Capítulo 24 - Não me lembro

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Bom domingo e boa leitura!!
Não morram de agonia
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Quando acordo, vejo que estou em meu quarto, deitada ao lado de Rose. Em seu rosto, uma expressão de alívio; nos pensamentos, só preocupação.

— Bom-dia! — ela diz sorrindo. —Você deve ter tido um fim de semana daqueles, hem?

Ainda sonolenta, olho antes para ela e, depois, para as horas no despertador. Salto da cama, apressada.

— Tudo bem com você? — Rose vem atrás de mim. — Ontem à noite, quando cheguei, você já estava dormindo. Não está doente, está?

Vou para o chuveiro, sem saber o que responder. Sei que não estou doente, mas nem imagino como pude dormir tanto.

— Quer me contar algo? — pergunta Rose, à porta do banheiro. —Algo que eu deva saber?

Fecho os olhos e relembro o fim de semana: a praia, Evangeline, Toni preparando o jantar e dormindo aqui em casa, o café da manhã no domingo.

— Não... não aconteceu nada — respondo finalmente.

— Então é melhor você se apressar, senão vai se atrasar para a escola. Tem certeza de que está bem?

— Tenho — digo, num tom firme de voz, com o máximo de segurança que consigo produzir. Abro as torneiras e, sem ter certeza se menti ou falei verdade para Rose, entro na ducha.

Durante todo o caminho até a escola Kevin não fala de outro assunto que não seja Chic. Sem deixar de fora detalhe algum, conta toda a história do término deles na noite de domingo, via torpedos, e tenta me convencer de que não está nem aí, de que nem se

lembra mais do garoto, o que prova justamente o contrário.

— Você nem está me ouvindo, né? — esbraveja.

— Claro que estou — respondo entredentes, parando num sinal vermelho a um quarteirão da escola e pela enésima vez relembrando todos os acontecimentos de meu fim de semana, que mais uma vez termina no café da manhã. Por mais que eu tente, não consigo me lembrar de nada que tenha acontecido depois.

— Não é o que parece — devolve Kevin, e vira o rosto para a janela. — Quer dizer, se eu estiver amolando, é só falar. Porque uma coisa é certa: pra mim, esse Chic nem existe mais. Já lhe contei daquela vez em que ele...

— Kevin, você falou com a Betty nesse fim de semana? — pergunto, rapidamente olhando para ele antes de o sinal abrir, estranhando o pavor que senti só de mencionar o nome dela.

Kevin faz que não com a cabeça.

— E você? — pergunta ele.

— Acho que não — digo, e arranco com o carro.

— Você acha? — Ele arregala os olhos, mexendo-se no banco.

— Não desde sexta-feira, pelo menos.

Entro no estacionamento, e meu coração dá um salto triplo quando vejo Toni no mesmo lugar de sempre, recostada no BMW, esperando por mim.

— Bem, pelo menos um de nós ainda tem uma chance de viver feliz para todo o sempre — diz Kevin, que acena para Toni, que vem para meu lado com uma tulipa vermelha nas mãos.

— Bom-dia! — ela diz sorrindo, entrega-me a flor e beija meu rosto.

Resmungo qualquer frase sem sentido e sigo para o portão. O sinal toca a meio caminho: Kevin sai correndo para sua sala e Toni me puxa pela mão até a aula de inglês.

para sempre - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora