinho! - rebato.

-Tudo bem... Vou te respeitar porque você tá precisando esfriar a cabeça mesmo...

Passo a manhã toda ao lado do Luan, e acabamos chorando algumas vezes lembrando de tudo que sonhamos e planejamos com o nosso bebê.

Depois disso, ele me ajudou a arrumar as coisas e me levou pra fazenda Castela. Chamei ele pra entrar, mas meu boiadeiro disse que ia pra casa da mãe dele almoçar.

Mal fechei a porteira e vi uma princesa correr até mim e pular no meu colo. Abracei ela apertado e por mim esse abraço podia ter durado horas.

-Fla! Eu te amo muito viu? Tô sempre aqui com ocê, nos momentos bons ou ruins! - sinto as lágrimas me invadirem.

-Ah meu amor! Muito obrigada! A irmã te ama muito também!

-Eu tava com saudade de ti...

-Pode ter certeza que a mana também tava... - beijo a cabeça dela.

-A gente pode andar a cavalo agora?

-Claro meu amor! Pede pro papai ir arrumando enquanto eu vou falar com a mamãe! - falo e ela sai correndo pro haras.

-O bom filho a casa retorna! - minha mãe estende os braços e eu me aconchego junto a ela.

-Eu voltei mamãe...

-Mas por pouco tempo filha, você já tem uma vida com o Luan e não pode simplesmente largar tudo e voltar pra cá como se nada tivesse acontecido!

-Eu sei dona Michelle Castela! É por pouco tempo! Já já tô de volta na minha casinha! - sorrio.

-Acho bom mesmo! Agora anda! Vai lá andar de cavalo com a Nella, ela tava louca esperando por isso!

-Já tô indo! Bença mãe! - digo já correndo pro estábulo.

-Deus te abençoe filha!

Dou bença pro meu pai, e logo já monto em cima do Blacke. E que saudade eu tava disso!

Como grávida não pode andar a cavalo, eu tava há mais de 2 meses sem montar no meu garanhão!

Sinto o vento bater no meu rosto enquanto ia cada vez mais rápido. A sensação de liberdade, e de felicidade ali naquele momento, não dá nem pra descrever com palavras!

-Espera eu Fla! A égua é mais devagar! - Antonella grita de longe e eu paro em baixo da árvore.

-Cê tá muito devagar mocinha! Acelera o passo aí! Se não vou te deixar sozinha pra trás! - brinco dando risada.

-A mamãe pediu pra ti cuidar de mim! Então não pode me deixar sozinha! - ela fala um pouco mais perto.

-Posso sim! Ainda mais agora que a gente tá apostando corrida! Um, dois, três e já! - volto a correr em cima do cavalo.

-Assim não vale! Você nem me avisou e nem me esperou pra irmos juntas! - ela faz bico e eu dou risada da cena.

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(Luan)

Minto pra Ana que vou almoçar na casa da minha mãe, mas na verdade, só quero deixar ela respirar um pouco sem mim.

É óbvio que eu queria ficar junto dela o tempo todo nessa situação, mas sei que ela precisa de espaço e tempo pra conseguir lidar com tudo isso.

Volto pra casa e assim que abro a porta dou de cara com os meus 3 filhos de 4 patas: Lauro, Cleiton e José.

-Oi amores do papai! Oi! - sento no chão e os três vem correndo.

-Eu voltei meus amores! Voltei, e agora essa semana vai ser só eu e ocês né? Vocês vão me fazer companhia? - pergunto e recebo latidos como resposta.

-Eu tô precisando de um pouco de carinho sabia? Tá doendo o coraçãozinho aqui... - faço bico e eles pulam no meu rosto lambendo.

-Tá bom, tá bom, tá bom! Eu já entendi que cês tem muito carinho pra dar! - dou risada - Fiquem tranquilos que daqui a pouco a mamãe de vocês tá de volta! Ela só foi se recuperar um pouco!

Fico ali brincando com os 3, e confesso que nem vi a hora passar. Quando olhei pro relógio, já era quase noite, e eu precisava arrumar minhas coisas pra viagem.

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E aos poucos, tudo vai se ajeitando gente?

Amizade ou O Quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora