(Luan)

Chego em casa e me deparo com minhas "cunhadas" dormindo na sala, mas não vejo a Ana em nenhum lugar.

Então vou pra cozinha e encontro ela com uma xícara de chá na mão, e uma cara emburrada, já sei que me fudi.

-Bom dia princesa... - falo com a voz mole pelo álcool.

-Bom dia. - ela responde grossa e sem nem olhar pra mim.

-Cheguei cedo ó! São 8 horas ainda! - brinco tentando descontrair.

-Uhum. - a boiadeira dá mais um gole.

-Você tá com cara de quem não dormiu direito...

-Eu nem dormi. - ela rebate e eu sinto a consciência pesar.

-Amor! Me desculpa, eu sei que tô errado e... - sou interrompido.

-Não precisa pedir desculpa, agora anda! Deixa eu te dar um banho pra nós dormirmos!

-Não! Cê tá grávida, não pode fazer esforço! Não precisa dar banho em mim não!

-Então sobe a escada pra eu ver! - ela sobe na frente e eu respiro fundo - Sobe logo!

-Tá... - subo o primeiro degrau e prontamente sinto o corpo pesar, se não fosse minha noiva me segurando, tinha caído no chão.

-Tu não é nem doido de tomar banho sozinho! Agora, se apoia em mim por favor.

Minha cabeça começa a doer, e dessa vez não é pela bebida, e sim pela culpa. Ter que ser carregado pela minha mulher grávida, quando na verdade, era pra mim estar carregando ela!

Terminamos de subir, e quando coloco meus pés no andar de cima, meu estômago dá sinal de vida.

-Eu preciso do banhe... - não terminei a frase, saí correndo e me ajoelhei com dificuldade no vaso.

Coloquei tudo que não comi ontem pra fora, acho que nunca passei tão mal na minha vida por conta de cachaça.

Quando finalmente terminei de passar mal, ela me ajudou a tirar a roupa e me colocou sentado embaixo do chuveiro gelado.

-Você não toma jeito Luan! - a morena diz e esfrega meu corpo.

-Eu juro que nunca mais eu bebo! - fecho os olhos pelo cansaço.

-E eu juro que nunca vou acreditar nisso. - ela revira os olhos debochando.

Depois do banho, ela colocou um pijama limpo em mim, e me deitou na cama com cuidado.

Apenas me permiti relaxar, enquanto sentia o corpo quente da minha baixinha colado no meu.

-Eu te amo! Eu amo ocês! Vou gritar pro mundo todo ouvir que amo vocês! - elevo o tom de voz e sorrio.

-Cala a boca e vai dormir poste! - ela revidou de olhos fechados.

-Nossa, essa magoou! - faço bico que nem criança mimada.

-Eu tô grávida, tô cansada, e a sua filha anda me deixando extremamente estressada! Não tire ainda mais minha paciência! Me deixa dormir!

-Tá... Tá bom! Vou te deixar mimir! - gaguejo por conta da língua embolada.

Dentro de poucos minutos, caio no sono e só acordo horas depois, com o sol da tarde refletindo no meu rosto.

Sinto meu corpo ainda meio pesado e cansado, além da dor de cabeça que não passa. A verdade, é que essa ressaca vai me matar!

Percebo a ausência da Ana, e olho as horas no celular, já são 16h30. Levanto devagar e encontro ela no banheiro, com o corpo molhado, passando creme na barriguinha (que já tá crescendo).

-Boa tarde minha vida! - abraço ela por trás, e prontamente a boiadeira se solta do meu toque.

-Boa tarde.

-Nossa, uma gatinha dessa, dando coice que nem cavalo! - falo mesmo com medo de apanhar.

-Escolheu a boiadeira porque quis.

-Eu tô brincando meu amor! Não precisa ficar bravinha! - tento dar um selinho nela e novamente sou ignorado.

-Uai, só tô falando a verdade! Se tá ruim comigo, vai lá com a sua amiguinha loira!

Respiro fundo, sabia que ela ia tocar nesse assunto, e eu sei muito bem que isso vai acabar gerando discussão entre nós.

-A Gabi é só uma amiga, e cê sabe disso! - rebato calmamente.

-Tu disse que não teria mulher lá! - ela altera o tom de voz.

-Mas não teve!

-E A GABI É O QUÊ?! HOMEM QUE NÃO É CARALHO!

-Realmente, ela é mulher, mas ela tava com o ficante dela! Eu só conversei com a Gabi, porque falei sobre o convite de ser madrinha da Alice! - explico e vejo minha noiva me encarar com um olhar sanguinário.

-ELA NÃO VAI SER PORRA NENHUMA DE MADRINHA!

-Por quê?! - pergunto e como resposta ganho uma risada estridente.

-VOCÊ AINDA PERGUNTA?!

-É claro que eu pergunto, ela nunca te fez nada e... - sou interrompido.

-CALA A BOCA!

-Mas... - antes que eu pudesse falar, ganho um tapa no rosto.

Aquele gesto mexeu com meu psicológico, e prontamente as lágrimas começaram a cair pela minha bochecha.

-PUTA QUE PARIU! CUSTAVA CÊ AVISAR?! EU FIQUEI A NOITE TODA PREOCUPADA COM TU!

-Desculpa... - digo ainda meio abalado pelo tapa.

-DESCULPA?! - ela ri com sarcasmo - DESCULPA NÃO É O SUFICIENTE PRA UMA MULHER GRÁVIDA E COM INSÔNIA LUAN!

-Me perdoa... Sei que errei muito com você, que eu passei do ponto da bebida, e que não te avisei sobre os horários... Perdão... - uso o fio de voz que me restou.

-E... Eu... Eu preciso respirar e pensar um pouco! - ela sai do banheiro e senta na cama, com as mãos na cabeça e a respiração pesada de raiva.

-Vou te dar o tempo que você precisar pra se recuperar... - o choro entalado na minha garganta tenta sair novamente.

-Ocê, minha carreira, e essa gravidez ainda vão me enlouquecer! - a morena fecha os olhos e deixa as lágrimas escaparem também.

-Tu tá cansada, com medo, insegura, preocupada... E eu te entendo! - tento amenizar a situação enquanto sento ao lado dela.

-Eu só tô com a cabeça a mil e não consigo pensar em tudo ao mesmo tempo...

-Tudo bem, vou te deixar em paz pra pensar o quanto precisar! - ameaço levantar mas ela me impede.

-Fica aqui! Agora! Senta nessa porra!

Obedeço e logo depois vejo ela sentar no meu colo e me encarar, fico sem entender nada, mas não questiono.

-Eu posso estar com raiva da sua cara! Mas não consigo olhar pra sua boca e não querer beijar... - minha baixinha sussurra.

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E aí, o que acham que rola no próximo capítulo?🗣 (Só posto depois que vocês comentarem muito!)

Amizade ou O Quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora