Capitulo 3

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— Ela vai acabar comigo amanhã! Vou fazer papel de ridícula!

Foi tudo o que Beatriz falou o dia inteiro. Alane estava apreensiva. Ela tinha experiência o suficiente para saber que Fernanda não brincava com ameaças e realmente ia fazer o dia de Beatriz um inferno.

— Olha, fica calma Beatriz, ok? Eu vou dar um jeito, você pode ficar com o meu trabalho.

— Mas e a matéria Alane? — a menina perguntou quase chorando. Os olhos levemente arregalados já estavam cheios d'água. Alane mordeu o lábio inferior e tentou sorrir.

— A gente pode estudar juntas, que tal? Sinto muito, ninguém nunca sabe as matérias que Fernanda passa, ela não segue o cronograma da escola, nem da prefeitura.

Beatriz gemeu e deixou a cabeça cair na mesa. Não tinham muita escolha. Era estudar e rezar para um raio partir o carro de Fernanda Bande no caminho da escola.

Assim que chegou em casa, Alane foi direto para o quarto abrir o notebook e mandar as 30 páginas de trabalho para Beatriz. Ela não comentou que ficara quase duas semanas fazendo, Beatriz precisava muito mais do que ela nesse momento. E mesmo que não gostasse, sabia que Fernanda jamais brigaria consigo se deixasse de entregar na data que ela estipulou.

Tomou um banho gelado e desceu para fazer um sanduíche. Nenhum de seus pais estava em casa, muito menos sua irmã. Ela passava quase o dia todo fora e geralmente voltava quando ela já estava pegando no sono. Hoje, por incrível que pareça, ela não ligava para isso.

As próximas horas de seu dia passaram tentando explicar as matérias para Beatriz. Teve que parar umas cinco vezes para acalmar as crises da amiga, se sentindo culpada por não poder fazer nada mais. Ela sabia que Fernanda a comeria viva.

Era quase 2 da manhã quando finalmente adormeceu. Na verdade, as duas dormiram em cima de seus respectivos computadores, exaustas depois de tantas aulas.

Alane fechou os olhos brevemente quando saiu do Uber que havia chamado para ir para a escola. O sol estava forte naquele dia e ela baixou os olhos envergonhada pelos olhares que ela recebeu. Não estava na sua melhor postura, afinal, suas costas doíam pela posição em que adormeceu e seu pescoço queimava terrivelmente.

— Sinto que me atropelaram.

Beatriz reclamou, chegando perto dela com aparência até pior. A garota não se importou sequer de vestir a blusa do lado certo. Alane bocejou, passando os dedos pelos fios emaranhados.

— Vamos entrar e revisar — falou, enganchando o braço com a mais velha, que gemeu de desaprovação.

— Por Deus! Ontem não foi suficiente?

— Bia, acredite em mim, Fernanda não vai ser piedosa com você. Por favor, ok? — a menina não teve escolha senão aceitar e caminhou, derrotada.

Um pouco distante dali, Fernanda observava do lado de fora com reprovação. Alane jamais chegaria na escola daquela forma, afinal a garota sempre fazia algum delineado super elaborado. Parecia que sequer havia penteado os cabelos. Suspirou e balançou a cabeça. Teria que se livrar dela bem rápido, ou a reputação de Alane ficaria pior do que já estava.

— Eu não acredito que você me fez passar no refeitório Beatriz! — Alane reclamou, olhando para seu caderno cheio de farelos de biscoito. — A aula começa já!

— Amiga, sem querer desmerecer seu esforço, mas eu já aceitei minha morte. Por que deixar de ter minha última refeição? Se estamos no inferno, vamos abraçar o capeta.

Alane respirou fundo, negando com a cabeça e tentando limpar os minúsculos farelos amarelos do biscoito de Beatriz que comia despreocupada.

— Olá, posso ajudar vocês?

Beatriz e Alane levantam a cabeça. Parada na frente delas, estava uma garota com sorriso gentil. Ela tinha longos cabelos castanho escuro bem hidratados, lábios rosados e olhos verdes que mudavam de cor dependendo da iluminação. Ela poderia facilmente ir para um concurso de beleza e levar o prêmio de mais bonita da cidade.

— Hm, se quiser. Alane Dias ou só Alane. Esta é Beatriz Reis, pode chama-la de Bia.

— Vanessa Lopes, muito prazer.

Ela sorriu e seus olhos quase desapareceram. Beatriz ainda olhava abestalhada, afinal quem não olharia? Vanessa era simplesmente linda. Ela ajudou Alane a limpar seu caderno e tirou da mochila um pacote de lenços umedecidos para limpar as mãos, dando um deles para Alane.

— Muito obrigada Vanessa, você é muito gentil. — ela sorriu novamente e balançou a cabeça.

— Não foi nada.

— Quer se sentar conosco, Vanessa? — o sorriso dela aumentou ainda mais e a postura relaxou.

— Muito obrigada!

Tomando o lugar na frente dela, Vanessa arrumou rapidamente suas coisas na mesa e virou para trás, pronta para conversar animadamente com Alane e Beatriz.

Algum tempo depois, a sala foi preenchida com a presença sufocante de Fernanda. A professora imediatamente ergueu as sobrancelhas e ficou impossivelmente séria ao ver as três garotas conversando animadas. Suas mãos se fecharam em punhos. Será possível que ela não teria um dia de paz?

Ouvindo o silêncio da sala, as três se viraram. O rosto de seu mais novo problema estava franzindo em confusão, já Alane parecia receosa e Beatriz estava definitivamente com medo. Fernanda resolveu aproveitar desta última para mostrar para o seu novo problema como as coisas funcionavam.

— Muito bem. — falou em alto e bom som. — Vamos começar a aula. — seus olhos transmitiam diversão quando se inclinou na mesa. — Senhorita Reis, pode vir até o centro da sala.

teacher's pet ୨ ִ ۫ ⋆ . ferlane.Onde histórias criam vida. Descubra agora