Capítulo 20. Estranhos

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   Megumi estava sendo cada vez mais carinhoso, era estranho me acostumar com isso. Agora ele era meu namorado. O título ainda me dava arrepios, mas ao mesmo tempo um formigamento bom no estômago.

— Vamos comer, temos que treinar hoje. — Ele dizia tomando seu café da manhã.

— Talvez o Sensei nos dê uma missão hoje, as coisas estão muito calmas ultimamente. — Itadori acrescentou, olhei em volta.

Ele tinha razão, não tive mais percepção sobre as maldições, nem mesmo Aoi se manifestou. Ter consumido meu próprio poder com a minha energia deve ter revertido alguma coisa no meu corpo, por isso é difícil recuperar estas habilidades.

— Eu to saindo. — Kugisaki disse e se levantou, todos olhamos. — Tenho que comprar umas coisas, quer vir Aki?

Olhei em volta, Megumi parecia indiferente sobre, me levantei e segui Kugisaki. Logo ele e Itadori se levantaram juntos, os dois se espreguiçando.

— Onde pensam que vão? — Kugisaki foi direta, Itadori continuou se alongando.

— Vamos com vocês. — Megumi disse, cocei a garganta, Kugisaki riu e apoiou as mãos na cintura.

— De jeito nenhum, e se quisermos comprar sutiãs? Vão provar também? — Ela retrucou, Megumi desviou o olhar constrangido.

— Aí, homens não podem provar sutiã? — Itadori tentou defendê-lo, Megumi o acertou em cheio no estômago. Soltei uma risada frouxa, os três me olharam.

— Ele tem razão. — Dei se ombros, Kugisaki revirou os olhos e me puxou pelo braço.

— Não é um encontro, não vamos andar de casalzinho. — Ela acrescentou, afirmei sem hesitar. Pegamos um táxi para o centro da cidade, chegando lá, Kugisaki me puxou para a primeira loja que viu.

Ela me fez provar em torno de vinte peças por loja apenas por diversão, para mim, era a mesma sensação de ser torturada em uma cela por seis meses. Megumi e Itadori brincavam com algumas peças enquanto Kugisaki me empurrava mais uma roupa, a encarei com uma expressão de seriedade, ela riu.

— Não faz essa cara, vamos, só mais essa. Preciso ver como fica no seu corpo. — Ela disse me empurrando na direção do vestiário.

— Isso é estranho, por que você mesma não prova? — Resmunguei, ela riu e fechou a porta me trancando dentro do vestiário.

— Não é a mesma coisa. — Disse e se encostou na porta, suspirei e olhei para a peça avermelhada.

Megumi e Itadori se jogaram nos sofás em frente ao vestiário, Kugisaki se virou e suspirou ficando cada vez mais impaciente.

— Já terminou? — Ela me perguntou, havia acabado de posicionar a alça em meu ombro.

— Não é confortável. — Resmunguei, ela bateu os pés após um "anda logo!"

Saí do vestiário, Megumi se inclinou para frente e Itadori segurou seus ombros. Me encolhi no lugar tentando ajeitar a alça do vestido, Kugisaki arregalou os olhos.

— Podia ser mais curto. — Ela apontou, ajeitei a barra e olhei em volta, meu rosto estava vermelho como a seda em meu corpo.

— Mais? Por que não compra um biquíni? — Apontei, ela franziu o cenho.

— Isso é um exagero, olha só, seus peitos ficaram perfeitos! — Ela apontou, cruzei os braços e tentei esconder, Megumi fuzilou Itadori fazendo-o desviar os olhos quase batendo o rosto na parede.

— Eu vou trocar isso agora. — Entrei no vestiário novamente e troquei de roupa, senti tanta vergonha que queria me enfiar em um buraco ali mesmo no chão.

Saí e arremessei a peça em Kugisaki, ela pegou com uma expressão de surpresa em seu rosto. Saí pisoteando o chão para fora da loja, uma brisa forte bateu em meu rosto jogando meus cabelos para trás. Por um segundo tive uma sensação estranha, como se algo ou alguém estivesse me observando. Era uma sensação na qual não havia tido faziam alguns dias, desde que ingeri o dedo de Sukuna.

— Pra onde vão agora? — Itadori saiu perguntando logo atrás de Kugisaki, ela suspirou.

— Vamos provar sutiãs. — Brincou, Megumi coçou a garganta, ambos notaram minha falta de atenção à conversa.

— Aki. — Megumi se aproximou de mim e tocou meu ombro, voltei ao normal.

— O-oi, para onde mesmo? Sutiãs né? — Passei por eles, os três trocaram olhares levemente preocupados mas o sentimento não passou daquele segundo.

Kugisaki envolveu meu braço no seu, e seguimos até a loja de langeries mais próxima. Engoli em seco, preocupada com a ideia, mas ela parecia adorar a situação.

— Agora que você ta namorando, tem que comprar umas peças bonitas.

— Q-que?

— Não, na verdade esquece, eu não quero imaginar vocês dois transando. — Ela dizia com a maior naturalidade, escondi o rosto tentando disfarçar a vermelhidão em minhas bochechas. — Espera, que cara é essa? Vocês ainda não transaram?

— Eu não vou te responder. — Retruquei, ela arregalou os olhos como se meu silêncio contasse como uma resposta.

— Bem que o Fushiguro tinha cara de quem espera pelo casamento, antiquado igual aquele uniforme dele. — Ela cruzou os braços e tocou o queixo, engoli em seco tentando conter meu desconforto. — Mas você Aki, eu não imaginava que fosse tão boazinha. Deve ser a personalidade da Aoi.

— Escuta, s-se ele quiser esperar então eu espero. Isso não tem nada a ver... — Enquanto falava notei Megumi do lado de fora, com sua mesma postura esguia e expressão séria no rosto enquanto Itadori ria de algo em seu celular.

— Mas você quer. Não quer? — Ela me cumprimentou com o ombro, meus olhos encontraram o chão.

—E-eu... aí, isso não é da sua conta. — Retruquei novamente, ela gritou.

— Sua safada! Vocês já se pegaram pelo menos? Ele beija bem? Sempre achei o Fushiguro meio chato. — Enquanto ela falava, me lembrei da noite anterior, de como tudo aconteceu tão rápido. Lembrei-me de como Megumi limpou o sangue com seus lábios, quase salivei.

— Espera, não fala nada, eu não quero saber. É nojento. — Ela disse antes mesmo de eu cogitar responder, deixamos mais uma loja levando duas sacolas com peças.

— Eu nem ia te contar nada! — Retruquei, nos encontramos na frente do estabelecimento. Megumi suspirou e analisou meu estado, ele queria intervir a todo custo, já sabia que eu não estava gostando nem um pouco das compras.

— Pra onde vamos agora? Eu tava pensando em ir naquele café. — Itadori dizia, Megumi se aproximou e pegou minhas sacolas por espontânea vontade. Kugisaki arremessou suas sacolas para Itadori. — Ei!

— Vai me fazer carregar isso sozinha? Que falta de educação. — Ela dizia passando na frente, todos seguimos.

— O que mais vocês querem fazer? — Megumi perguntou, Kugisaki não tirava os olhos da tela do celular.

— Podemos ir até o parque. — Sugeri, estava caminhando quando me deparei com meus pais, as pessoas do qual escapei. Congelei de imediato, eles ficaram paralisados expressando a mesma reação. Megumi se aproximou e segurou meu braço, recuei me sentindo confortável na sua presença.

— Akiko, querida. — Minha mãe disse, recuei, Itadori e Kugisaki se colocaram na frente. — Com licença, quero falar com a minha filha.

— Vamos querida, ela não quer falar com a gente. — Meu pai puxou seu braço, notei seus membros levemente trêmulos, ela estava tensa.

— O que foi? — Perguntei, os dois trocaram olhares, franzi o cenho. — Eu voltei pra Jujutsu, estou com meus amigos. N-não... se preocupem.

Dei as costas e saí, Fushiguro, Kugisaki e Itadori ficaram olhando para o casal. Suspirei e saí pisoteando o chão, Megumi me alcançou.

— Você está bem?

— É. Podia ser pior. — Sugeri, ele apenas afirmou sem resposta. — É que eles... eu não sei.

— O que foi?

— Eles pareciam estranhos...

BLOODBURN, Megumi FushiguroOnde histórias criam vida. Descubra agora