Sereia.

Nosso Quadro

Nosso Quadro by Ana Castela

(Deposite aqui toda sua energia positiva pro jogo de amanhã)
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Júlia POV

Ótimo, campeãs! Poderíamos muito bem estar focando nisso mas meus pais não passam cinco minutos sem perguntar porque eu e Roberta terminamos. E eu não quero falar, lógico! Não porque eu estou errada, mas porque eles não vão entender o relacionamento aberto que tínhamos. Imagina se eu falo que eu terminei com ela porque ela surtou depois de me ver na cama com outra pessoa? Eles me matam, meu pai principalmente!

Eles tentaram insistir pra que eu falasse com ela, a convidasse pra ceia mesmo estando separadas, só pra ela ter um lugar pra passar o Natal, mas isso seria demais, não estou pronta pra isso. Só de vê-la já me trouxe sentimentos de volta que eu não queria sentir, quero esquecer, mostrar que superei, que ela tem que consertar o que fez, queria ouvir sua desculpa pela forma que me tratou, depois disso eu assumiria qualquer erro que ela quisesse. Mas voltar pro que éramos antes eu acho improvável de acontecer se depender de mim.

"Corta pequeno, Júlia." Minha mãe repetiu apontando pros pedaços de tomate que eu cortava pra ela. "Eu fico pensando... vocês estavam tão bem juntas..." ela começou e eu suspirei largando a faca na tábua. "Ninguém termina assim do nada..."

"Mãe, por favor..."

"Você pode me contar qualquer coisa, Juju, eu quero te ouvir, te ajudar. Eu sei que término não é fácil, principalmente o primeiro." Laura me olhou da outra ponta da cozinha como se esperasse eu falar algo. Meu pai e meu irmão estavam preparando as carnes na parte de trás da casa. "Quem que terminou?"

"Eu." Sussurrei me rendendo a contar, peguei a faca de volta e me distraía com os tomates pra não ter que encarar minha mãe e Laura.

"Então, ela fez alguma coisa que te machucou?"

"Sim, ela me ofendeu."

"A troco de quê? Não vejo Roberta ofendendo ninguém por nada." Laura se meteu e eu revirei os olhos. Eles não veem Roberta fazendo nada de errado.

"Ciúmes."

"Ah, ela é ciumenta?" Minha mãe perguntou, eu neguei. Roberta não era ciumenta até aquele dia em específico, pelo menos não era o tipo tóxica de ciumenta. "Mas o que aconteceu?"

Suspirei. "Prometem que não vão me julgar?" Elas assentiram rapidamente. "A gente tinha um relacionamento aberto." Laura abriu a boca e minha mãe franziu a sobrancelha. "A gente podia ficar com outras pessoas fora do namoro... ela ficou com ciúmes de uma pessoa e me disse coisas horríveis."

"Aberto? Que cachorrada é essa, Júlia Maria?!" Ela reclamou colocando as mãos na cintura.

"Ih, que foi?" Bernardo perguntou entrando na cozinha com meu pai, eu arregalei os olhos.

"Heinz, escuta aqui essa menina falando que namorava um monte de gente quando tava com a Roberta!"

Eu estapeei minha testa. "Um monte de gente não, mãe! A gente tinha um acordo, eu podia e ela também."

"É o quê?" Meu pai fez careta e cruzou os braços. "Eu te criei assim, moleca?!"

"Pai, pelo-" ele me interrompeu.

"Eu tô falando! Que pouca vergonha do caralho, olha a fama que você arranja, Júlia!" Ele falava com uma feição de nojo, eu desviei o olhar e abaixei a cabeça envergonhada. Sabia que eu não devia ter falado nada. "É isso que você faz la na Itália? Ao invés de tá treinando, tá nas festas beijando um monte de gente?" Ele estava realmente bravo, minha mãe já alisava seu braço pra ele não gritar mais.