Capítulo 28. Agora

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5 horas antes...

   Ela estava morta, e eu estava derramando lágrimas por ela, era... alívio? Eu finalmente estava livre, mas a sensação de vazio era persistente. Meu corpo tocou o chão se desmanchando em ossos quebrados, era difícil de respirar, minha costela estava em pedaços dentro do meu corpo.

— Eu não vou gastar minha energia com você. — Choso disse bem na minha frente, ele passou por mim pensando na sua vingança, pensando apenas em encontrar Itadori. Me levantei com dificuldade, a imagem de Itadori, Fushiguro e Kugisaki vieram na minha cabeça.

Segurei meu ombro dolorido no lugar, juntei as mãos mentalizando uma barreira de energia se formando em volta de nós. Olhei para o corpo de Aoi ao lado, engoli em seco tão seco que poderia cortar minha garganta.

— Mas o que... — Choso se virou, seus companheiros fizeram o mesmo.

— Expansão de domínio. — Indiquei, todos congelaram em hesito, não sabiam o que esperar de uma garota quase morta. — Criação amaldiçoada.

Choso e seu companheiro se prepararam, o corpo de Aoi se contorceu no lugar. De repente ela se levantou com um buraco no meio do peito e olhou para mim, aquela não era ela, era uma versão minha.

— Todo esse sangue no chão me faz sinto a energia de vocês voltando... pra mim. — Abracei a costela, juntei as mãos. — Absorção amaldiçoada.

Choso congelou no lugar, mal conseguia se mover, estava drenando sua energia aos poucos. Senti meu corpo se curando, minhas maldições começaram a sair do sangue no chão.

— Enlouqueceu? Não teme a morte?! — Choso gritou entredentes, sorri.

— Isso tudo é medo? — Brinquei, ele usou seu poder para criar uma arma de sangue, ao tentar me atingir o puxei e absorvi todo o seu poder. Ele hesitou. — Me mostre tudo que tem.

— Garota estúpida. — Seu parceiro disse e passou na frente, criei três maldições, hesitei ao notar que uma delas parecia com minha mãe no estado que a encontrei em casa naquele dia.

Minha expansão de domínio era equivalente a minha vida, um vazio escuro e absoluto com um chão de sangue infinito. O sangue de todos que eu consumi, junto do sangue das vítimas que morreram por minha causa.

— Vou ganhar o tempo que Itadori e Fushiguro precisam. Pelo tempo que durar, eu estarei aqui. — Gritei e bati os pés, avancei ao lado de minhas maldições, enquanto algumas lidavam com Choso, eu lidava com seu parceiro.

Ele era mais poderoso que eu, conseguia sentir em seus passos dentro da minha expansão. Eu tinha menos experiência, menos habilidade, era de longe minha primeira batalha de verdade em campo.

Minhas maldições avançaram em Choso fazendo-o sair do congelamento, ele tentou usar suas técnicas de sangue, mas nada funcionava conta minha expansão. Acertei seu parceiro arremessando-o em Choso, os dois caíram envergonhados.

— Não podemos perder tempo com essa garota. — Ele disse ao Choso que cerrou os punhos e ajeitou-se no lugar.

— Ela não é tão forte.

— Criação amaldiçoada. — Repeti, mais maldições surgiram abaixo de Choso e seu parceiro, agarrando seus pés.

Corri na direção deles deferindo repetidos golpes, eles estavam fracos, não conseguiam reagir dentro da expansão.

— É o poder dela, está consumindo nossa energia. Faça alguma coisa Choso! — Gritou, Choso juntou as mãos e usou sua habilidade de sangue mais uma vez. Ele conseguiu usar o sangue das minhas maldições para criar armas, pontas nas quais conseguia usar como defesa. Assim ele as atirou como  flechas que passaram quase me atingindo, não consegui desviar, ficando com pequenos cortes.

Observei o sangue sair por entre os pequenos cortes em meus braços, ombros, pescoço e lábios. Choso usou suas habilidades para comprimir a mim mesma, estava sendo vencida em meu próprio domínio.

— Droga.

Corri na sua direção e lutamos corpo a corpo enquanto minhas maldições lutavam com seu parceiro, de repente a expansão se tornou tão cheia e movimentada que mal tínhamos espaço para lutar.

— Eu matei sua irmã. Posso matá-la também.

— Igual Itadori fez com seus irmãos? Eu acho que não. — Estiquei os lábios, Choso quebrou meu braço fazendo-me gritar.

— Você é fraca! Mesmo em uma expansão de domínio, você é fraca!

Ele gritou. Usando apenas um braço e minhas pernas, pulei em seu pescoço e cravei meus dentes. Comecei a absorver sua energia através do pouco sangue drenado, Choso caiu de joelhos, continuei. Ele tentou lutar mas a cada gole, sua energia se esgotava. Foi quando seu parceiro me puxou pela nuca e arrancou meu braço fazendo-me perder a consciência de imediato.

Meu corpo caiu mole no chão e sem um dos membros. A barreira se desfez, e a expansão de domínio foi desfeita logo depois. Choso não contou tempo e levantou, se recuperando da absorção, ainda estava fraco. Gemi de dor, recuperando a consciência aos poucos e entendendo o que estava acontecendo comigo.

— Não me importo. Em morrer aqui... se ganhar tempo o suficiente. Para os... meus amigos. — Cuspi o sangue acumulado na minha garganta, me levantei e notei meu membro no chão.

— Você é insuportável. — Choso disse, seu companheiro passou na frente.

— Onde estão seus amigos agora? — Ele olhou em volta. — Não os vejo.

— Vai. Pro. Inferno.

Choso se aproximou e segurou-me pelo pescoço, senti meu corpo quase dormente. O sangue escorria feito água de uma torneira aberta.

— Vou deixar que morra do jeito que planejou. Como um mero acessório para os seus amigos. — Ele disse e me soltou, desabei no chão.

— Itadori... Kugisaki... — Me virei para cima, meu coração estava acelerado mas não tinha mais forças para me manter de pé. — M-Megumi... e-eu sinto muito.

— Ela está viva?

— Parece que sim, preciso de tempo.

— Vou ganhar um tempo para vocês.

Senti alguém enfaixando meu ombro, movendo meu corpo para um lado e para o outro. Uma seringa cravou em meu peito e o líquido que entrou direto na veia do meu coração me fez abrir os olhos sentindo uma energia inimaginável.

— Ela ta de volta. — Um garoto loiro disse fechando sua mala, tentei controlar minha respiração.

— Ótimo. — Nanami veio até mim, e me puxou pelo outro braço. — Vamos garota, temos que sair daqui.

— Nanami?

— Está consciente, isso é bom. — Ele disse, não consegui me segurar em pé. O pouco de adrenalina que injetaram em mim, serviu apenas para me acordar.

— I-Itadori...

— Itadori tem o Sukuna. Ele vai ficar bem. 

Nanami parou, avistamos uma maldição. Um homem loiro com o cabelo amarrado, segurando uma faca ensanguentada.

— Aonde pensam que vão? — Ele riu, descontrolado.

— E-eu posso lutar. — Tentei ficar de pé, Nanami me soltou, seu ajudante me segurou no mesmo instante.

— Leve ela para um lugar seguro, quando a barreira for desfeita, voltem para a academia.

— Sim senhor.

— Nanami!

— Vão! Agora!

BLOODBURN, Megumi FushiguroOnde histórias criam vida. Descubra agora