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(Ana)

Apostamos corrida até o carro e pra variar Luan ganhou, mas também, com a perna daquele tamanho, é impossível não ganhar.

O caminho até a churrascaria foi tranquilo, ele cantou todo animado e ficou falando o tempo todo dos chutes da nossa princesa.

Assim que chegamos no local, já fomos recepcionados pelo garçom e encaminhados pra varanda, o lugar mais exclusivo de todos.

-Amor, eu preciso muito ir no banheiro, mas eu já volto! - meu boiadeiro falou meio apressado.

-Tudo bem! - respondo sorrindo.

-Vai escolhendo o que a gente vai comer enquanto isso!

Continuo olhando o cardápio até perceber alguém se aproximando, provavelmente é algum funcionário.

-Então, já escolheu o que a senhorita deseja? - um homem loiro, de olhos azuis, me questiona.

-Na verdade não... Queria comer algo diferente do tradicional, mas não faço ideia de quê...

-Bom, eu posso te ajudar se quiser!

-Claro! - aceno a cabeça afirmando.

-Eu sinceramente recomendaria os bolinhos de carne, são a especialidade da casa! - ele diz com uma alegria exagerada.

-Pode ser... Só que sem pimenta, por favor! - peço.

-Sem pimenta? Por quê? A vida é muito melhor com um calorzinho de vez em quando... - tento disfarçar minha indignação com a cantada que ele me deu.

-Não, eu prefiro sem mesmo. - rebato séria.

-Que pena, sempre achei que você tem cara de ser apimentada...

-Voltei! - o moreno anuncia, me fazendo calar.

-Ah, boa noite senhor Luan! Não sabia que estava aqui! - o funcionário diz sem jeito.

-Sim, estou! Por quê? Algum incômodo? - ele encara o moço, e sei que já deu pra sacar o que tava rolando aqui.

-Não, nenhum! Com licença, vou pegar os pratos...

Finalmente ficamos a sós, e aí sim pude respirar aliviada, já que meu nariz tampou pelo nervosismo.

-O que ele fez com ocê? - ele me fita profundamente.

-Na... Nada! - gaguejo ainda tentando me recompor.

-Fala Ana Flávia! - meu noivo eleva um pouco o tom de voz.

-Ele só fez uma cantada idiota, nada demais... - respondo num fio de voz ao mesmo tempo que encaro minha barriga.

-Ele não é doido de ter dado em cima da minha noiva! - percebo a alteração de humor dele, e prontamente entrelaço nossas mãos.

-Respira! Se acalma! É normal, é como se fosse mais um fã sem noção! - tento amenizar a situação.

-Pois eu vou fazer ele achar a noção rapidinho! - ele tenta levantar, mas eu impeço.

-Tu não vai fazer nada! Senta aqui do meu lado, respira, e não sai mais, por favor! Vamos evitar confusões, afinal, hoje é dia de comemorar!

-Eu só vou obedecer, porque você me pediu, e porque tô com fome. Se não, ele ia ver!

-A Lili também tá com fome! - mudo de assunto.

-A neném do papai agora precisa comer muito bem! Pra ter energia pra chutar bastante, né minha princesa? - ele faz voz de bebê enquanto encara meu forninho.

-É papai, agora eu tô grandona! Vou chutar muito a mamãe! - respondo no mesmo tom de voz, e um sorriso bobo surge no rosto do poste de estimação.

-Eu daria minha vida por ocês, sem nem pensar duas vezes... - ele olha no fundo dos meus olhos e sinto um arrepio percorrer meu corpo.

-Cred... - me calo rapidamente - Obrigada meu amor! Sei que tu vai defender nós duas sempre!

-Sempre e sempre! Eu amo vocês nessa, e nas próximas vidas que virão!

-A gente também te ama muito meu nego!

Ficamos conversando mais um pouco, acertando alguns últimos detalhes do casamento e rindo com as brincadeiras um do outro.

Até que nosso pedido finalmente chegou, reparo que é o mesmo garçom que veio me atender e meu coração dispara de nervosismo.

-Aqui estão os seus pratos senhores! - ele fala educadamente enquanto nos serve.

-Muito obrigada! - respondo baixinho.

-Eu que agradeço senhorita! - o homem pega minha mão e dá um beijo nela.

Assim que ele faz isso, eu olho pro Luan que já está de pé, com os punhos cerrados e observando a cena.

-Cê perdeu o juízo ou é falta de vergonha na cara? - ele diz praticamente gritando.

-Não sei do que o senhor está falando!

-Não sabe né?! Mas na hora de dar em cima da minha noiva, tu sabia muito bem o que tava falando!

-Eu realmente não faço ideia do que esteja acontecendo aqui, eu estou só trabalhando!

-NÃO PAGA DE SONSO! - ele agarra o garçom pela gola da camisa.

-Você está louco!

-EU VOU TE MOSTRAR A MINHA LOUCURA AGORA!

O meu boiadeiro acerta um soco no rosto do rapaz, e eu prontamente levanto da cadeira, decidida a separar os dois.

-Para Luan Pereira! Para! - peço mas ele apenas me ignora - PARA LUAN!

-Pode ficar tranquila meu amor, eu não vou bater nele não! Eu apenas dei esse soco, pra ver se ele entende o que é respeito!

Antes que eu pudesse evitar, o moço loiro (mesmo com a diferença gigante de altura) coloca os pés sob o peito dele e o joga no chão.

-Cê só não sabia que eu sou faixa preta de karatê garoto!

-O QUE TU FEZ COM ELE? - grito ao mesmo tempo que vejo o sangue se espalhar, já que o moreno bateu a cabeça com força.

-Eu apenas me defendi! Foi ele quem começou!

-CALA A PORRA DA BOCA E VAI CHAMAR A AMBULÂNCIA! AGORA! - peço e sou obedecida.

Me abaixo no chão ao lado dele, e levanto o pescoço com cuidado. Sinto meu estômago revirar enquanto vejo minhas mãos se encharcarem de sangue, mas mesmo assim não ligo.

-Luan! Amor! Acorda! Luan! Pelo amor de Deus, acorda! - falo chacoalhando o corpo dele, na tentativa inútil de acordar.

-ACORDA LUAN! - as lágrimas começam a rolar pelo meu rosto e minha visão embaça.

-A ambulância chega daqui alguns minutos! - uma mulher se aproxima e se abaixa junto comigo.

-O que aconteceu aqui? - o dono do restaurante aparece.

-El... Ele... Só tava tentando me defender, eu juro! Foi só isso! - falo com a voz embargada.

-Morte no meu restaurante não! Vai estragar minha pontuação! - o soluço veio mais forte ao ouvir a palavra morte.

-Ele não vai morrer minha querida! Eu prometo! - a moça segura minha mão com força.

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Eita... Tenso por aqui...

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⏰ Última atualização: Sep 17 ⏰

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