Cartas Pra Você

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Cartas pra você by NXZero

Surgiram algumas dúvidas sobre o caso da Júlia, não é nada de outro mundo, ela está simplesmente se abstendo da realidade quando fica dura demais de suportar. Como outras pessoas bebem pra superar um término, Júlia também tentou esquecer a dor que sentia. Ela aceitar drogas, amizades estranhas ou bebida quando tá nesse estado quer dizer que ela faz coisas que nunca teria coragem de fazer "sóbria", inclusive falar com Roberta. É como se ela estivesse tendo um ataque de pânico sem os sinais que normalmente vemos, quando o corpo não aguenta mais tanta ansiedade e ele tenta desligar, ela esquece depois porque seu consciente não suportaria tanto estímulo de novo. Ela não está dormindo, ou igual zumbi, ela está acordada e bem, com toda sua dor na palma da mão e tomando decisões erradas pra superar.

...

Júlia POV

"Prometo que tô bem! Eu não quero atrapalhar o momento em família de vocês, eu ligo se eu precisar de alguma coisa." Colocava minhas coisas na mochila enquanto Gabi estava sentada em uma das camas das gêmeas onde eu dormi na noite anterior.

"Ta, eu vou te deixar em casa então." Ofereceu e eu assenti. Meu carro teve que ser rebocado após eu perder a chave naquele bar e estava em uma oficina. "Vamo fazer algo então, compartilha sua localização comigo, eu prometo que não vou ficar te vigiando, é pra só pra se-" a interrompi pegando meu celular e enviando solicitação pra ela receber minha localização.

"Tá bom, compartilhei." Nem queria discutir, sabia que precisava de um par de olhos a mais.

"Vamos, vou parar pra gente comprar um jantar pra você, tá? Não se preocupa que eu pago." Outra coisa que foi um problema, foi que eu perdi minha bolsa, na verdade, devo ter sido roubada, né! Tive uma compra de quase 3 mil no bar que eu estava então tive que cancelar todos os meus cartões e ainda inventar uma desculpa pro meu pai que era dono de um dos cartões dizendo que eu tinha perdido na rua. Ainda tinha que ir no banco pra sacar dinheiro enquanto o novo cartão não era aprovado. Que dor de cabeça que isso me deu!

"Brigada." Sorri agradecida pra ela.

Gabi cuidou de mim nas horas que passei no hospital, ela não julgou minhas ações, ofereceu tudo o que podia, conversou seriamente comigo sobre ver um psiquiatra e não tratar esses episódios com leveza. Foi dolorido sequer pensar que eu precisava de um psiquiatra, de remédio talvez, mas ela foi tão gentil e compreensiva que tive a sensação que não era algo tão obscuro assim procurar um profissional.

Eu ia me arrepender rápido demais de ter dispensado sua casa pra dormir. O quarto das gêmeas que parecia confortável e convidativo foi trocado pelo meu cinza e velho. Não sei dizer quantas vezes acordei de madrugada por causa de um pesadelo, suada, confusa e extremamente assustada como se alguém estivesse me olhando ou colocando aqueles sonhos ruins na minha
mente. Confusa porque o primeiro pesadelo que tive parecia mais uma memória mas quando os sonhos começaram a ficar psicodélicos e impossíveis, eu não consegui decidir se era uma memória ou um pesadelo que minha mente criou.

Era sempre sobre aquele velho que me drogou, sonhei com ele fazendo coisas inimagináveis comigo e com meu corpo, logo a única coisa que eu não queria lembrar ou saber se aconteceu era o que atormentava minha mente. Depois de algumas vezes sendo acordada pelo mesmo pesadelo, resolvi que não iria mais dormir. Sentei no sofá e liguei na última série que estava assistindo, Lenda de Korra, justamente por ser algo mais leve e divertido. Acabei adormecendo no sofá e acordando com meu despertador às 8 da manhã. Tinha treino às 9:30 e Gabi estaria aqui 9:10, mesmo estando a personificação do cansaço, eu me levantei do conforto do sofá e fiz tudo o que tinha que fazer antes do treino.

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