Capítulo 30 - Doce ou Travessura?

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O capítulo de hoje vai explicar muitas coisas, então, preparem-se.
Boa leitura e não esqueçam de curtir blz? Valeu
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Sei que devo correr, gritar, fazer alguma coisa. No entanto, não consigo sair do lugar, os chinelos de borracha pregados ao chão como se tivessem criado raízes. E mantenho os olhos grudados em Peaches, perguntando-me não só como vim parar aqui mas também o que a garota terá em mente.

- O amor é uma grande cilada, não acha? - Sorrindo, com a cabeça inclinada para o lado, ela me olha de cima a baixo.-Justo quando você encontra a mulher de seus sonhos, uma garota que parece boa demais pra ser verdade, você descobre, de uma hora pra outra, que ela é mesmo boa demais pra ser verdade! Pelo menos, pra você. E dali a pouco se vê sozinha, arrasada e, vamos combinar, chapada a maior parte do tempo. Mas devo confessar: me diverti muito acompanhando essa sua derrocada para o mundo dos vícios juvenis. Tão previsível, tão... clichê. Entende? Uma mentirinha aqui, outra ali, os pequenos furtos, as portas trancadas... Toda a sua energia direcionada para descolar uma birita. O que facilitou, e muito, minha vida. Pois a cada gole que dava você enfraquecia suas defesas. Bloqueava os estímulos externos, tudo bem, mas também ficava mais vulnerável, mais aberta, mais fácil de manipular. - Ela aperta meu braço, as unhas afiadas cravadas em meu pulso, e me puxa para perto. Tento me desvencilhar, mas não consigo. Peaches é monstruosamente forte.

- Ah!, os mortais. - Ela contrai os lábios. - Alvos sempre tão fáceis! Adoro brincar com vocês! Por acaso você acha que montei todo este circo pra nada? Claro, poderia ter optado por algo mais simples. Poxa, se quisesse, teria acabado com você lá em seu quarto, quando ainda estava preparando o terreno. Teria sido bem mais rápido e menos trabalhoso.

Por outro lado, nem de perto seria tão divertido. Pra nós duas, não acha?

Com os olhos ainda cravados em Peaches, não posso deixar de notar a perfeição do rosto dela, o corte igualmente perfeito dos cabelos e do vestido de seda preta, justo e solto nos lugares certos, tudo isso acentuando uma beleza de tirar o fôlego. E quando ela corre a mão pelos cabelos negros, vejo o uróboro tatuado no pulso, que some um segundo depois, no tempo em que pisquei os olhos.

- Então, vejamos. Você achou que era a Toni quem a estava chamando aqui, convocando sua presença, contra sua vontade. Sinto muito decepcioná-la, Cheryl, mas sou eu quem está por trás de tudo isso, de toda essa encenação. Simplesmente adoro o dia 21 de dezembro, você não? O solstício de inverno, a noite mais longa do ano, com todos aqueles góticos ridículos festejando num cânion qualquer. - Ela faz que não está nem aí, seus elegantes ombros subindo e descendo, revelando o uróboro ora sim, ora não. - Desculpe se fui teatral demais. Mas é isso que torna a vida mais interessante, concorda comigo?

Novamente tento me desvencilhar, mas Peaches crava as unhas ainda mais fundo, por pouco não tirando sangue de meu braço.

- Digamos que eu decidisse soltá-la - ela continua. - O que você faria? Fugiria de mim? Sou muito mais rápida. Gritaria por sua amiga? Ops, não vai dar. Betty nem está aqui. Parece que mandei sua amiga pra festa errada, no cânion errado. Neste exato momento, está andando de um lado pro outro feito uma barata tonta, procurando por mim no meio daquela multidão de pretensos vampiros! - Ela ri. - Achei que você gostaria de um encontro mais íntimo. - Ela de novo olha para mim de cima a baixo. - Hoje você é minha convidada de honra.

- O que você quer de mim? - pergunto, cerrando os dentes de tanta dor quando Peaches aumenta a pressão contra meu braço, ameaçando reduzir meus ossos a pó.

- Não me apresse - ela retruca, as pálpebras apertadas sobre os magníficos olhos castanhos que me encaram. - Tudo a seu tempo. Onde estávamos mesmo? Antes de você cometer a grosseria de me interromper? Ah, sim, falávamos de você, de como veio parar aqui, de como as coisas não aconteceram do modo que imaginava. Mas na vida nada é o
que imaginamos, certo? Nunca foi. E receio que nunca será. Veja bem, Toni e eu nos conhecemos há muito tempo. Há muito, muito, muito tempo. E, no entanto, apesar de todos esses anos juntos, apesar de nossa longevidade, você sempre dá um jeito de se colocar em nosso caminho.

para sempre - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora