Sereia.

Hate To See Your Heart Break

Hate to see your heart break by Paramore

A fic tá pesadinha porque estamos chegando no final dela. Existe muito futuro pra elas, afinal estão no comecinho do relacionamento mas preciso terminar toda essa fase pra se, talvez, eu queira escrever mais sobre o futuro delas em outra temporada.

...

Júlia POV

"Será que tu divide a dor..." escutava Roberta cantarolando na cozinha enquanto fazia almoço. Chegamos ontem à noite e ainda não trocamos uma palavra desde que fomos dormir pós casamento das meninas, isso é o máximo que já nos ignoramos em uma briga. Já estava ridículo nós duas tentando sobreviver nesse apartamento minúsculo sem nos olhar nos olhos. Como eu já pretendia passar a maior parte do meu dia no segundo quarto, eu dormi na cama de solteiro.

Agora que Roberta estava fazendo o almoço, eu colocava algumas coisas pra fora no meu diário, que já estava quase cheio com apenas alguns meses que comecei escrever nele. Meu estômago doía de fome, eu não sabia se ela estava fazendo comida pra mim também mas estava sem coragem de quebrar o silêncio perguntando sobre isso. O cheiro estava uma delícia. Fiquei criando motivos na minha cabeça pra ir na cozinha ou falar com ela pra perguntar. Não precisei de motivo, ouvi ela servindo a mesa com pratos e talheres e já corri pra lá, antes que a fome me matasse. Eu quase abracei ela quando vi o empadão de frango que nós esperava na mesa, ela fez até um coração na massa, aquilo me fez sorrir de leve.

"Senta." Ela falou desligando a música no seu celular e se aproximando da mesa. "É uma bandeira branca de paz." Apontou pro empadão e eu soltei uma risada. "A gente precisa conversar sobre tudo isso." Eu assenti e me sentei de frente pra ela. Partiu um pedaço e colocou no meu prato, não esperei ela pra comer, estava faminta. "Eu reconheço meus erros, tá bom? Eu preciso que você saiba reconhecer os seus também." Falou naturalmente enquanto se servia, como se fosse o assunto próprio pra refeição.

"O que você acha que foi meu erro?" Não queria que ela julgasse errado minhas intenções.

"Me confundir foi o grande erro." Antes que eu perguntasse do que ela estava falando, ela já começou. "Uma hora eu não posso ter ciúmes, outra hora você quer que eu tenha, aí depois você que tem. Outra, quando a gente voltou você me contou o que aconteceu contigo porque achou melhor que eu soubesse, depois você tinha repulsa de falar sobre o assunto comigo mas mesmo assim, eu tenho que adivinhar quando você vai ter algum gatilho ou quando algo for impróprio de fazer."

"Isso não tem nada a ver-" não estava entendendo onde ela estava querendo chegar.

"Tem, você não queria que eu bebesse tanto por conta da experiência que você teve com a bebida, e eu admiro sua proteção, Júlia. Mas ali eu estava segura, eu tinha pessoas conhecidas a minha volta, eu sabia o que eu tava fazendo."

"Eu também achava que sabia."

"Você provavelmente sabia, até porque nada do que aconteceu foi culpa sua ou da bebida, foi um crime." Aquela grandiosidade de palavra não combinava muito com meu vocabulário e eu odiava quando ela repetia isso. "Eu não consigo lidar com seu trauma quando ele é um assunto proibido, você precisa de um profissional, Ju, você não tá melhorando e o tempo tá passando." Eu olhei pro meu prato envergonhada das acusações. "Eu não tô falando pra te ofender, eu tô sendo sincera." E eu sabia que sim e sabia que ela estava certa, mas isso não fazia ser mais fácil.

"É impossível melhorar," engoli em seco sentindo aquela queimação na garganta. "eu vejo ele em todo lugar, ele tá em toda parte." Confessei fechando os olhos sem querer ver sua reação, ela iria me matar quando soubesse.