Nico di Angelo/Percy Jackson

capítulo 09 : Chuva da meia-noite

Sinopse : "Você pode mentir para si mesmo o quanto quiser, mas nós dois sabemos que você não está bem."

Percy e Nico se encontram tarde da noite no telhado da Cabana 13.

Autora : Takara_Phoenix

Nico estava sentado sozinho no telhado de sua cabana, com as pernas dobradas contra o peito enquanto o vento frio do início do outono batia em sua pele e puxava seus cabelos. A noite estava escura como breu, nuvens de tempestade escurecendo o céu noturno e escondendo a lua e as estrelas. Mas a tempestade ainda não estava pronta para cair. Apenas vento forte e escuridão, sem barulho, sem chuva. Nico não se importaria com a chuva agora.

"Ei."

Ah. A chuva. Nico inclinou a cabeça para olhar para Percy, subindo no telhado para se juntar a ele. Sempre houve algo muito penetrante nos olhos de Percy Jackson. Às vezes, era como entrar em uma chuva fria e ser olhado pelo filho de Poseidon. Seu cabelo estava bagunçado, mais bagunçado do que o normal, claro. Um sinal de que ele não tinha dormido e apenas estava se revirando.

"O que você quer, Jackson?" Nico colocou o máximo de exaustão e irritação possível em sua voz.

"Eu vi você aqui e pensei em... verificar você. É tarde, você sabe."

"Estou bem", havia um leve tom em suas palavras.

"Você pode mentir para si mesmo o quanto quiser, mas nós dois sabemos que você não está bem", se as palavras de Nico tinham um tom cortante, então as de Percy estavam cortando o frio como uma chuva de outono. "É tarde da noite e você está sentado no telhado de camisa e boxer, olhando para o céu noturno."

O problema com Nico era que ele não era facilmente abatido. Não, ele olhou para Percy e manteve seu olhar tão penetrante e inabalável quanto o do filho de Poseidon. Ele sabia por que os filhos dos Três Grandes muitas vezes levavam a grandes guerras quando se enfrentavam. Teimoso e forte.

"Como se você falasse", a voz de Nico estava fria. "É tarde da noite e você subiu no meu telhado para sentar aqui, comigo, em vez de deitar na sua própria cama, dormindo pacificamente. Você também não está bem."

Se Percy era a chuva de outono, então Nico era as sombras da meia-noite. Aterrorizante e assustador, cheio de mistérios que ninguém ousava imaginar e infinitamente profundo. Percy olhou para ele com raiva e desafio, mas sem palavras para contra-atacá-lo. Longos momentos se passaram enquanto eles se encaravam, antes de Percy grunhir e se sentar ao lado de Nico, teimosamente olhando para frente em vez de olhar para o filho de Hades e seus olhos escuros como a meia-noite que pareciam olhar diretamente para sua alma.

"E daí?" Percy bufou. "Talvez eu também não esteja bem. Talvez nós dois não estejamos bem. Talvez duas guerras tenham fodido com nós dois, à nossa maneira. Talvez..." A voz de Percy suavizou. "Talvez eu tenha pensado que seria bom não ficarmos bem juntos , em vez de sozinhos."

A luz prateada iluminou Percy enquanto as nuvens davam um pequeno caminho para a lua, fazendo-o brilhar mais bonito do que Nico jamais o tinha visto, fazendo seus olhos parecerem tão brilhantes, honestos e vulneráveis. Em vez de uma resposta verbal, Nico simplesmente assentiu. As nuvens se moveram novamente, cobrindo a lua e deixando Nico e Percy na escuridão feliz mais uma vez. Havia anonimato na escuridão, e Nico sempre preferiu isso à luz.

Percy aceitou a resposta silenciosa e se afastou dele novamente. O vento ao redor deles ficou mais forte e, sem saber qual deles se movia – ou se eram os dois – eles se viram sentados muito mais próximos. Braços e ombros se tocando enquanto se apoiavam um no outro no frio e no escuro. Seus olhos estavam voltados para as nuvens escuras acima, pelo menos o pouco que conseguiam distinguir. Observando silenciosamente, esperando a tempestade passar.

"Talvez", a voz de Nico era um sussurro carregado pelo vento. "Talvez eu não esteja bem."

A mão de Percy se estendeu e Nico moveu seus braços para longe de onde ele os tinha enrolado em seus joelhos antes, em vez disso, estendeu a mão para a mão de Percy também. Havia apenas um pequeno espaço entre os dedos. O coração de Nico estava acelerado e ele não conseguia mais dizer se o trovão era o sangue correndo em seus ouvidos ou se a tempestade finalmente havia começado. E então seus dedos se tocaram.

"E talvez eu estivesse... mais bem... se não estivéssemos bem juntos", Nico continuou depois de um momento.

Ambos não estavam bem há muito, muito tempo. Tantas coisas os derrubaram ao longo dos anos, desbastando-os, deixando-os quebrados. Quebrado de maneiras muito diferentes, mas tão semelhantes. De uma maneira que talvez ninguém mais pudesse entender, nem mesmo seus amigos.

"Não vamos ficar bem juntos", Percy sussurrou, um sorriso torto nos lábios.

Nico acenou com a cabeça, um movimento brusco, seus olhos fixados nos olhos de Percy. Vagando para baixo, sobre a curva do nariz e pousando nos lábios rosados. Lábios que Nico olhou tantas vezes ao longo dos anos. Ele se assustou quando algo gelado atingiu seus próprios lábios. Sua língua disparou, lambendo a chuva. Ele estava perfeitamente consciente da maneira como Percy encarava o movimento. Nico observou a chuva cair no rosto de Percy, escorrendo por suas bochechas de uma maneira que parecia lágrimas. Talvez eles estivessem. Talvez toda vez que chovia no Acampamento Meio-Sangue fosse uma manifestação das lágrimas não derramadas de Percy Jackson.

Ele não sabia dizer qual deles se moveu primeiro, ele só sabia que os lábios de Percy tinham gosto salgado – como água do mar, ou como lágrimas, quem diria. E ele sabia que gostava daquele sabor, gostava daquela suavidade. Sua mão se estendeu para agarrar o pescoço de Percy, para puxá-lo cada vez mais para perto. Para nunca desistir.

Os próprios dedos de Percy se enredaram nos cachos de Nico e na camisa de Nico, agarrando-se a ele com uma necessidade semelhante de nunca mais soltá-lo. Para nunca mais ficar mal sozinho. O beijo deles durou o que pareceram horas e Nico tinha quase certeza de que havia esquecido como respirar ao longo do caminho. No entanto, a certa altura, a necessidade de ar os separou, afinal, e Nico foi presenteado com a visão de Percy, sem fôlego, corado e com os olhos semicerrados, olhando para Nico como se ele fosse a única constante em um mundo em constante mudança e desmoronando. . A chuva fazia seus cabelos e roupas grudarem nele e o frio fazia com que a respiração deles soprasse visivelmente entre eles, mesmo nesta escuridão. Naquele momento, Nico pensou que nunca mais queria ver mais nada. Ele poderia viver neste momento para sempre.

"Está frio," Percy sussurrou, sem saber por que afirmou o óbvio.

"Sim," Nico concordou. "E escuro."

Percy piscou algumas vezes, como se a realidade estivesse apenas alcançando-o. Ele olhou em volta, observando o ar chicotear o chão, o vento soprando nas árvores – ou melhor, observando as silhuetas sombrias das árvores. E então, de repente, Percy começou a rir. Nico não tinha certeza do que fazer com isso. O momento foi quebrado ou...?

Antes que qualquer pensamento sombrio de dúvida pudesse surgir em sua mente, ele foi puxado de volta para outro beijo por Percy. Se possível, ainda mais profundo que o anterior. Mais seguro. Como se Percy tivesse percebido algo vital nesses momentos que o deixou mais determinado do que nunca.

E embora Nico não pudesse dizer o que se passava na mente de Percy, a que conclusão ele havia chegado, ele sabia a conclusão que ele mesmo tirou naquele momento, enquanto ele e Percy estavam abraçados e se beijando. Se Percy fosse a chuva e Nico fosse a meia-noite, então juntos eles poderiam ser a chuva da meia-noite, aterrorizante e poderosa, mas também gentil e reconfortante se alguém precisasse.