Me Senti Usada

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Melissa

Sexta-feira, seis da tarde, fim do expediente de uma semana inteira de tédio, choro, e vontade de me jogar em baixo do primeiro ônibus que passasse, mas sempre que eu olhava pra aqueles ônibus vermelhos de dois andares eu falava pra mim mesma.

- Essa porra vai doer demais.

Então eu olhava pro Ipanema e ia encher a cara, o bom é que tenho dormido no estúdio que é praticamente vizinho do bar, eu podia ficar bêbada com a certeza que chegaria em “casa”, eu ainda estava de ressaca do happy hour de ontem e pensei “hoje é dia de dormir cedo” mas entrei no facebook e vi que estava rolando uma social no meu apartamento com a Ana, Liam e Dany tomando um belo Jack daniel’s.

- Que bom que você ta se divertindo, espero que engasgue com o whisky e MORRA. – Gritei encarando a tela do computador, vendo a Ana.

Embora ela não estivesse com uma cara de felicidade na foto, algo em mim queria que estivesse pior, talvez isso me faça uma pessoa ruim, mas eu queria mesmo que ela estivesse sofrendo, ou eu apenas estava procurando um motivo pra beber mais, faltava uma semana pra minha exposição e eu estava louca, e não é do tipo figurativamente, eu estava mesmo louca, o que eu fiz essa semana além de beber? Fui no salão e fiz luzes e uma franja, eu estou parecendo uma versão minha com 15 anos, quando eu me olho no espelho é como se eu estivesse vendo a Melissa adolescente me dizendo “Qual a coisa mais louca que você já fez?” então eu pensava na coisa mais louca que já havia feito e saia a noite pra tentar bater meu próprio recorde. Desliguei o computador e fui tomar banho, ao sair da ducha me encarei no espelho e passou aquela frase na cabeça.

- Hoje pra superar a coisa mais louca que já fiz eu teria que me matar, então vamos pro básico? – Fiquei olhando o meu reflexo de cabelos molhados no espelho e completei. – Encher a cara me parece certo.

E foi o que eu fiz, vesti um jeans qualquer e uma blusa azul, coloquei um all star velho e fui caminhando até o Ipanema, estava muito frio e lembrei que havia esquecido o casaco, as vezes esqueço que não estou no Brasil, onde podemos andar quase pelados e ainda sentir calor, por sorte que como eu disse, o bar fica praticamente ao lado do estúdio. Quando cheguei lá, em nada parecia com as noites de quinta, o Ipanema estava praticamente vazio, às 19:30h, salva-se duas mesas que estavam ocupadas.

- Melissa, pensei que não ia aparece hoje. – Disse o Matt, o garçom gatinho do turno da noite, ta bom vai, gatinho não, ele é um gostoso, barba por fazer, provavelmente um tanquinho por baixo daquele uniforme, olhos verdes e um cabelo preto estrategicamente penteado pra cima.

- Há boatos que eu vim apenas pra olhar pros seus belos olhos. – Falei rindo.

- Essa é por conta da casa. – Disse ele colocando uma dose de tequila pra mim.

- Assim eu me apaixono viu? – Respondi sentando no balcão mesmo, sem pensar duas vezes mandei a tequila pra dentro, o que foi bom, porque eu estava com frio e aquilo me esquentou um pouco.

- Mais uma? – Perguntou ele.

- Por enquanto só uma cerveja.

Ele riu, me trouxe a cerveja e foi servir uma das mesas ocupadas por dois rapazes.

- Champanhe, que chique. – Falei ao ver o Matt levando uma garrafa pros dois.

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