Amelie Phoenix
A ressaca havia passado, mas minha visão ainda estava meio turva. Estava sentada no meu sofá laranja, era sábado. Eu assistia "Tal mãe, tal filha" na minha televisão suspensa. A Rory me lembrava Eliza. Mas eu não gostava da Rory, ela foi burra demais.
Assim que sento no sofá, escuto vibrações vindo do apartamento vizinho novamente. Aqueles caras deviam ter formigas dentro das roupas. Eu não conseguia saber que música era, mas não era a que eu tinha escutado antes. O solo de guitarra era incrível, mas já estava me dando nos nervos. Já tinha decorado a outra música de tantas vezes que eles tocaram de madrugada. Era algo meio "I've faced my fears and let them go, but I'm never ready to face the unknown." mas, ao mesmo tempo, meio rock.
O Início da melodia parecia "Pretty When You Cry" da Lana. Eu gostava dessa música. Naquela hora, eu parei o seriado e peguei meu caderno de desenho e comecei a rabiscar o que eu sentia. A voz melódica do rapaz do apartamento do lado era bonita e me deixava inspirada.
O lápis afiado desenhava uma estátua de uma noiva com a mão segurando o véu enquanto ele liberava seu rosto fino e triste. Aquela mulher do desenho não estava satisfeita. Sempre que eu desenhava, eu criava uma história para o personagem.
O nome dessa era Malina, ela era uma menina rica que havia sido forçada a se casar com um homem mais velho para manter a linhagem e o dinheiro da família. Seu casamento era em uma sexta-feira treze. Seu vestido era o mesmo que sua avó tinha usado quando havia debutado em mil novecentos e vinte e sete.
O cheiro do perfume dela era muito doce, totalmente diferente do que o seu noivo usava, ele tinha um cheiro forte bem masculino e isso incomodava a menina.
Então eu saio do meu transe quando escuto gritos abafados da residência ao lado da minha.
— Seus imprestáveis! Você, principalmente! Totalmente desafinado, Mateo! — Era uma voz grave, entretanto melódica, deveria ser o cara que cantava posteriormente.
Eu pauso o seriado e escuto os passos fortes que eram dados, era como se eles estivessem girando entre si. Um deles, o que tinha a voz mais grossa, era como um globo de luz em uma discoteca.
As paredes eram finas, então eu escutava toda vez que eles abriam a boca.
— Você está exagerando, Logan! Estamos ensaiando sem parar desde ontem a noite, o que houve? — Essa voz era diferente, era mais suave.
Então os passos ficam mais próximos e os passos agora são no corredor, então, um tapa.
Eu até pensei em ficar parada escutando, mas não gostava de ver pessoas brigando porque me lembra a época do hospital.
Certa vez, eu vi um casal brigando pela guarda da filha que morria de câncer na frente deles. Era cruel ver que os humanos se preocupam mais na sua própria egocentrismo do que nos filhos. Adultos sempre querem o melhor, mas nunca querem a gente melhor que eles. A vida não é justa, nem para os reis e nem para os pobres, aliás todos têm o mesmo inimigo, a morte.
Então eu abro a porta e Alasca bem aos meus pés me acompanha. Vejo três rostos conhecidos que fazem meu rosto ficar meio vermelho, era a Ret'Land. A bebida de ontem fez com que eu não reconhecesse eles, mas agora, eu estava sóbria e cara a cara com os membros da banda.
O homem que abriu a porta para mim ontem era ninguém menos que Logan Aveline. Agora, ele estava meio suado, o que não deixava muito atraente, mas os olhos dele fixaram nos meus.
— O que você quer? A sua porta está aberta agora.
Então, um loiro que era ninguém menos que Austin Medrant riu.
— Eu lembro de você, é a bêbada de ontem! Vai pedir para a gente não brigar agora?
Ele ganhou um tapinha de um homem escorado na porta com os óculos redondos, Mateo Calisto.
Eu sabia poucas coisas sobre a banda, só nome e o refrão de músicas, mas a fama deles era surreal, me pergunto como ninguém nunca descobriu esse apartamento. Eles haviam lançado apenas dois álbuns, o Drowned e o Vampire.
— Foi mal, gatinha, mas nós não temos remédio para ressaca. — Logan disse.
Mateo olhou para ele, serrando os olhos.
— Talvez ela queira um autógrafo?
Eu poderia pedir um autógrafo, mas não daria esse gostinho a eles.
— Vocês são a Ret'Land? - Eu estava muito animada, mas tentei me acalmar.
— Rit'Land.
Eu me perguntei se "rit'" vinha de ritmo.
Vejo Alasca andar até os pés de Logan, e ele pega minha gata no colo. A gata que mordia Pandora não mordeu Logan Aveline. Talvez ela gostasse de rock.
Mateo chegou mais perto de Logan e da Alasca e fez carinha da cabeça dela.
— A gata dela parece com a do Nathaniel, né?
— Parece.
Eu olhei para eles meio desconfiada. Quem raios é Nathaniel?
— Pode devolver ela?
Austin olhou para o resto da banda e, após, encarou com curiosidade.
— Não vamos roubar sua gata, mas seria legal se ela entrasse no apartamento do Logan e comesse o peixe dele.
Uma risadinha escapou dos meus lábios.
Logan me olhou e depois entregou minha gata. Fiquei satisfeita.
— Toma sua gatinha.
— Obrigada.
Eu entrei e fechei a porta. Joguei a cabeça na porta e ri para mim mesma. Sentei-me na sala e abri o laptop para escutar as músicas famosinhas deles. Eram boas, mas eu ainda preferia minha velha e boa, Taylor Swift.
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Rit'Land
RomanceDepois de uma noite caótica, Amelie Phoenix, uma artista plástica com sonhos grandes e contas maiores, dá de cara (literalmente) com seu misterioso vizinho. O que ela não esperava era descobrir, no dia seguinte, que ele é Logan Aveline, o vocalista...