Capítulo 2. Renascer

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   Quando acordei, não estava mais naquele chão frio e sólido. Estava deitada em uma cama quente e confortável, apesar de que o quarto parecia ser pequeno e empoeirado. Meu corpo já estava melhor, não sentia mais dor alguma.

— Você acordou. — Ele disse encostado na batente da porta, me sentei e segurei a cabeça. Segurei o tecido da minha camiseta, por mais que ele não estivesse me vendo diretamente, parecia me observar com atenção por baixo daquela faixa. — Não se preocupe. É um lugar seguro.

— Por que me trouxe aqui? Você me sequestrou? É um assediador ou algo assim?

— Com esse rostinho? — Apontou para si e deu uma risada debochada. — Não. Não sou nenhum assediador.

— Quem é você? Nós já nos vimos antes?

— Não. Me chamo Satoru Gojo. — Ele se desencostou da porta e colocou as mãos nos bolsos, com sua postura curvada para trás.  — E a verdade é que, devíamos ter notado você antes. A entidade em seu corpo parece ser uma maldição de nível dois, o que é o suficiente para nos dar uma dor de cabeça.

— Entidade? Do que está falando? — Franzi o cenho, ele esticou os lábios gentilmente.

— Você provavelmente já deve ter visto alguma. São criaturas distorcidas, falam estranho, na maioria das vezes fazem se sentir mal. — Ele dizia. De repente tudo parecia ficar mais claro. — Maldições. Poucos conseguem ver estas criaturas por aí, mas, me pergunto como sua maldição fez para se esconder tão facilmente.

— Pra falar a verdade. — Me inclinei para frente e suspirei. — Eu não me lembro de um momento em que ela não estivesse lá.

— Entendo. — Ele disse como se não fosse nada demais. — Nesse caso me pergunto por que ela decidiu fazer o que fez agora?

— Fizemos um acordo. Eu o quebrei... pensei que nada disso fosse real, que talvez fosse apenas uma condição mental. M-mas agora está dizendo que também os vê.

— Existem outros como você, meus alunos, fazem parte de uma escola que os ensina a dominar a maldição. Para que assim, possam exorcizar seres como os que você viu.

— Está dizendo que existe um lugar onde não serei diferente? Por acaso... pretende me levar para lá? — Perguntei, por alguns segundos senti esperança, ele veio até mim.

— Pretendo fazer isso, mas não agora. Neste momento você vai ter que ficar aqui, tenho que ver se pode controlar sua maldição. — Me disse e cruzou os braços. — Você já fez isso antes, acredito que possa fazer outra vez.

— C-controlar? Talvez.

— Então fique aqui, eu volto mais tarde lindinha. Tem comida, e uma TV pra assistir alguns filmes. Tenho que resolver algumas coisas, volto logo. — Ele disse e saiu, trancando a porta logo atrás dele. Me levantei e fui até ela, tentei abrir, estava realmente trancada.

— Então essa é a sensação de ser sequestrada? — Me virei e olhei em volta, o quarto era pequeno, mas tinha o suficiente para passar uns dois ou três dias. — Que seja...

Suspirei e fui até o sofá, me joguei no tecido macio, afundei meu corpo no acolchoado.

— Ser sequestrada não me parece tão ruim, eu já queria morrer mesmo. Se for pra morrer aqui assistindo filme, por mim está ótimo. — Sorri e balancei os ombros, olhei para o lado e notei um ursinho com luvas de boxe em suas mãos. — Uh? Um ursinho? Parece que aquele cara tem um lado infantil também.

De repente o urso levou sua mão na direção do meu rosto, desviei fazendo-o acertar o sofá atrás de mim.

— Cacete! Essa foi por pouco! — Gritei, o segurei novamente, ele piscou. — Que coisa é você?! N-não. Você não pode ser um monstro também, é tão fofo.

BLOODBURN, Megumi FushiguroOnde histórias criam vida. Descubra agora