Vinte e Quatro

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Giovanna Meneses
📍rio de janeiro, barra da tijuca
📆 21 de outubro de 2023

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A noite se foi e depois veio o dia seguinte. Não fui trabalhar, eu não tinha disposição depois de ter passado o que passei ontem. Fiquei na cama até as dez da manhã, e só levantei para tomar banho e escovar os dentes. Léo dormiu aqui, e saiu a algumas horas atrás pra comprar café da manhã. Agora, estou sentada próximo à janela da sala de casa, observando os carros na rua lá embaixo.

Foi a primeira noite, que no famigerado dia vinte, dormi confortável e bem. Leonardo foi super compreensível, educado e generoso; sentiu a necessidade de ficar mesmo que eu tenha pedido pra ele ir pra casa, sentiu que deveria preparar um jantar reforçado já que eu não tinha comigo nada, e sentiu a necessidade de assistir alguns filmes do Adan Stendler comigo. Ele melhorou o pior dia da minha vida.

Não chorei mais depois daquilo, mas também não posso disfarçar que não consegui deixar a dor no dia de ontem. Hoje, ela ainda está aqui, e dói como se tivesse acabado de acontecer. Me pergunto se estou, em apenas algumas horas, aceitando o luto e tentando superar; me pergunto se só não estou me punido, por ter quebrado o sofrimento ao meio, e não ter deixado ele vir por completo.

— Bom dia. — A voz conhecida me tirou do transe, e olhei para a porta. Uma Yazi sorridente e esbaforida me olhava com sacolas de supermercado nas mãos.

— Menina, ficou sabendo que o elevador tá quebrado? — Henrique reclamam entrando logo em seguida, também com várias sacolas.

— Vocês não aguentam alguns lances de esboçadas, não quero nem pensar o que fariam se tivessem que correr o Maracanã inteiro por 90 minutos. — Léo entra em seguida, como se tivesse acabado de fazer um cardio super satisfatório.

Dou risada da breve discussão deles, onde Yazi diz que Léo está acostumado e é dever dele correr o Maracanã para dar alegria a nação — não sabia que ela era tão ligada em futebol assim —; um Henrique reclamando de um suor imaginário e Léo falando que aquilo é fichinha. Quando permaneci em silêncio, os três me jogaram em busca de alguma respostas, mas tive vontade de chorar só por tê-los ali, mas chega de chororô.

— Ué, querem que eu diga o que? — Pergunto, com a voz lotada de sarcasmo. — Vocês são dois sedentários e você realmente tem a obrigação de correr o Maracanã inteiro. — Dou de ombros e Léo vem em minha direção.

— Oi amor. — Me beija ao se inclinar, e sorrio em seguida.

— Então, o que os dois chaveirinhos da maldade estão fazendo aqui? — Pergunto, cruzando os braços, assim que Léo volta a cozinha.

— Nossa, sempre um doce de limão né Giovanna?! — Henrique revira os olhos.

— O loiro copacabana quem convidou para o café da manhã. — Yazi responde mas encaro o relógio na parede.

— Vamos almoçar café da manhã? — Indago e ele nega.

— Não, eu percebi que ficou tarde pra isso, então vou fazer um almoço pra gente. — Sorriu para mim e inclinei a cabeça para o lado. Ainda bem que sei que o pé dele é feio, se não eu me assustaria com tanta perfeição.

— Acho que acertei na loteria. — Me gabei e meus amigos bufam alto demais. — Aliás, você não tem treino hoje? — Pergunto.

𝐈𝐆𝐔𝐀𝐑𝐈𝐀 ━━ Leo PereiraOnde histórias criam vida. Descubra agora