Capítulo 20 ✨

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Quando chegaram ao supermercado Brunna desceu da moto e suas pernas estavam bambas, mas não sabia dizer se foi por medo da viagem ou por ter estado tão próxima a Ludmilla , praticamente grudada em suas costas.

- Então, foi tão ruim assim andar de moto?

-Você me prometeu que não ia correr.

- Mas não corri, em situações normais ando
muito mais rápido que isso.

Ludmilla só podia estar de brincadeira,
ninguém anda tão rápido assim de moto pela cidade né?! Ou será que andam? Se fosse assim teria que dar uns puxões de orelha nela. Aquilo era perigoso. Foram até a entrada do supermercado e pegaram um carrinho. Brunna também tinha
que pegar umas poucas coisas, mas seria
rápido.

- Vamos pegar suas coisas primeiro. Já vou
dizendo o que vai na receita.

Foram caminhando entre as prateleiras,
pegaram leite, ovos, óleo e farinha, depois
passaram na área dos lacticínios, pegaram
queijo e requeijão para o recheio. Ludmilla
era viciada em todo tipo de queijo, queria
panquecas desse sabor. Estava passando pela área onde fica os achocolatados, quando Ludmilla parou por ali e ficou olhando. Haviam chegado em casa. A volta pareceu a Brunna bem mais rápida que à ida ao supermercado. Quando desceu da moto não conseguia conter o sorriso, tinha sido muito bom apesar do medo, muito bom mesmo. A garota notou o contentamento dela.

- Parece que já se acostumou como passeio,
foi legal né?

- Se você não tivesse corrido tanto, até que
seria.

- Eu não corri, é você que não está
acostumada, mas vejo pela sua cara que
gostou.

- Eu gostei mesmo, nunca pensei que andar de moto fosse tão divertido.

Então Brunna para de falar e se da conta que havia sido divertido não só pela moto, mas por tudo, pela companhia de Ludmilla, pelas compras que fizeram juntas, por ter ido abraçada a cintura da outra. Sentiu um mal estar súbito nesse momento, isso não podia estar acontecendo, não podia sentir o que sentia pela garota, as mãos começaram a ficar frias e úmidas, nessa hora achou que ia desfalecer.

- Brunna. Você tem comido direito? Tá tão
pálida, vem cá, oque  esta sentindo? - Ludmilla se aproxima para apoiar brunna,
segura ela pelos ombros e pega na mão gelada.

- Caramba, tua mão tá muito fria. Você precisa sentar, quer que te leve em casa?

- Não, por favor, não quero ficar sozinha
agora.

- Vem comigo, vamos pra minha casa.

Entraram na casa de Ludmilla, e ela deitou no sofá, a cabeça rodava, a constatação de que poderia estar sentido algo mais que amizade pela garota a deixou totalmente abalada. Além de ser casada. que chances ela teria com uma mulher como Ludmilla, linda, independente e talvez cheia de rapazes interessados. Estava tão absorta nesses pensamentos que não viu quando a outra voltou com um copo de água.
- Aqui Brunna, bebe tudo devagar. Como se
sente? O que aconteceu?

Não aconteceu nada, só acho que estou
apaixonada por você. Pensou, mas lógico
que não poderia dizer isso.

- Acho que minha pressão deve ter caído, isso acontece às vezes.

- Nossa Brunna porque não me avisou? Você
podia mesmo ter caído do moto..

- Já passou Ludmilla, obrigada pela sua
preocupação. Acho que já posso levantar.

- Não mesmo, fica mais um pouco, você ainda esta pálida. Vou buscar algo para comer. Não levante, ok?

Se encostou ainda mais no sofá, estava se
sentindo um pouco melhor, pelo menos
fisicamente, mas emocionalmente estava a
beira do caos, como se estivesse perto de um abismo e qualquer passo errado a fizesse cair. Fechou os olhos com desespero. Ludmilla tinha voltado e trazido com ela um sanduíche de queijo. Comeu mesmo por insistência dela, a comida parecia não ter nenhum gosto. Por fim se levantou, não podia ficar o dia todo ali deitada.

- Tem certeza que está bem?

- Estou sim Lud, não se preocupe, foi só
uma queda de pressão, mas estou melhor.

- Posso te levar até o hospital se quiser.

- Não, estou bem. Vamos fazer suas
panquecas?

O olhar preocupado de Ludmilla acabou
tocando fundo no coração de Brunna, quando havia sido a ultima vez que alguém tinha se preocupado assim com ela? Nem lembrava mais.

- Podemos deixar para outro dia.

- Não Ludmilla, você vai ter sua aula de
panquecas hoje.

- Haha, você dura na queda em heim?!

- Então vamos lá, mas qualquer coisa e nos
paramos, certo? - Foram até a cozinha, Brunna não precisava de nenhuma receita escrita, sabia fazer muitas coisas de cabeça. Começou a dar instruções.

- Pegue seu liquidificador, vamos jogar os
ingredientes ali dentro... Assim não Ludmilla, você nunca joga os ovos diretos na receita, eles podem estar estragados...menos sal, senão isso vai ficar uma salmora...calma, cuidado com essa farinha...

Nesse momento Ludmilla começa uma guerra de farinha com Brunna, que revida enchendo o cabelo da outra com aquele pó branco, por fim a cozinha estava uma zona, mas as panquecas feitas. Deram muitas risadas, principalmente pela falta de jeito que a garota tinha para cozinhar.

- Você nunca cozinhou? Que desastre você é.

- Meu nível de culinária se resume a
pegar algo congelado no freezer e jogar no
microondas, mas quando morava com minha avó eu comia algo mais saudável e tinha panquecas toda semana.

- Você visita sempre a sua avó? - Aquela sombra de tristeza que tinha visto no rosto de Ludmilla outro dia, apareceu dessa vez também.

- Não tanto quanto gostaria. Eu amo ela,
mas temos algumas desavenças sobre alguns assuntos.

- Sinto muito Ludmilla. - E ela sentia mesmo, sua familia também era muito distante, quase nunca visitava os pais e eles nunca vinham até sua casa.

- Tudo bem Bru. Vem comigo na sala, vou te
contar um pouco sobre minha vida. Sabe de
uma coisa? Preciso tomar cuidado com você, esse seu olhar tranquilo e meigo
me leva a falar coisas que nunca contei
a ninguém, mas acho que vai ser bom
desabafar.

Foi para sala segurando a mão da garota e
aquele calor acolhedor se espalhando por todo corpo. Estava atordo ada, desesperada e por incrível que pareça, feliz.

A Mulher Do Pastor Onde histórias criam vida. Descubra agora