O passado merece ser esquecido. - 12

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O dia de Yumiko começou cedo, os passarinhos locais já começavam a cantar melodias suaves mas que para alguém cansado, poderia ser irritante.
Com um suspiro arrastado, a moça tirou o travesseiro que, de alguma forma, tinha parado acima da sua cabeça, não abaixo da mesma. Não tinha nada pra fazer no dia, pelo o menos, não sabia de algo que precisava ser feito; Não teria aula no dia e provavelmente nennhuma interação social; então, a moça se levantou e fez o de sempre, escovou os dentes, lavou o rosto... A higiene básica de uma pessoa.

Ao sair do seu dormitório, não demorou para ver os cabelinhos brancos de uma certa pessoa no fundo do corredor virando para a esquerda na direção da cozinha.

A vontade de evitar o contato visual com o albino era algo gigantesco, mas o vazio no seu estômago parecia gritar assim como um monstrinho criado em cativeiro, então a sua única opção era enfrentar o que temia.

Entrou na cozinha sorrateiramente, evitando até de chamar a atenção do rapaz, que estava erguendo um dos braços para abrir o armário próximo ao teto e pegar algum docinho que provavelmente o deixaria como uma criança encapetada em alguns minutos.

Yumiko chegou perto da cafeteira e colocou uma quantidade até um pouco exagerada de café no copo, e se sentou no canto mais próximo da parede o possível para tomar a bebida.

- tá me evitando é garota? Que iiiisso, não sabia que do dia pra noite eu tinha virado repelente de mulher - brincou Satoru, que com um pacote de balas em sua mão, também se sentando junto da moça, numa cadeira desconfortávelmente próxima da morena.

- não é isso, é só que- é meio difícil olhar pra sua cara agora - respondeu com um olhar meio baixo, ficando apenas no líquido escuro que estava lá, quente, no seu copo. - não e como se eu tivesse cometido um crime mas sabe, é meio estranho - disse tomando um gole do café, que ainda estava quente e até um pouco amargo demais.

- olha, querendo ou não fui eu que quis olhar seu caderninho, então... Não dá pra dizer que foi sua culpa, sabe? - o de olhos claros sorriu, não antes de jogar uma balinha para dentro de sua boca - se você quisesse, a gente poderia até fazer funcionar sabe~

- ... - foi como um leve arrepio, que percorreu da raiz de seus cabelos até o final da espinha, mas tudo parecia meio... Estranho, não parecia ser algo natural do rapaz, só mais alguma de suas brincadeiras idiotas que mexem com os sentimentos das garotas que estão em volta dele - eu.... Não obrigada

- qual foi gatinha! Eu sei que o Suguru deve ter dito que eu sou infiel (o que é meio verdade..) mas eu poderia até tentar sabe? - o rapaz suspirou, parecendo que até ia pegar um tom mais sério nas suas falas - além disso, eu me importo muito com você, não é como se eu fosse um babacão o tempo todo, eu só... Não consigo me apegar sabe?

- e esse é o problema, Satoru. - a moça evitou ficar com raiva, mas mesmo assim, sentiu seu maxilar trancar um pouco quando cerrou seus dentes com um pouco de força demais. - faz tempo que eu não sei o que é... Sabe, confiar em alguém direito, e por mais que eu fique, porra, vidrada no seu jeitinho filho duma puta, isso já aconteceu uma vez- ou melhor, várias vezes, e eu já me fodi bastante em todas elas!

Ao notar o silêncio do rapaz, Yumiko finalizou seu café e colocou o copo na pia, e quando estava prestes a passar pelo batente da porta e sair, sentiu seu pulso ser segurado por uma mão.

- ei, calma, eu... Não sabia disso, você pode pelo o menos me contar sobre? As vezes... Uh... Desabafar é bom..?

- que porra é essa, Gōjo? Você nunca faz essas coisas, e agora só porque você leu o meu bendito caderninho tá tentando entrosar? Não fode. - Yumiko puxou seu pulso com força, mas o rapaz também não cedeu. - eu disse, não fode. Desencosta moleque.

Memórias de um futuro distante - Jujutsu KaisenOnde histórias criam vida. Descubra agora