Capítulo 14 - Fim de Festa

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VOLTEIIIIIII

ME PERDOEEM A DEMORA

VAMO QUE VAMO 


A festa já acabara havia muito tempo, todos os convidados já tinham ido embora, quando, deitada em minha cama, fiquei pensando em Verônica, no que ela dissera sobre James estar preso por aqui, em como eu era culpada por isso. Sempre achei que meu irmão já tivesse seguido em frente e viesse me visitar por vontade própria. Porque, tipo assim, não sou eu quem a convida para vir me ver: é ele que aparece, quando bem entende. E quando não está comigo... bem, provavelmente fica batendo perna em algum lugar do Céu. Sei que Verônica só está querendo ajudar, como uma espécie de irmã mais velha mediúnica, mas o que ela não percebe é que não quero ser ajudada; que mesmo que eu deseje voltar a ser uma garota normal e levar a vida que eu levava antes, compreendo também que tudo isso faz parte de meu castigo. Esse dom terrível é o que mereço por todo o mal que causei, pelas vidas que interrompi. Agora só me resta aceitar isso — e fazer o possível para não prejudicar mais ninguém.

Quando, enfim, caí no sono, sonhei com Toni. Um sonho tão forte, tão intenso e tão movimentado que parecia real. De manhã, no entanto, só restavam fragmentos desse sonho, imagens fugidias, sem pé nem cabeça. A única lembrança clara era de nós dois correndo por um vale gelado, varrido pelo vento — na direção de algo que eu não podia ver muito bem.

— Que deu em você hoje? Por que tanto mau humor? — pergunta James, empoleirado na beira de minha cama, vestindo uma fantasia de Zorro idêntica à que Chic usou na festa.

— O Halloween já acabou, sabia? — digo, olhando para o chicote que ele bate contra o chão.

— Dã. — James faz uma careta e continua a açoitar o carpete. — Gostei da fantasia, e daí? Acho que vou me vestir assim todos os dias.

Diante do espelho, coloco os dois pequenos brincos de brilhante que sempre uso e prendo os cabelos num rabo de cavalo.

— Não acredito que você vai continuar se vestindo assim — observa James, torcendo o nariz de desgosto. — Achei que tivesse descolado uma namorada. — Ele larga o chicote, pega meu iPod e começa a bisbilhotar quais músicas estão gravadas.

Olho para trás, perguntando-me o que exatamente ele tinha visto.

— Alô-ou? Na festa? Na piscina? Ou será que você estava só ficando? Arregalo os olhos, mais vermelha que um tomate.

— O que você sabe sobre ficar, garoto? Só tem doze anos! E que história é essa de me espionar?

Ele revira os olhos e diz:

— Me poupe, vai. Como se eu fosse perder meu tempo espionando você quando tenho coisa muito melhor pra ver. Pra sua informação, apenas cheguei na piscina exatamente na hora em que você estava empurrando a língua pra dentro da garganta da Toni. Preferia mil vezes não ter visto aquilo, pode acreditar.

Balanço a cabeça e abro a gaveta da cômoda, transferindo minha irritação com James para os moletons lá dentro.

— Bem, sinto muito decepcioná-lo, mas a garota não é minha namorada porcaria nenhuma. Nem falei com ela desde... — digo, odiando os embrulhos que sinto no estômago. Depois, pego um moletom cinza e visto pela cabeça, destruindo completamente o rabo de cavalo que acabei de fazer.

— Posso espioná-la se você quiser. Ou assombrá-la! — Ele ri.

Olho para James e exalo um suspiro. A ideia até que não é má; por outro lado, sei que preciso tocar minha vida adiante, virar a página e esquecer tudo o que aconteceu.

para sempre - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora