~ Capítulo 26 ~

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~ TP 2 CAPÍTULO 26 ~

- O fim -

Dogday observava a neve cobrir o chão, seus olhos perdidos em um ponto qualquer, mal percebeu o celular tocando ao seu lado, não queria atender, ele não sentia vontade alguma.

Um toque

Dois toque

Três toque

Foi quando finalmente resolveu atender, ouvindo a voz de Crafty do outro lado da linha, o ruivo queria desligar, mas não gostaria de tratar a amiga daquela maneira.

[Oi Dogday, como você está?]

[Na medida do possível]

[Que bom…você…tem se alimentado corretamente?]

[Sim…]

[Certo…]

[Crafty mais tarde eu te ligo]

O ruivo não esperou uma resposta vindo da garota, respirou fundo tentando conter sua mente assassina, talvez…a neve…

Dogday levantou-se e foi até o cabideiro pegar seu casaco para enfim sair de casa. O caminhar era difícil por conta do acolchoado de neve fofa que afundava seus pés, era gelado e um calmante para o garoto ruivo.

Caminhando pela praça Dogday sentia a necessidade de observar tudo como se fosse a primeira vez, será que Catnap já havia visto a neve? Ou como as folhas das árvores pareciam cristais? Ele não sabia responder, por isso memorizava tudo com a esperança de que um dia pudesse contar em detalhes para o garoto de cabelo escuro.

Estava tão distraído em seus pensamentos que só foi acordar quando ouviu vozes de crianças que brincavam animadas em meio a neve, eles não possuíam traumas e nem mesmo preocupações, Dogday sorriu ao se lembrar dos velhos tempos em que costumava brincar com seus amigos assim, a neve deixava tudo ainda mais realista a detalhes, como se tivesse acabado de sair de um livro.

O ruivo se aproximou de um dos bancos, com a mão coberta pela luva, empurrou a neve que havia sobre a madeira para poder se sentar, passou a observar as três crianças que se divertiam em atirar bolinhas de neve uma sobre a outra em uma espécie de guerra.

Um dos garotos tomou a atenção de Dogday, ele era menor que os outros dois, mas possuía um sorriso encantador e cabelos pretos, a pele clara como o tempo no momento dava destaque nas roupas pretas que usava, um tênis roxo complementava o visual. O ruivo admirou aquele garoto, mesmo que não pudesse ver claramente seus olhos, a mente de Dogday imaginou olhos acinzentados e as pontas do cabelo tingidas de roxo, assim como Catnap…

O ruivo suspirou quando percebeu que estava pensando demais no outro, como se ele fosse voltar…

Sua atenção desviou do garoto com esses pensamentos que voltavam sempre para lhe assombrar, aquele dia…

Ele se lembrava de ter corrido por horas procurando por Catnap, horas acordado esperando notícias da polícia, horas em um hospital aguardando seus amigos melhorarem, mas nada de ter o garoto de cabelos escuros de volta.

Dogday moveu seu olhar por todo o ambiente antes que começasse a chorar com as lembranças, e naquele segundo, seu mundo parou. O ruivo notou alguém debaixo de uma cerejeira, a única do parque, e agora coberta pela neve, o tal homem não possuía luvas nas mãos e as mangas de sua blusa estavam dobradas, cicatrizes se entendiam por todo braço do outro, ele não usava touca podendo ver os fios escuros do mesmo.

O Doce Som Do Seu Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora