(Ana)

Depois do amor gostoso que eu e o Luan fizemos, fomos nos arrumar. Coloquei meu segundo look e ajudei ele a colocar o dele também.

Descemos até a praia conversando, mas assim que chegamos lá, vi todo mundo olhar pra gente.

Senti meu rosto queimar de vergonha, será que eu gemi alto demais? Será que todo mundo já tá desconfiando?

-Eles só são curiosos... Age naturalmente e finge que nada aconteceu... - ele sussurrou no meu ouvido, é, parece que até meus pensamentos ele adivinha.

-Ok... - respondo baixo.

-Oi gente! Bom dia! Desculpa o atraso! - meu boiadeiro anunciou.

-Bom dia não! Boa tarde né? - Gabriel fala fingindo estar irritado.

-Você sentiu minha falta né namorado? - Lulu brinca e eu caí na risada.

-Depois preciso conversar com ocê... - Raphael fala discretamente.

-Pode ser agora?

-Claro! Melhor ainda! - meu empresário me levou pra um canto mais afastado.

-Pode me falar tudo que tu tem pra dizer! - falo tentando manter a calma.

-Então... Digamos que a situação do Mioto não é das melhores...

-Ele se machucou feio?

-Seu namorado de verdade conseguiu fraturar o nariz, e duas costelas dele. - sinto um aperto no peito.

-Mas ele não fez por mal! Ele só perdeu a cabeça! E ele também tá machucado! O rosto dele tá com um hematoma enorme, e o estômago tá ruim! - tento defender meu amor.

-Sim, eu entendo perfeitamente! E até concordo, mas como foi o Pereira que começou, o Gustavo tem direito de fazer boletim de ocorrência na polícia!

-Não! Ele não tá pensando nisso não né? - fico sem acreditar no que ouvi.

-Ele quer tentar resolver isso sem precisar usar a polícia, mas pelo jeito o Luan não vai querer!

-Rapha! Será que você não percebe?! Ele quer fazer isso pra nos prejudicar! Pra me afastar do Lulu!

-São leis Ana Flávia, e não sou eu quem faço elas! - encaro ele ainda incrédula - Sinto muito! Ou eles se resolvem no diálogo, ou se resolvem na justiça!

Vejo meu amigo ir embora me deixando sozinha, e aí eu me permiti desabar. Deixei o choro cair com força enquanto sentia uma dor insuportável na consciência.

-Não! Por que eu fiz essa merda toda?! Por que eu deixei isso acontecer?! Por que?! - dei um leve soco na parede mas minha mão doeu.

-Ana? - vejo meu poste chegar e imediatamente tento disfarçar o choro.

-Ah, oi! - limpo o rosto com as costas da mão.

-O que rolou? - ele me abraçou apertado.

-Na... Nada... - gaguejo.

-O Raphael me pediu pra vir aqui conversar com ocê, então é coisa importante!

-Eu não sei nem por onde começar... - encaro ele.

-Vamos começar respirando fundo, pode ser?

Fui me acalmando aos poucos, e após retornar a tranquilidade. Expliquei tudinho pra ele, sobre o que rolou e como deve ser resolvido.

-Me desculpa... Eu que causei tudo isso por culpa daquele maldito contrato!

-Não precisa se desculpar! Nada disso foi culpa sua! Quem bateu fui eu! Então sou eu que preciso me sentir culpado!

-Mas tu só foi me defender! - rebato.

-Mas foi da maneira errada! Poderia ser resolvido no diálogo!

-Eu só não quero que você fique com uma má fama!

-Tá tudo bem! Relaxa pequena! No momento o importante é a sua carreira! A nossa gravação! Isso resolvemos depois!

-Tudo bem... - respondo meio contrariada.

-Me abraça mais forte! - Luan pediu e eu obedeci.

-Ai! - solto um gemido de dor.

-O que foi? Te machuquei? - ele perguntou preocupado.

-Não! Só meu peito que tá doendo demais! - ponho a mão na tentativa de massagear e amenizar a dor.

-E a cólica? Passou?

-Não... Continua doendo, mas tá pra descer amanhã também, deve ser por isso!

-Depois vou comprar um chocolate pra minha neném! - ganho um beijo no canto da boca - Agora vamos, se não a gente se atrasa!

Voltamos a praia, e passamos o dia por lá, gravei com a Ludmilla, e claro, algumas músicas solos também.

Depois de outro dia corrido, finalmente pude descansar direito porque a cólica tá me matando.

-Último dia nesse paraíso hein! - meu boiadeiro chegou perto de mim e sentou ao meu lado.

-Pois é... Vou sentir falta... - observei a fogueira, o cheiro de madeira queimando é estranhamente bom.

-Tá com fome? Quer comer alguma coisa?

-Eu quero! - falo animada.

-Algo específico?

-Ah... Acho que não... - respondo sem jeito.

-Eu conheço ocê muito bem! Tu quer algo e tá com vergonha! Pode pedir! Eu pego pra você!

-É que sei lá... Vai ser meio estranho...

-Mais estranho que eu comendo salgadinho com iogurte não é! - ele falou rindo.

-Tô com vontade de comer chocolate derretido com ketchup... - encaro ele pra observar a reação dele.

-Tá... Isso é mais estranho do que eu pensei...

-Desculpa! Só me deu vontade de provar!

-Não tem problema! Eu busco pro ocê princesa! - meu poste levantou em direção a cozinha do hotel.

-Meu Deus, que vergonha! O que deu em mim?! - falo sozinha com as bochechas coradas.

-Aqui ó! - ele me entregou o chocolate e o ketchup - Bom apetite!

-Obrigada! - misturei tudo e meus olhos brilharam de ver aquele prato.

-É Ana Flávia, tu é mais estranha do que eu imaginei! - ouvi uma risada sincera - Pelo menos tá gostoso?

-Demais! Puta que pariu! Que delícia! - respondi com a boca cheia e ele riu de novo.

Comi o meu prato todo rapidamente, e pedi pra buscar outro, e outro, e outro, e outro... Comi 5 vezes essa mistureba.

(Luan)

Observei a Ana acabar com o último prato daquela meleca que ela chamou de comida e sorrir satisfeita.

Confesso que ver ela comendo esse negócio me deu um pouco de ânsia e nojo, mas me segurei por respeito.

Mas sei lá, essa vontade dela foi tão aleatória, e tão sem sentido, e... Será que é o que eu tô pensando?

Olho pro corpo inchado dela e reparo bem a barriga, uma leve saliência mas nada demais...

Deve ser só coisa da minha cabeça mesmo! Afinal, ela tá com cólica pra menstruar, e esse prato deve ter sido só a vontade da TPM!

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E aí gente, sim, claro, ou com certeza?

Amizade ou O Quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora