Capítulo 11. Exorcizar

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   Voltei para casa naquele mesmo dia, era difícil voltar sozinha, só naquele momento percebi que não via mais maldições sem que estivesse procurando por uma. A escola Jujutsu tinha algum tipo de controle sobre isso, eram poucas maldições que apareciam sem motivo. Mas me lembro de conjurar uma, sem saber como nem quando, eu apenas fiz.

— Olha só pra você, está tão linda. Mudar de escola te fez bem. — Minha mãe dizia na mesa, enquanto me servia algo para jantar.

— Fico feliz que tenha se lembrado dos seus pais, que tenha voltado para nos ver. — Meu pai disse, afirmei e estiquei os lábios.

— Quanto tempo vai ficar? Dois dias? Uma semana? É melhor não ficar muito tempo para não perder sua vaga. — Minha mãe dizia como alguém que realmente parecia se preocupar.

Naquele momento não sabia se ela estava sendo sincera, os meus pais aprenderam a mentir com o tempo para que eu não ficasse tão mal com o meu jeito peculiar.

— Eu não vou ficar muito tempo, na verdade nos deram esses dias para visitar. — Menti, era o mínimo que podia fazer para não os decepcionar.

— Nesse caso pode ficar no seu quarto, ele está do jeitinho que deixou quando saiu. — Ela disse orgulhosa, afinal quem seria corajoso para arrumar o quarto de uma garota assustadora como eu?

— Obrigada mãe. Acho que vou tentar descansar um pouco, foi um longo dia. — Expliquei, deixei a mesa e fui até o meu quarto.

Meu medo agora era de que Aoi tomasse o controle e fizesse algo contra a vida dos meus pais. Por isso me deitei, mas não fechei os olhos nem por um segundo. Fiquei pensando em Megumi, em como não tive tempo de me explicar. Nobara, havia a deixado irritada e saí sem nem me despedir. Mas Itadori, ele sabia exatamente o que estava acontecendo, por isso não se opôs em momento algum.

Peguei uma almofada e tentei abafar todos os meus pensamentos. Já era difícil estar ali, era pior ainda pensar em quem deixei para trás. Quando fechava os olhos, só conseguia pensar em Itadori, Megumi, Nobara... os deixei lá. Acabei adormecendo, quando fechava os olhos era como se Sukuna ainda estivesse comigo. Sua voz, suas mãos me apertando com tanta força que sentia meus ossos quase quebrar.

Senti meu corpo encontrar o chão, estava tão frio que não conseguia parar de tremer. Era como se Sukuna estivesse comprimindo meus pulmões em meu peito, eu não conseguia... respirar. Minha mãe entrou pela porta com os olhos arregalados, ela estava congelada na batente da porta enquanto assistia a filha espumar pela boca.

— Um médico! Meu deus! Querido! Precisamos de um médico! Ligue para o doutor, ligue agora! — Ela deu as costas e gritou, de repente me vi em uma situação constrangedora. Meus pais não tinham a capacidade de me socorrer no chão, minha mãe se via incapaz de avançar até mim e me socorrer. Ela só conseguia chamar por ajuda.

Meus pais acabaram chamando o médico da família, o responsável por me encaminhar para diversos exames psicológicos, e me prescrever receitas de remédios que mal me deixavam ficar acordada. Ele me examinou como sempre fazia, após medir meus batimentos, preparou uma seringa.

— O que é isso? — Perguntei ainda na cama, olhei para os meus pais atrás dele.

— Isso vai te acalmar pelo resto do dia, e vai manter seus medicamentos em dia.

— M-meus medicamentos? — Perguntei, ele afirmou enquanto dava batidinhas na seringa.

— Nós combinamos em voltar com as medicações se ocorresse outro surto.

— M-mas isso não foi um surto. Mãe, pai, eu só tive um pesadelo. — Tentei explicar, escondi meu braço abaixo das cobertas.

— Querida você estava no chão, tremendo como se estivesse com dor... — Minha mãe tentou explicar, me levantei.

BLOODBURN, Megumi FushiguroOnde histórias criam vida. Descubra agora