Sabe

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Sabe by Ana Gabriela

Gente, mil perdões pela demora, vcs sabem que eu não sou assim kkkkk acontece que eu coloquei um monte de ideia no papel pra essa fic, mas fui escrevendo partilhar e saí da vibe e da timeline de Sereia, foi difícil pra voltar mas aqui estou... (vou tentar ajustar a timeline dela pra Partilhar o mais rápido possível)

...

Júlia POV

A saudade é um sentimento que eu não desejo ao meu pior inimigo. É muito pior que um coração partido, que uma ferida aberta, a saudade ela corrói muito mais. E é devagar, sem ninguém perceber, começa com uma pontada de leve junto com um sentimento bom, uma nostalgia. Quando vê, o ser humano já está no fundo do poço sem previsão de subir.

Era assim que eu me sentia enquanto agarrava o urso de pelúcia que Roberta me deu quando viajamos pra Gramado com sua família nas férias do ano passado. Aquele ursinho era a única coisa que tinha o cheirinho dela, isso porque eu fiz questão de encher de perfume, de deixar guardado no guarda roupa dela ou na mala junto com suas roupas o maior tempo que eu consegui. Hoje é esse brinquedo que me dá paz ao mesmo tempo que arranca meu peito fora com a lembrança do que não posso ter.

Enxuguei um pouco as lágrimas e peguei o celular, normalmente eu não mandava mensagem quando eu sabia que ela estava dormindo, mas hoje a saudade estava insuportável então precisava comunicar de alguma forma.

"Linda," comecei o áudio e o choro atrapalhou minha fala. "que saudade de te chamar assim." minha voz saiu fina. "Eu não tô aguentando, eu vou fazer uma besteira, nem o Beto tá me ajudando mais." Olhei pro ursinho que tinha seus pêlos molhados das minhas lágrimas. "Quem foi que inventou esse negócio de distancia? Quem que inventou isso de clube de vôlei? Me diz que eu mando matar agora!" Eu ri sem humor e funguei aproveitando a pausa do meu choro pra me elaborar mais. "Hoje uma das meninas falou que odeia abacate porque ela não sabe se é doce ou salgado... só lembrei de você... que raiva, Roberta! Tudo me lembra você. Deixa eu fazer uma besteira, deixa."

Deixei o celular cair da minha mão quando terminei o áudio. Me levantei pra ir ao banheiro e não pude deixar de me olhar no espelho, acho que uma boa crise de choro não é real se não tiver um breve momento em que você se olha no espelho pra ver se fica feia chorando. Não fico, fazer o que!

Escutei meu celular vibrando e corri mais que corri pra bloquear, voei em cima da cama e peguei meu celular. Era ela, era ela! Se controla Júlia!

"Roberta." Eu arrastei minha voz quando atendi, meu choro logo voltou a me atingir quando vi seu rostinho encostado no travesseiro, só a luz do celular iluminava seu rosto.

"Linda, o que houve?" Ela perguntou preocupada. "Eu tinha acordado pra ir ao banheiro e chequei meu celular e tinha esse áudio seu, o que aconteceu?"  Se virou pra cima ajeitando o celular.

"Eu tô com saudade, linda." Arrastei a mão nos olhos pra secar as lágrimas e senti o sal arranhando minha pele. "Eu quero você."

"Meu amor, não faz isso comigo, por favor!" Ela fechou os olhos momentaneamente. "Eu também tô com saudade de você."

"Eu vou pra aí." Falei como se fosse a coisa mais simples do mundo, eu seria capaz de ir mesmo.

"Para, Ju, para." Ela pediu, ela sabia que eu estava me apoiando em uma solução que nunca ia acontecer. Eu nunca poderia ir até ela. "O que tá acontecendo? Você não tava assim quando eu te liguei segunda." Franziu o cenho e ficou me observando como se tentasse me desvendar.

"É, mas hoje é quinta, Roberta! Eu preciso de mais do que um dia na semana!" Reclamei como se eu tivesse alguma razão.

"Foi o que combinamos, não é que eu tô fazendo pouco de você, foi o que a gente achou melhor." Ela acabou com meu drama rapidinho. Eu voltei a chorar. "Amor, você tá bem?" Ela perguntou preocupada. "Ah peraí, já sei!" Mudou o tom de repente e eu fiquei esperando enquanto ela me parecia animada e olhava algo em seu celular que não era a ligação. "Sabia! Cê tá de TPM, ô maluca, já te falei mil vezes pra você colocar notificação no teu aplicativo pra saber os dias."

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