Tenha uma boa leitura!
PRÓLOGO
☇ CASTIDADE.🌹
Querido diário,
hoje fazem seis meses desde que minha vida e a de minha família mudou bruscamente, seis meses que eu não consigo dar um sorriso e dizer "eu estou bem", seis meses que meu pai voltou ao seu antigo vício de beber para esquecer seus problemas, seis meses que minha irmã não sai de casa para ver o pôr do sol, seis meses que você se foi, mãe.Sua partida abriu novamente as cicatrizes que tínhamos. Asheville não é tão alegre como antes, mesmo que tudo esteja como há seis meses, não é mais o mesmo lugar reconfortante. Aqui costumava ser meu lar, mas sem você, se tornou uma prisão de sofrimento, dor e angústia.
Eu passo pelo corredor do seu quarto correndo, tenho medo de olhar e ver tudo vazio. Você não está mais sentada na penteadeira se maquiando para uma de suas sessões de fotos, não está mais na cama penteando o cabelo de Rhea enquanto ela diz como foi seu dia no colégio e papai; ele não está mais na porta do banheiro sorrindo enquanto te observa distraída.
Quase todos os dias, eu acordo do mesmo pesadelo; o que você se foi, então eu choro, choro sabendo que o pesadelo se tornou realidade, certa vez; eu acordei gritando, chamando por você, mas não foi você que abriu a porta, foi o papai. Ele correu até mim e me abraçou forte, enquanto eu continuava desmoronado em seus braços.
Ele não estava mais dormindo no quarto de vocês, ele evitava ao máximo pisar lá. Uma vez, eu o vi ajoelhado diante do quarto, as mãos dele cobriam o rosto enquanto ele chorava. A única coisa que eu conseguia ouvi-lo murmurar em meio às lágrimas era: "Mabel". Ele chamava por você, mãe, como se você pudesse aparecer e tirar aquela dor dele.
Rhea.
Ela não tem mais expressão no rosto; a única coisa que consigo ver em seus olhos é a dor. Ela emagreceu tanto, sou eu quem dá comida para ela. Sempre que termina de mastigar, vejo seus olhos com lágrimas. Ela está tão quebrada. Agora sou eu quem penteia seu cabelo depois do banho, banho que ela nem faz mais questão de tomar se eu não der.
Ela passa a maior parte do tempo em seu quarto, não vai mais à escola. Não quis ver nenhuma de suas amigas que vieram atrás dela preocupadas. Ela nem consegue olhar no rosto do nosso pai. Quando perguntei o motivo disso, ela contou: "Ela queria passar o Natal com a família, mas ele insistiu para ela ir viajar. Se ela tivesse ficado, ela estaria viva." Então Rhea chorou, eu chorei escutando as palavras dela e sabia que meu pai ouvia tudo enquanto estava atrás da porta.
Sabe o que odiei? Ver seu rosto estampado ao redor do mundo, ver manchetes falando sobre sua morte, desconhecidos batendo na nossa porta perguntando sobre como estávamos lidando com tudo isso. Era tão humilhante ver que não ligavam para você, para nossos sentimentos. Eles apenas queriam o reconhecimento que tanto almejavam.
Duas semanas atrás, Carson bateu na porta do meu quarto e disse que estava pensando em ir embora de Asheville. Eu apenas concordei com a cabeça, não fiz perguntas, mas sabia que ele estava fazendo isso por sua causa.
Rhea não gostou da ideia, berrou com ele, dizendo que você estava aqui, que não iria sair daqui sem você. Pela primeira vez, papai retrucou e os dois brigaram.
Iríamos morar na sua cidade natal. Não queria conhecer o lugar onde você cresceu e viveu dessa maneira. Queria ir para Outer Banks com você, não nessa situação terrível.
Há algo que eu não entendo. Se meu pai não quer pensar em você, por que ir para o lugar onde vocês dois cresceram juntos e se apaixonaram? Bom, eu não tenho coragem de perguntar isso para ele.
Vamos recomeçar, mas mesmo assim sinto que uma parte de mim estará faltando. Sinto que estou apenas respirando, não vivendo a vida que desejo. Isso vai passar algum dia? Vou finalmente sentir que não sou apenas uma alma vagando pela terra?
Desejo que, com o tempo, as coisas mudem. Quero ver Rhea conseguir olhar para o nosso pai sem culpá-lo, que ela volte a sorrir e volte ao que era antes. Que Carson não fique mais bebendo para tirar a dor do peito por milésimos segundos. E eu, quero reencontrar a felicidade.
Ergo meu olhar para o túmulo à minha frente, havia algumas flores sobre ele, tampando o nome de minha mãe. Suspiro, fecho o diário e o coloco dentro da bolsa. Me levanto da grama e caminho até o túmulo.
Tiro as flores de cima e consigo visualizar as palavras à minha frente.
EM MEMÓRIA
Mabel Thompson
12/08/1984 - 24/12/2019Toco as letras com cuidado, como se elas pudessem sentir a pressão do meu toque.
— Está sendo um ano complicado. — Umedeço os lábios, sentindo as lágrimas quererem aparecer.
Vinha ao cemitério com frequência, a sensação sempre era a mesma, o sentimento de tristeza nunca mudava. Achei que diminuiria com o tempo, mas percebi que estava totalmente errada.
A dor sempre estaria ali, me rondando.
— É a última vez que venho aqui, mãe. — Sussurro sem esperar uma resposta. — Estou indo embora de Asheville amanhã. Tenho medo de como as coisas podem ser daqui pra frente. Vou me certificar de que cuidem bem do seu túmulo, ok?
Levanto-me com a bolsa no ombro e dou uma última olhada para esse lugar. Havia começado a passar mais tempo nesse lugar do que na minha própria casa, e eu sabia que isso me afetava.
— Adeus, mãe. — É a última coisa que digo antes de sair daquele lugar, sem olhar para trás.
✗ - O que acharam do prólogo? Achei fundamental vocês saberem como a família está lidando com o luto, todos eles, infelizmente, estão muito perdidos agora.
✗ - Quero que o próximo capítulo esteja bem elaborado para vocês. Gosto de escrever com calma e ativar minha criatividade.
✗ - Não esqueçam de votar! ☆★
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐓𝐎 𝐌𝐘 𝐊𝐍𝐄𝐄𝐒, RAFE CAMERON
Random[𝐃𝐀𝐑𝐊 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄] 𝐇𝐀𝐃𝐀𝐒𝐒𝐀 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐏𝐒𝐎𝐍 sempre foi especialista em evitar confusões; desde a infância, foi ensinada a se comportar, a manter-se à altura das expectativas da sociedade; ela conhecia bem as regras de etiqueta, os limi...