Primeiros Passos

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Ji-hoon sentia que algo havia mudado dentro dele, e seu silencio diante dos seus dias naquele hospital apenas confirmava isso. O jovem apenas respondia quando solicitado e seguia copiosamente sua rotina de fisioterapia.

— Bom dia, Ji-hoon - Eun-ji entrou na sala e o moreno revirou os olhos minunciosamente.

Todo dia no mesmo horário aquela médica aparecia em seu quarto e dizia coisas que deveriam animá-lo. Sua mãe havia dito que ela tinha essa rotina desde o dia do seu acidente, e que foi a insistência dela que o fazia estar acordado e se recuperando.

— Como você está se sentindo hoje? - ela perguntou e apenas recebeu um olhar do paciente.

Desde o dia que acordou as respostas que Eun-ji obtinha era apenas o básico e alguns maneares de cabeça e as vezes disfarçadamente captava alguns sorrisos involuntários. A médica se questionava se isso era de alguma forma culpa sua, talvez o desejo dele não teria sido voltar.

— Eu preciso ir para fisioterapia hoje? - a pergunta de repente a assustou mas logo seu rosto se suavizou em um sorriso.

— Você não está afim hoje? - ele assente — Poxa, seu desempenho está sendo tão significativo e seu corpo está correspondendo tão bem, mas entendo que você possa estar cansado dessa rotina, e da minha cara. Mas prometo que está acabando.

Ji- hoon não respondeu apenas torceu os lábios segurando o sorrisinho que estava prestes a se formar.

— Mas podemos fazer um combinado?... Não, não me venha com essa cara de pouco caso. - Eun-ji cruza os braços forçando uma cara mais séria. — Te salvarei da sua sessão de fisioterapia, porém podemos fazer outra atividade, mais tranquila e que habilite seu corpo também.

— Tudo bem. - Ji-hoon responde depois de soltar uma lufada de ar bem generosa. — O que vamos fazer?

— Vamos caminhar no jardim, e lá vou te propor uma surpresa. - ela sorri singela.

— Propor uma surpresa? Tem certeza de que isso existe?

Eun-ji sorri.

— Você verá.

Com a assistência da médica Ji-hoon caminhou até o jardim daquele hospital, qual já estava entojado de encarar as paredes das mesmas cores. Seus passos ainda eram atrapalhados, mas como Eun-ji havia uma grande melhora no trabalho evolutivo da sua coordenação motora. O jardim era um complexo grande,semelhante como clinicas de reabilitação, não que ele já estivesse em alguma. Mas a paz daquele lugar era relaxante, e tudo era mais que incrível além de paredes brancas e azuis.

Ao chegar no gramado, Ji-hoon retirou seus sapatos, tendo contato totalmente com a grama verde recém cortada. Dessa vez seu sorriso genuíno não foi reprimido. Eun-ji desenlaçou seu braço do dele, deixando o totalmente livre naquele momento particular. Ela se sentou em um banco próximo e admirou cada segundo daquela cena, era como se tivesse vendo uma criança aprendendo seus primeiros passos e contatos com a natureza.

O vento soprava no cabelo de Ji-hoon enquanto ele se concentrava os seus exercícios diários, e sentia uma paz libertadora. E pela primeira vez estando naquele hospital ele se sentiu grato. Grato por estar vivo, e por ser capaz de viver todos aqueles mistos de emoções, e apreciar como se tudo fosse novidade, talvez essa fosse a grande cartada da sua vida. Apesar de ter tido uma grande e boa vida, ele nunca se sentiu grato por tê-la.

Aproveitando sua conexão com a gratidão, ele olhou para trás, e sorriu ao ver a médica parecendo uma mãe orgulhosa. Ele refez o trajeto e sentou-se ao lado de Eun-ji. Um breve silencio se fez até que ele finalmente falou.

Através dos seus olhos [ Kim Seokjin ]Onde histórias criam vida. Descubra agora