Imaturo

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Imaturo by Jão

Esse capítulo tem referências de dois capítulos de Partilhar, "Pra Você" e "Que Sorte a Nossa". Leiam se precisarem de mais detalhes.l das conversas citadas.

...

Brasília

Roberta POV

"Você fala." Insisti

"Não, você fala."

"Você." A empurrei pra saída do desembarque em BH e ela quase tropeçou nos próprios pés. Vi seus pais reconhecerem ela de longe e fiquei na esquina da porta, sem sair totalmente. Eles não sabiam que eu tinha vindo, pensavam que eu ia ficar em Curitiba depois de voltarmos juntas da Itália, mas queríamos passar mais tempo com a outra já que passamos alguns meses separadas.

Nesse meio tempo que voltamos, não postamos nada muito na cara que estávamos juntas de verdade, claro, além do que rolou na final do italiano, eu negando o abraço e depois ela me consolando pela derrota. Pra quem sabia da história toda, aquilo foi uma baita incógnita que não esclarecemos totalmente. Passamos bastante tempo juntas daquele dia até voltarmos pro Brasil mas tudo em off, pra não estragar nossa vibe. Júlia estava insegura quanto a seus pais, mesmo que eles me amassem, ela achava que eles iam discutir essa decisão e falar no quanto o nosso término foi bagunçado e que provavelmente não seria a melhor opção pra nós duas. Nos ofendemos muito no término e temíamos que as pessoas vissem nosso relacionamento como tóxico.

Por isso a hesitação em quem iria falar com eles primeiro pra avisar que eu estaria indo passar uns dias com eles também. Júlia tinha que ir, é a família dela.

Eu assistia de longe, ainda escondida atrás da porta de vidro, deixando espaço pra outras pessoas passarem. Ela os abraçou, também Bernardo que estava junto, colocou os cabelos atrás das orelhas, estava nervosa. Eles assentiam ouvindo atentamente até que ela olhou pra trás e essa era minha deixa pra sair com o carrinho das malas, fui como se nada.

A mãe dela abriu um sorriso enorme e já abriu os braços pra me receber, eu senti minhas bochechas queimando e andei sem graça até eles. Ela me abraçou apertado enquanto seu pai tirava minha mão do carrinho de malas pra ele levar.

"Que bom que você tá aqui." Ela falou no abraço, fiquei ainda mais tímida.

"Tô feliz de estar de volta." Ela sorriu pra mim e assentiu, o pai também me abraçou mas nada comparado a sua mãe, foi mais rápido e educado.

"Ela vai passar essa semana lá em casa, tem problema?" Minha namorada perguntou.

"Não tem problema mas a gente vai pra fazenda na sexta, não esquece."

"Sim, ela também vai." Júlia repousou a mão na minha cintura. Olhei rápido pra ela.

"Vou?" Não sabia desse detalhe.

"Vai, uai." Falou como se fosse óbvio. "Eu volto com você pra sua casa se você passar o fim de semana também."

"Pode ser." Ri sem graça ficando tímida com a maneira que ela me olhava.

Já no jantar na área externa da casa deles, estávamos mais soltas, nos deixando tocar mais, abraçar, beijinho na bochecha e esse tipo de coisa permitida entre familiares. Quando o assunto chegou em nós duas, Júlia se fechou logo, não queria falar disso porque não queria que seus pais soubessem do que aconteceu com ela, já eu achava que ela tinha que contar uma hora ou outra mas eu não podia ser a pessoa a fazer isso.

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