Capítulo 1

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A fachada da escola era sempre limpa e impecável. Alane gostava de reparar nela, dava uma sensação de paz e aliviava o nervoso que sentia sempre que chegava na escola. Mordeu a ponta dos dedos e começou a caminhar de cabeça baixa, sabendo que várias pessoas lhe olhavam e cochichavam.

Ela dava graças a Deus que não tinha aulas com Fernanda nos dias de hoje, mas parecia karma que ela lhe desse aula seis vezes na semana. Além de ser amiga da diretora, Fernanda era formada em matemática, física e inglês. E consequentemente dava todas essas matérias para o segundo ano.

Passou direto por todos os alunos e foi caminhando desanimada para a sala de aula. Os alunos não falaram com ela, diziam que era a favorita da professora. Alane não tinha culpa, e a chateava que ficasse sozinha pela escola simplesmente porque Fernanda havia decidido que não ia tratá-la como se fosse um animal nojento igual fazia com todos os outros alunos. Ajeitou a mochila e caiu surpresa no chão ao esbarrar em alguém.

— Mil Perdões! — pediu, ajudando a aluna se levantar.

— Tudo be- Alane!?

Confusa, a garota levantou a cabeça e arregalou os olhos quando viu quem era.

— Beatriz!

A menina lhe abraçou alegremente. As duas se conheciam desde pequenas, mas perderam contanto quando Beatriz foi para São Paulo. Beatriz era uma das poucas amigas que tinha, na verdade, era a única.

— Eu não acredito! Quanto tempo! — a garota mais velha se separou para lhe encarar e sorrir largo — Não acredito que viemos para mesma escola.

— Eu... estou tão surpresa quanto você. — deu aquele sorriso que fazia seus olhos sumirem — Também está no segundo ano?

— Sim. — a garota revirou os olhos — Tive que ficar um ano sem estudar quando meus pais se mudaram para São Paulo.

— Poxa, que chato. — Alane comentou verdadeiramente triste, afinal, Beatriz era sua amiga. Ou pelo menos ela ainda esperava que fosse.

Alane riu e balançou a cabeça, negando. Ela levantou os olhos, apenas para os arregalar e parar de rir com a imagem de Fernanda no final do corredor. Ela não parecia nada feliz, com os olhos fixos em Beatriz e Alane, que ainda estavam abraçadas pela cintura. Mais parecia uma estátua, já que nem parecia respirar, apenas mantinha os olhares congelantes nas meninas. Engolindo em seco, Alane se afastou e abaixou a cabeça. Beatriz lhe encarou confusa e se virou para ver o que tinha lhe chamado atenção, franzindo o cenho.

— Quem é ela? — perguntou, virando totalmente para encarar Fernanda sem um pingo de medo no rosto, fazendo a professora arquear as sobrancelhas.

— F-Fernanda Bande, nossa professora de matemática, física e inglês.

— O Diabo de Niterói? — ela perguntou sem tirar o olho da carioca, mas Alane lhe encarou confusa.

— Como?

— Quando eu estava na sala da diretora uma aluna estava gritando na secretaria sobre a tal 'Diabo de Niterói' ter lhe dado uma nota baixa por algo estúpido. Yasmin não parecia surpresa. — ela deu de ombros.

— A senhora Brunet e ela são amigas — engoliu em seco e forçou um sorriso, pegando no braço de Beatriz. Os olhos de Fernanda imediatamente seguiram o movimento. — Qual sua sala?

— 067, segundo ano B. E a sua?

— Estamos juntas — sorriu, causando um suspiro de alívio em Beatriz. — Vem, vamos indo. Logo mais é aula de história.

As meninas deram os braços e foram andando até a escada, sob o olhar atento de Fernanda. Mesmo tentando sorrir com a tagarelice de Beatriz, Alane sabia que iria causar problemas para amiga apenas pela a cara que a professora fez quando a viu juntas.

teacher's pet ୨ ִ ۫ ⋆ . ferlane.Onde histórias criam vida. Descubra agora