(Luan)

Acordei com o barulho do celular tocando, mas a preguiça de abrir o olho era maior. Só que a insistência da ligação me fez abrir, e foi aí que eu percebi a merda.

O dia já tinha amanhecido, são 8 horas da manhã! O combinado era deixar a Ana em casa antes dos pais dela acordarem.

-Princesa! - chamei ela que tava num sono profundo - Princesa! Preciso que você acorde! - balancei ela.

-O que foi Lulu? - ela perguntou meio dormindo.

-Já são 8 da manhã... - falei tentando manter a calma.

-QUE?! - levantou assustada.

-Sim, já é de manhã e eu não sei o que vamos fazer agora... - a preocupação bateu.

-A gente tá fudido!

-Na verdade, a parte do fuder foi ontem... - brinquei pra amenizar o clima e fiz ela rir.

-Seu bobo! - ganhei uma tapa de leve no braço.

-Ai, doeu! - reclamei.

-Isso não foi nem metade dos tapas que cê me deu ontem! - a boiadeira abriu um sorriso sapeca.

Vestimos nossas roupas o mais rápido possível, arrumamos o carro, e então dirigi o mais depressa possível até a fazenda Castela.

-TU FICOU DOIDA ANA FLÁVIA? - Michelle gritou assim que parei o carro.

-Mãe, eu posso explicar!

-Você saiu de madrugada escondida e voltou só de manhã! Cê acha que é dona do próprio nariz é?

-Eu só fui dar uma volta com o Luan...

-E tu Pereira?! Levando minha filha pro mal caminho? - minha quase sogra me encarou muito irritada.

-Não mãe, fui eu que... - Ana quis falar mas interrompi ela.

-Perdão mesmo tia, a ideia foi minha, ela nem queria ir, mas eu insisti... Peço desculpa a você, e espero que não brigue com ela por causa de mim.

-Eu tô muito chateada contigo! Mas vou fazer o que cê me pediu...

-Muito obrigada e desculpa de novo!

-Que fique claro que não sei quando vou voltar a confiar em tu! - senti meu coração doer mas ignorei - Pra dentro Ana!

-Deixa eu só me despedir mãe!

-Tá bom, mas anda logo!

-Ela tá muito puta... - falei com receio de ter chateado a família Castela.

-Relaxa! Já já ela esquece isso e tudo se resolve... Mas por agora, nós já estamos muito bem resolvidos... - ganhei um selinho.

-Verdade... Afinal, o que rola entre a gente mesmo?

-Amizade uai!

-Como assim? - perguntei com receio de ela não sentir nada por mim.

-Ah, temos que deixar tudo como sempre foi, porque senão estraga. Ao menos que daqui um tempo a gente mude o status de solteiro pra... - abri um sorriso gigante e ela também.

-Não vejo a hora... - dei um selinho nela - Mas no momento não vejo a hora de ir embora!

-Sua mãe deve tá caçando você já! Mas enfim, tenha um bom dia gatinho, vou ficar com saudade! - ela me abraçou apertado.

-Eu também, muita saudade princesa!

Me despedi com vontade de ficar ali, mas infelizmente tenho que ir. Mal cheguei em casa e ouço minha mãe berrar também.

-LUAN PEREIRA! ONDE CÊ TAVA?

-Eu saí ontem mãe, deu vontade e eu fui...

-E dormiu aonde?! A gente já conversou sobre dormir fora de casa!

-Desculpa mamãe, eu acabei perdendo a hora de voltar pra casa. - falei baixo.

-Tava com quem? - pensei em mentir mas acabei dizendo a verdade.

-Com a Ana...

-Calma aí, tu fez essa loucura toda, com a Aninha do lado?

-Sim mãe, me desculpa!

-Desculpa pelo o quê? - ela deu risada e eu fiquei sem entender - Se eu soubesse que tava com ela, taria até despreocupada com você!

-Por quê? - perguntei confuso.

-Porque eu sei muito bem o que cês foram fazer, já fiz muito isso também... - ela me encarou - Usou proteção?

-Mãe... - encarei o chão morto de vergonha - Usei... - sussurrei.

-Eu sempre soube que tu gosta dela filho! Dá pra ver no seu olhar, ela é muito especial pra você! E fico feliz em saber que foi com ela que cê resolveu se entregar...

-Pois é...

-Agora trata de trazer minha norinha aqui de novo hein!

-Pode deixar! - sorri.

(Ana)

Depois de levar o sermão da minha mãe, que durou quase 1 hora, finalmente pude subir pro quarto. Troquei de roupa e coloquei meu pijama pra dormir mais um pouco.

-Filha? - meu pai bateu na porta.

-Pode entrar!

-A gente pode conversar? - ele sentou na beirada da cama.

-Claro!

-Então... Eu sei que poder ser só coisa da minha cabeça, mas eu ando percebendo uns olhares diferentes entre tu e o Luan... - senti minha garganta secar.

-O que tem?

-Vocês estão juntos? - ele perguntou olhando nos meus olhos.

-Mais ou menos... Acho que ainda estamos na relação de amizade, porque o carinho de irmãos continua igual, mas ao mesmo tempo, o coração mostra que é algo mais...

-Eu te entendo... Mas nesses casos, a melhor coisa é deixar fluir!

-Eu queria deixar fluir sem ninguém perceber... - falei decepcionada.

-É só saber disfarçar um pouco meu amor! Mas não se preocupa com isso não! Quando é pra ser, é normal todo mundo perceber a conexão!

-Obrigada pai! Te amo! - abracei ele.

-Por nada! Eu também te amo filha! - ganhei um beijo na testa - Ah, não vou falar nada pra sua mãe hein! Boca de zíper!

-Obrigada! - dei risada e vi ele sair.

-Só mais uma pergunta! Usou proteção?

-Pai! - reclamei brava.

-Eu sei muito bem o que cês foram fazer!

-Usamos proteção pai, fica tranquilo!

-Amém! Não quero ser vô agora!

Depois de ficar sozinha mais uma vez, me deitei na cama e pensei na noite de ontem. Será que realmente é só amizade?

Eu acho que não, a conexão de ontem foi tão louca e não dá pra negar que o que rolou ali, passou muito do limite da amizade.

Mas ao mesmo tempo, eu tenho tanto medo de deixar de ser amizade, e aí nunca mais voltar a ser como era antes...

Eu não quero deixar as brincadeiras, os presentinhos, os apelidos idiotas, os rolês de criança de lado, eu quero que isso continue acontecendo...

Ah Luan Pereira, é amizade ou o quê?

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E aí gente, é amizade ou não?

Amizade ou O Quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora