A ESPOSA SUBSTITUTA [COMPLETA]

Capítulo 21

Quarta-feira, 23 de novembro.

AMÉRICA

Eu e o Carson saímos no domingo à tarde. Fizemos um passeio perto do lago da cidade, tomamos sorvete, comemos mais um monte de besteiras, conversamos bastante e trocamos carinho.

Foi um encontro muito bom. Serviu para nos aproximar mais no sentido sentimental e não só no físico, como havia acontecido durante a noite de formatura e naquela manhã.

Os meus pais já sabem, os pais dele também. Tudo está a nosso favor, sem pressão pra casar e recebendo apoio.

Acho que eles não chegaram a pensar que bastava um jantar ou dois entre amigos para fazer o interesse de alguém aparecer.

Hoje estou num vestido justo, preto, de alças, com um decote bustiê, e um blazer num tom pastel, bege claro, com botões grandes, um coturno, e deixei os meus cabelos soltos, divididos de lado, com as pontas modeladas.

Modéstia parte, pareço uma bela mulher de negócios.

As joias eram bem discretas e a bolsa combinando com o blazer.

Me perfumo e faço uma maquiagem bem leve.

Quando saio do quarto, minha irmã me acompanha, me medindo de cima a baixo.

— Para onde vai assim?

— Para um jantar. — continuo o meu caminho, de cabeça erguida, e guardei a chave do meu quarto dentro da bolsa.

— Jantar aonde? Na casa do Dante? E precisa dessa arrumação toda? — ela zomba. — Parece que vai para uma entrevista de emprego.

Ela tenta me constranger, mas não consegue.

— Se fosse uma entrevista de emprego, eu com certeza ganharia a vaga.

Ao chegarmos na sala de jantar, encontro os nossos pais prestes a começar a refeição.

— Para onde vai assim, filha? — minha mãe pergunta.

— Vou jantar na casa do meu namorado.

— Que namorado? — Chicago pergunta com a voz alterada.

— O Carson. — respondo olhando para ela com um sorriso pleno.

Ela olha para os meus pais, de boca entreaberta e olhos arregalados. Se apoia na mesa e o rosto enrubesce.

— Você está brincando, não é?

— Boa sorte no jantar. — meu pai deseja, como uma deixa para eu ir logo, antes que a minha irmã comece a falar besteira.

— Eu não sei que horas vou chegar, mas estou levando a minha chave, então não precisam se preocupar.

— Vocês estão falando sério? O Carson aceitou namorar com essa ladra de noivos oferecida?! — Chicago protesta, insatisfeita com a novidade.

— Tchau. — Resolvo sair antes de qualquer briga. Não quero que ela estrague a minha roupa.

Chicago ainda insiste nisso, semanas depois do fora.

Parece que ela é mais insistente do que eu imaginei.

Saio de casa e o Carson acaba de parar o carro, antes de eu fechar a porta de casa, a minha irmã vem me xingando.

— Você é uma ladra de namorados! O Carson vai ver que você não presta, América! Ele é meu! Ele nunca será seu!

Lhe dou as costas e sigo para o carro e a luz automática da frente da casa se acende, iluminando o meu caminho.

Antes de chegar no carro, Carson sai e dá a volta para abrir a porta pra mim.

Ele olha para a Chicago, que está calada agora que o viu, e não sabe o que dizer.

— Deixa ela, Carson. Ela ainda não se conformou com a situação atual. — Entro no carro e fecho a porta.

Ele acena para a minha irmã e, do nada, ela vem até o carro.

— Carson! O que tem na sua casa hoje? — ela pergunta com um sorriso desesperado.

— O jantar de sempre.

— E o que a América vai fazer lá?

— Chicago, eu e a América estamos juntos. Eu te disse que gostei dela. Nós estamos namorando.

Gosto que o Carson seja um cara decidido.

A minha irmã não cansa de passar vergonha.

— Namorando? Já? Com a minha irmã?

— Nós saímos algumas vezes antes disso. Eu espero que entenda. Eu e você nunca tivemos nada, então não acuse a sua irmã de algo que ela não fez. — ele pede gentilmente. — Espero que tenha uma boa-noite. — Dá a volta no carro e entra.

A minha irmã não está triste. Ela está furiosa. E mesmo com os vidros fumê, ela olha para dentro do carro como se estivesse me vendo e lança um olhar de fúria.

Me sinto mal com isso.

Mesmo saindo da frente da casa, o clima na viagem pesa.

— A minha irmã é uma dissimulada.

— Eu não esperava ouvir aqueles insultos contra você. Achei que ela tinha entendido muito bem o que eu disse em nossa conversa. Nunca tivemos nada. O máximo de intimidade que tive com ela foram aquelas conversas no primeiro jantar e os cumprimentos. Eu não sei porque ela cismou que temos algo.

— Eu nunca a vi fazendo nada disso antes. Acho que ela está mesmo certa de que em algum momento você vai ficar com ela.

— Isso não vai acontecer. Eu gosto de você, América. — ele olha de relance para mim e sorrimos. — Aliás, hoje a Sue me encheu. Hoje e a semana toda, com esse nosso namoro. Ela disse que eu tenho que pedir aos seus pais. Que é o certo a se fazer.

Dou risadas.

— Eu nunca passei por isso, a minha irmã também não. Não posso opinar. Você já fez isso alguma vez?

— Sim, mas achei que nessa idade e nessas circunstâncias isso era dispensável. — ele diz rindo.

— Eu também achei que não precisava. Mas seria bonitinho. Isso se a minha irmã não atrapalhasse, é claro.

Ele olha para mim por alguns segundos, sorrindo, depois foca na direção.

— Então você pode convidar a minha família e eu faço o pedido formalmente.

Como se já não estivéssemos envolvidos o bastante para precisar disso.

Mas acho que seria divertido formalizar o namoro. Até o momento eles só sabem o que dissemos, não ouve nada que formalizasse isso. Nem mesmo na minha festa de formatura isso ficou explícito.

Hoje estou indo jantar na casa dos pais dele, como sua namorada, nos tratamos assim, mas ele não me pediu em namoro. É só um consenso entre a gente que na situação em que nos encontramos já somos namorados.

— Será interessante. Vamos fazer um chá da tarde ou um almoço. Algo que não seja jantar para não ficar tão chato tudo acontecendo em jantares. E aí você me pede em namoro. Coisa que não fez ainda. — Combino com ele.

— Eu achei que estávamos bem nesse quesito.

— Foi você que tocou no assunto! — retruco rindo. — Agora tem que pedir na frente dos meus pais e pedir a eles também.

Estou adorando essa coisa de namoro.