Segure minha mão

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   Deitado em completa absorção dos seus pensamentos, Ji-hoon aos poucos aceitava a sua realidade. Desde o dia do acidente ele não era o mesmo, ele não sabia quem era, e se de fato estava vivo.

Pelo seus cálculos ele estava ali há dois meses, não sentia fome ou sede, não sentia nada. Com o tempo seus sentimentos o deixaram. No entanto no início havia sido difícil. Confusão, medo, tristeza, saudade e agora por fim finalmente a compreensão.

Ele estava preso entre a vida e a morte. Ele não sabia que caminho seguir, que direção tomar. A estrada era infinita. Ele havia tentando. Percorreu toda extensão de asfalto mas ela não levava Ji-hoon a lugar algum. Não havia nenhuma luz.

O silêncio não era algo efêmero, era apenas duradouro e solitário.

Por onde estaria seus pais, seus amigos? Sua mãe sempre dizia que estaria com ele, mas ela nunca apareceu. Nenhuma voz conhecida. Era apenas ele e seus pensamentos gritantes.

O pensamento de que ficaria ali para sempre passou por Ji-hoon, mas dessa vez ele não se desesperou ou se quer sentiu medo. Ele apenas respirou fundo, por mais que não sentisse, seu corpo se retesava contra a grama verde aos poucos relaxando. Um vento gélido percorreu toda extensão do campo, mudando a atmosfera.

"  Hold my hand and guide me
On the road to you. "

Os acordes de Road to You invadiu os pensamentos de Ji-hoon, que se levantou imediatamente, não era a imaginação dele, ele estava ouvindo. Ouvindo a própria voz, mas não. Não era ele que cantava.

Ele ouvia sua música ressoando naquele espaço vazio como se uma brecha tivesse sido aberta. Seus olhos se marejaram cheio de esperança de finalmente poder sair dali, ou podia simplesmente ser seu momento final, e as luzes do palco se apagarem por toda uma vez.

O som parecia reverberar de todo lado, ele procurava ao redor uma direção, para seguir a música.

Ele escolheu uma direção e correu.

Hold my hand.

Lee Ji-hoon estendeu sua mão, esperando que alguém a segurasse.

Guide me on the road to You

Eu estou aqui. – o jovem diz em um surro contra o vento.

Hold my hand, Ji-hoon.

— Onde você está?

Agora a voz de Ji-hoon estava trêmula, o desespero subia por sua garganta. Ele parou de correr sua mão foi  direção ao seu peito. Pela primeira vez estando ali ele estava sentindo seu coração bater descompassado.

— Por favor me encontre. – sua voz é fraca e ele fecha os olhos e deixa seu corpo desmoronar contra o asfalto gélido.

O monitor apita descontrolado. Depois de dois meses havia um sinal cerebral. Ele estava ali.

Eun-Ji segura a mão de seu paciente, esse era seu sinal para lutar por ele. Afinal Ji-hoon estava ali com ela. A médica não ia desistir até trazer ele de volta.

🎞️


   Os primeiros episódios de Através de seus Olhos já tinham ido ao ar. E tudo tinha sido uma loucura excitante. O fato de ter Seokjin no elenco, trouxe muita visibilidade da fã base do idol. E Jin fazia questão de se exibir para Kim Da-yun referente a isso. 

   Contudo não poderia se passar despercebido toda a trama, onde os telespectadores criavam teorias todos os dias que divertia a diretora que lia frequentemente as resenhas do drama.

  A série estava nos trends do Twitter com levantamentos se Ji-hoon iria finalmente acordar do coma ou não.

— Seu K-drama está engajando graças a mim. – Jin esbarra em Da-yun propositalmente e ela acha graça.

— Oh meu Deus! O que seria de mim sem Seokjin na minha série. – ela entra na onda. — Agora vai, pra sua coletiva e sem Spoiler!

— Nenhum? – Jin faz bico.

— Nenhum, Jin! Ou te deixo em coma igual o Ji-hoon.

Jin ri e entra no auditório onde todos estavam ali esperando ansiosamente por ele. Os repórteres elogiam o bom trabalho do Idol como ator.

— Jin todos puderam notar nesses episódios lançados, a sua dedicação e sua entrega na atuação, em algum momento você se conectou de fato com seu personagem?

— Se você quer um trabalho impecável em cena, você tem que se conectar com o personagem, atrás das câmeras não é sobre si mesmo, e sim sobre o personagem.

— Há casos que o ator pode não saber separar a vida pessoal da atuação? – um repórter questiona.

— Bom se eu não soubesse separar, com certeza eu apareceria aqui em coma, e Ji-hoon estaria em uma turnê com o BTS.

Jin podia ser bem cirúrgico em suas respostas mas sabia lidar com bom humor.

— Recentemente saíram algumas fotos suas com a atriz Su-hi. Essa relação vai além das telas? – outro repórter pergunta com um sorriso sugestivo.

— Su-hi é uma artista completa e está fazendo um ótimo trabalho. E é muito confortável trabalhar com ela, e respondendo sobre as fotos, acho que colegas de trabalho podem sair juntos, e compartilhar seu ideias sobre a trama, afinal nossa diretora preza muito pela nossa opinião em cena.

— Por falar em Da-yun, ela tem a fama de ser bem durona e exigente.

— Se ela quer um trabalho decente, no mínimo precisa ser exigente – Jin responde — Mas acho que ela está encantada com meu talento e minha beleza pois anda bem legal.

Da outra sala assistindo a entrevista Da-yun dá uma gargalhada sincera.

— Ele é ridículo!

A coletiva terminou e quando Jin passou pela sala de espera recebeu um olhar fuzilante da diretora. Ela ficava bonita com aquela cara séria. Bonita demais.

— O que foi? Não contei nenhum Spoiler e nenhuma mentira. – ele ergue as mãos em forma de rendição.

— Você esquece que posso te mandar embora.

— Aí você não terminaria a série. – Jin mostra a língua a provocando — Está com fome?

— Uhum.

— Conheço um lugar onde podemos almoçar. Quer ir?

— Sim, fará muito bem pra minha carreira ser vista com o mais bonito do mundo. – ela diz irônica e pega sua bolsa passando por ele.

Através dos seus olhos [ Kim Seokjin ]Onde histórias criam vida. Descubra agora