Logan Aveline
O álbum havia estourado, haviam videos das músicas e análises mas, isso não importava agora. A noite arrastava-se pesada sobre mim, um manto de suor e tremores que denunciava o início de uma batalha perdida. Faltava apenas um dia para a tão esperada turnê, e ali estava eu, mergulhado em um pesadelo que parecia não ter fim. Talvez tenha sido a maldita bebida da noite passada, mas o suor e os tremores repentinos eram sinais inconfundíveis da Necrose Progressiva Celular (Progressive Cellular Necrosis/PCN).
Lágrimas escorriam involuntariamente pelo meu rosto, testemunhas silenciosas da agonia que me consumia por dentro. Minhas células morriam mais rápido do que deveriam, enquanto as bactérias se alimentavam vorazmente de mim. Maldita doença.
Cada esforço parecia em vão, cada tratamento uma roleta russa com minha própria vida. A ideia de cirurgia me assombrava, uma fobia enraizada desde a infância. Meu pai, drogado e descontrolado, uma seringa... Eu tinha apenas quatro anos. Eventos traumáticos como esse não se apagam da memória.
Nossa casa em Chicago, uma fachada de amor falso em meio a um oceano de hipocrisia. Uma casa azul no mar de brancura ao redor. Éramos uma mentira ambulante.
A respiração tornava-se um desafio, a dor era onipresente. Eu deveria ter ido até Amelie, mas alguma parte de mim se recusava a encará-la.
Eram cinco da manhã quando me arrastei para fora do apartamento e montei minha moto vermelha. Precisava de um momento de paz, um respiro em meio ao caos. Pilotar era minha válvula de escape, minha terapia em duas rodas. Talvez devesse ter sido piloto, assim pelo menos poderia ter enfrentado a morte em um acidente, antes de ser consumido por essa doença maldita.
A música, a escrita, eram minhas paixões, mas pilotar... Pilotar me levava para longe, para qualquer lugar, a qualquer momento. Eu fazia o que queria, onde queria.
Austin preocupava-se com minha imprudência, enquanto Mateo insistia que eu deveria aproveitar cada momento que me restava. Dois lados de uma moeda, cada um puxando-me em direções opostas, deixando-me perdido em um mar de indecisão e medo. Mas na estrada, na solidão do asfalto, eu encontrava um breve alívio, um breve vislumbre de liberdade em meio à escuridão que se aproximava.
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Rit'Land
Roman d'amourApós uma noite de festa e excessos, Amelie Phoenix, uma jovem artista plástica, encontra-se em uma situação inusitada ao bater a cabeça na porta do seu misterioso vizinho. O encontro é marcado por um desentendimento embriagado, onde ele a ajuda abri...