65- Esfriamento

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Aether

À medida que o tempo avançava, percebia mudanças nele, meu amor. Uma nuvem de silêncio envolvia meus dias, uma dele ocupação constante que deixava poucos espaços para nossa conexão. Para me ver...

Em um momento tão delicado, enquanto me encontrava no hospital, ferido e vulnerável, senti um aperto no coração ao notar a crescente distância. Por que ele havia sumido do nada? Será que ele desistiu de mim? Após aquele discurso?

Ele parecia sempre imerso em outras ocupações, e a proximidade que antes compartilhávamos dava lugar a um vazio desconcertante, eu imaginava que a única ocupação dele era trabalhar e me ver. Talvez eu esteja sendo narcisita, talvez... Mas porra, já faziam 15 dias que ele nem tinha dado um passo de quer aqui.

A incerteza pairava no ar, deixando-me questionando se algo que fiz havia contribuído para essa mudança sutil, enquanto tentava compreender os motivos por trás desse afastamento repentino.

Eu estava numa maca, e meu namorado do nada sumiu, no momento onde eu estou frágil, e não posso dar atenção para ele. Ele provavelmente encontrou alguém...

Esses pensamentos assombram minha mente, sempre retornando como sombras indesejadas. A dúvida insidiosa de se ele encontrou alguém novo se torna uma presença constante, corroendo minha paz interior, no caso, acho que nunca tive.

É difícil não me culpar, refletindo sobre cada erro cometido, eu realmente fudi com a vida dele, cada momento em que poderia ter feito diferente. Às vezes, parece quase lógico que ele possa ter encontrado alguém melhor do que eu, alguém mais capaz de preencher suas necessidades e expectativas, alguém realmente perfeito.

Essa auto-crítica implacável se entrelaça com a dor da possível traição, eu já estou paranoico, eu pareço um doio criando uma teia de angústia que me consome. Por que ele sumiu? Por que ele não veio, por que meus amigos não falam nada sobre ele para mim.

Cada pensamento, cada pequeno detalhe, é analisado em busca de indícios que confirmem meus medos mais profundos. É uma jornada tortuosa, onde a insegurança e a autopiedade se misturam, obscurecendo qualquer vislumbre de esperança.

A traição, se ocorrer, despertará uma fúria intensa dentro de mim. A lembrança da noite em que ele declarou seu amor diante do doutor, prometendo ficar para sempre, torna a ideia de uma possível traição ainda mais distante, eu juro que mato esse homem...

Se aquelas palavras forem falsas, prometo a mim mesmo que farei com que ele sinta a dor que estou experimentando. As palavras afiadas que perfuram como facas serão a minha arma, esculpindo feridas emocionais tão profundas quanto as que ele poderia causar.

A lealdade prometida não pode ser traída impunemente, e a dor que ele possa sentir será a resposta direta à quebra da confiança e do amor jurado.

Os pensamentos tumultuados invadiam minha mente, deixando-me vermelho de raiva, enquanto o olhar peculiar do doutor testemunhava minha frustração. E eu provavelmente estava vermelho de ódio.

Mesmo na vulnerabilidade da maca, a ira pulsava dentro de mim. No entanto, agora, em um sinal promissor, conseguia me erguer, uma melhoria que apontava para um caminho de recuperação. As coisas estavam se alinhando conforme o esperado, e a perspectiva de receber alta despontava como um raio de luz após a tempestade.

Vi meu melhor amigo, Cyno, entrar no quarto do hospital, mas desta vez estava sem tighnari, como sempre ele está.

"Oi Aether!" Ele disse entrando e sorrindo.

Ao ele entrar na sala o doutor saiu delaz me deixando sozinho para ter as conversas que eu precisava com meu amigo, achei bem respeitoso.

"Oii Cyno..." Sorri para ele, tentando tirar da cara aquele rancor que eu guardei apenas só pensando, sem certezas, como sou idiota..

"A... Que foi?" Ele perguntou para mim levantando uma sombrancelha e se sentando numa cadeira próxima da maca, onde Xiao deveria estar hoje.

O doutor retornou à sala em busca de uma prancheta, e, nesse breve intervalo, meu amigo fez uma pergunta que ficou suspensa no ar. No entanto, mergulhados na observação silenciosa, nossos olhares seguiram o doutor até que ele saísse novamente. O momento escapou sem uma resposta, mas a dinâmica entre nós era uma tapeçaria de sentimentos não expressos, aguardando uma oportunidade para não serem desdobrados.

"Ah... Como você tem estado hein?" Perguntei para ele sorridente, e tentando mudar ao máximo para meu habitual.

"De boa... E você?" Ele perguntou para mim sorrindo também.

"Indo... E aí? Com o Tighari?" Perguntei a ele.

"Bom, estamos muito bem, mas eu andei com a mente ocupada com pensamentos sobre a mafia russa." Ele disse parecendo se sincero comigo.

"Que bom que estão bem... Olha Cyno, não quero que ocupe sua mente com isso, não faça que nem eu." Eu disse para ele, eu sabia que eu iria causar problemas pros outros, era impossível ser totalmente silencioso ao ser esfaqueado.

"Ah... Você está correto." Ele falou daquele jeito, nem parecia o Cyno habitual que eu conhecia. "Aether, eu só andei puto..." É, agora sim é ele.

"Eu sei Cyno, mas não deixa isso te consumir, faz muito mal." Eu disse para ele sendo honesto, isso é péssimo.

"Por isso tô vindo te visitar cara, quero que cê melhore logo, você é meu parça, eu não sou nada sem ti mano, só de imaginar que você poderia ter morrido naquela noite... Pra ser sincero, nem dá pra imaginar como seria sem você." Ele disse para mim."Você nos uniu, você é o sol do grupo pô."

"Pelo menos você tem vindo..." Eu disse sorrindo fraco, logo percebi o que havia acabado de falar.

"Sim... Pera, como assim?" Ele me questionou preocupado.

"Ah... Não, é que... O Xiao não tem vindo me ver, eu fiquei tão perplexo, deixei isso me consumir, fiquei tão estressado, eu estou aqui totalmente vulnerável em uma parte delicada da minha vida, e ele está ausente justo quando estou melhorando?" Eu disse, sendo honesto, não chorei, mas eu me sentia magoado."Foram 15 dias."

"Ah... Eu vejo.." ele disse e pareceu ficar quieto quando eu toquei no assunto sobre o Xiao.

"O que foi? Você sabe de alguma coisa Cyno?" Eu perguntei para ele, e vi ele arregalar os olhos enquanto olhava para seus sapatos, ao ouvir aquilo. "O que houve?"

"Ah... Aether eu sinto muito, mas eu não posso te dizer nada... Eu adoraria ajudar mas..." Ele disse para mim travando ao olhar para mim.

"Mas... Mas o que?! Ei Cyno, não faz isso, fala o que ele tem?" Eu perguntei para ele nervoso."Se quer ajudar, fala logo."

"Eu não posso... Foi mal aí." Ele disse olhando para mim. "Você que precisa descobrir isso, eu não conseguiria contar." Ele disse para mim, e parecia neutro.

Não conseguiria me contar? Está certo.
Então ele está com um novo alguém.

Eu entendo, coitado do moreno, tentou não me contar, por que teria medo de parecer intervir na relação, ou se intrometer por que ele é amigo dos dois, ele não poderia me contar, eu teria que testemunhar...

A compreensão toma conta de mim, reconhecendo a posição delicada do meu amigo moreno. Seus esforços para não me contar revelam uma preocupação genuína, uma hesitação enraizada no receio de parecer intrometido ou de interferir na dinâmica da nossa relação. Sua lealdade, ao ser amigo de ambos, o impede de desempenhar o papel de mensageiro, e, portanto, resta-me testemunhar os acontecimentos, enfrentando as realidades que se desdobram diante de mim.

Eu não imaginei que Cyno agiria assim com medo de ficar numa posição confusa, imaginei que ele me defenderia.

Mas está certo... Eu irei descobrir, me espere receber alta, Xiao.

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1305 palavras.

Obrigado galera, boa noite pra vcs.

Nn postei ontem, sorry, esperem.
Vem coisa hein, n vou dizer se é boa ou ruim.

Bjooo, boa noite
Amo vcs, tchau

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Entre Beijos E FotografiasOnde histórias criam vida. Descubra agora