~ CAPÍTULO 4 ~
- Memórias -
Catnap nunca teve uma vida tranquila, assim que nasceu sua mãe biológica faleceu no parto do mesmo, seu pai havia desaparecido sem deixar sinais para trás.
A única opção que lhe restou foi ser jogado para dentro de um orfanato, lá tinha crianças, porém, eram sempre adotadas rapidamente, e ele continuava lá, esperando, aguardando. Não demorou para descobrir que desde pequeno ele possuía insónia, fazendo com que ficasse até altas horas da noite acordado ou até mesmo dias sem dormir a quantidade de sono ideal.
Por mais que fosse uma criança extremamente bonita, isso não significava nada para aqueles pais que vinham atrás da adoção.
E por lá ele viveu, um ano se passou, dois, três, até dez anos. Depois de 10 anos, finalmente alguém apareceu querendo lhe adotar, um casal aparentemente normal querendo um garoto todo problemático.
“Seu nome será Catnap!”
Ele se encantou assim que viu aquela mulher, ela era encantadora, seu sorriso demonstrava uma alegria que nunca tinha visto antes, isso fez com que pela primeira vez tivesse sorrido para alguém.
A casa onde passou a morar não era grande, mas era um ambiente reconfortante, Catnap durante as tarde sempre assistia sua mãe adotiva colocar uma música na caixa de som e dançar pela sala no ritmo da música, era o mais perfeito espetáculo que aquela criança poderia assistir.
Às vezes tentava acompanhar sua mãe errando um passo ou outro, mas era muito divertido, isso arrancava altas risadas de ambos. A história favorita de Catnap era sempre a que sua mãe contava antes de dormir.
“Então o sol se apaixonou pela lua, ele queria viver um amor com ela que durasse para sempre, enquanto os outros astros apenas admirassem o amor deles”
A mulher viu que o pequeno garotinho já começava a pegar no sono, e calmamente se levantou para o deixar dormir.
“Mãe?” Ele chamou.
“Sim meu amor?” Ela respondeu.
“O sol e a lua ficaram juntos?” Ele perguntou de forma sonolenta.
A mulher se aproximou novamente, abaixou-se e deixou um beijo na testa do garotinho.
“Sim meu amor, eles ficaram juntos, para sempre.”
E finalmente a mulher viu seu pequeno adormecer depois de tanto tempo, ela soube logo de cara que o pequeno possuía problemas com insônia, então todas as noites depois de uma maravilhoso banho quente e um jantar delicioso ela o colocava na cama e contava sempre a mesma história para o pequeno, e ficava ao lado dele até que adormecesse.
Antes de dormir aquela mulher sempre tinha a mesma mania, depois que colocava Catnap na cama, ela seguia para o quintal onde podia avistar a imagem da lua perfeitamente.
“Por favor, cuide do Catnap” ela sempre repetia as mesmas palavras olhando em direção a lua.
Se passaram diversos dias, meses, em que Catnap já não se sentia mais sozinho, infeliz, triste, tudo era perfeito naquela casa, tudo era…
Em uma tarde chuvosa, policiais bateram na porta da casa e deram a terrível notícia ao marido e ao pequeno Catnap que havia completado 11 anos justamente naquele dia, a trágica notícia que sua mãe havia sido assassinada, os policiais carregavam com eles uma sacola transparente enfeitada com um laço, onde continha dentro uma pelúcia no formato de um gato roxo, Catnap reconhecia aquela pelúcia, havia passado em comercial da televisão, e Catnap se lembrava bem de ter ficado animado para ter um.
Os policiais entregaram a sacola a ele, e dentro podia se ver um bilhete.
“Com amor e com carinho, de sua mãe, feliz aniversário!”
Depois daquele dia Catnap voltou a ficar todas as noites acordado, às vezes passava a noite inteira chorando abraçado naquele gato de pelúcia, e tudo só piorou.
Henry, quem deveria ser seu pai, no início demonstrava ser alguém gentil, mas depois da morte da esposa, ele mudou. Descontava sua raiva do dia em Catnap, o culpava pela morte da mulher que mais amou, seu passatempo era tortura Catnap dia e noite sem descanso algum.
Suas agressões se tornam constantes e cada vez piores, começou com tapas, depois socos, dias sem comida, cortes não superficiais, e até mesmo uma vez chegou em um caso mais extremo, quando Henry voltou bêbado de algum bar e resolveu saciar sua vontade em Catnap. Nunca na vida Catnap pensou que sofreria esse tipo de abuso, que seria estuprado, principalmente pelo seu próprio “pai” se fosse assim que ele ainda podia o chamar.
Com 12 anos seu corpo já demonstrava muito daquelas agressões, cicatrizes roxas, amarelas, cortes, queimaduras, sem contar nos problemas psicológicos que aquilo trazia.
Uma vez isso chegou ao limite, Catnap tentou fugir do pai, porém, foi a pior decisão de sua vida, Henry agarrou os cabelos de Catnap e com força bateu a cabeça de Catnap contra a bancada da cozinha.
Uma vizinha ouviu o que acontecia e chamou a polícia que imediatamente levou a criança para o hospital, infelizmente com as lesões causadas houve a paralisação de suas cordas vocais.
Henry se defendeu até o último momento alegando ter acontecido um acidente, e para o azar de Catnap, o homem havia apenas recebido uma multa e perdido alguns direitos.
O garotinho sabia que estaria perdido a partir dali, ele não podia contar aos policiais o que aconteceu, ele já havia perdido sua voz, não tinha um lar onde aceitaria alguém como ele, não tinha mais família, a única pessoa que o amou e que seu amor foi retribuído era sua mãe adotiva, mas ninguém.
Sem razão para viver ele esperaria até o dia em que Henry o matasse. E foi assim durante anos, Henry nunca o matou, quase, mas nunca, para ele era divertido ver Catnap semi morto por dentro e por fora.
Apenas com 16 anos que ele foi conhecer a escola, entretanto, era como se nem estivesse ali, ele era o esquisito, o mudo, quem iria perder seu tempo com alguém assim, nesse mesmo ano foi obrigado a aprender libras caso quisesse mudar algo em sua vida.
Catnap já não ligava mais para todo tipo de agressão que sofria por parte de seu “pai”, então apenas deixava acontecer. Ainda com 16 anos se envolveu com drogas e isso novamente quase o matou, o médico havia o recomendado um psicólogo no qual nunca pode ir, Henry o mataria quando descobrisse.
Do mesmo modo que começou com as drogas ele parou, se envolveu com bebidas, mas isso também não fazia seu estilo.
Poderia ter a idade que for, ele ainda chorava abraçado naquele gatinho de pelúcia, a única lembrança viva que ainda tinha de sua mãe, o gatinho possuía um maravilhoso cheiro de lavanda, lembrava ser o perfume favorito de sua mãe, e logo se tornou o seu também.
Com 18 anos começaria frequentar o último ano do ensino médio em outra escola. Ali possuía pessoas estranhas, umas mais que as outras, assim que atravessou as portas daquela sala de aula, não precisava adivinhar que as pessoas encarariam ele.
Quando se sentou sua intenção era passar indiferente a todos, assim que pôs sua mochila no chão conseguiu sentir um olhar queimar sobre si, quando levantou seu rosto era realmente alguém o olhando, um garoto ruivo de olhos cor de mel, pela primeira vez estava vendo alguém que não o olhava torto.
Ele nunca o olhou na verdade, nem quando soube da sua deficiência, pelo contrário ele tentou se aproximar, Catnap queria se afastar com medo de que ele poderia estar o enganando, mas quando viu aquele sorriso, algo dentro acendeu em chamas que esquentavam seu coração, era o mesmo sorriso que sua mãe dava para ele, era um sorriso tão lindo, Catnap sentia que estava vendo um anjo enviado por sua mãe.
Uma vez enquanto ouvia Dogday falar, acabou por deixar cair algumas lágrimas, ele lembrava muito a sua querida mãe, sua alegria, seu jeito de conversa, seu sorriso, tudo naquele garoto era encantador, e fazia Catnap se sentir em um sonho, um sonho no qual ele não queria acordar.
( Mais um capítulo ainda hoje concluído, desculpa qualquer erro ortográfico e boa leitura )
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O Doce Som Do Seu Silêncio
FanficDogday é um colegial que carregava uma vida tranquila. Certo dia, ele se vê perdido com a chegada de um novo estudante, fazendo com que o mundo onde conhecia fosse completamente diferente do esperado, mostrando que o silêncio podia ser uma linda mel...