Wicked Game

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Acordo desnorteada com a fresta de luz que entra pela janela.
O lado da cama onde Trevor havia se deitado ontem à noite está vazia.
Uma sensação terrível me consome, checo meu celular em busca de alguma mensagem de Trevor e vejo que é quase meio dia.
A única notificação era de Jasmine, as 6:30 AM ela havia avisado que estava em casa.
Era a segunda vez que Trevor ia embora sem se despedir após transarmos, isso me deixava irritada e magoada, mas também abria meus olhos.
Eu era uma diversão pra ele.
Limpo a lágrima teimosa que escorre pelo contorno do meu rosto e me levanto. Tomo um banho demorado, lavo os cabelos que estava cheio de nós pela noite passada. Esfrego cada milímetro do meu corpo desejando que não tenha mais nada de Trevor em mim.
Enquanto me enxaguava, decido que iria o chamar para conversar e encerrar nossa amizade colorida, deixando só a amizade.
Iríamos estragar tudo se continuássemos desse jeito.
Término o banho e escovo os dentes, depois faço uma skin-care e seco meus cabelos.
Quando volto para o quarto, vejo que há novas notificações no meu celular e fico ansiosa pensando que Trevor só havia tido uma emergência e teve que ir embora às pressas.
Mas era só Letty, minha diretora, avisando que eu teria que ir ao jogo de Trevor, fazer uma matéria e tirar algumas fotos para o jornal. Penso em inventar que estou doente ou nem mesmo responder, mas meu lado responsável e profissional me impediam.
Digo que estarei lá e que enviaria a matéria ainda hoje e ela me agradece.
Preparo o almoço para eu e Jasmine e me sinto culpada por estar distraída demais para não prestar atenção enquanto ela detalha a noite com Archie.
A tarde passa voando, como se o tempo estivesse em uma corrida desenfreada, me deixando com a sensação de que mal tive tempo para processar meus próprios pensamentos e sentimentos.
Visto uma calça cargo bege, uma blusa de mangas até o pulso e coloco o moletom da Northeastern, calço meus Gamma Force e estou pronta para o jogo. Pego minha câmera e meu bloco de notas e desço para o térreo.
Bella e Gus me buscam em casa, conversamos amenidades até a sede do Chicago Bears, Bella percebe que estou distraída, mas me dá meu espaço.
Nos acomodamos na primeira fileira da arquibancada, coloco meus fones de ouvido e começo um rascunho para a matéria, mas minha mente teimosa só consegue se concentrar no cara que era o tema principal e nada de bom sai dali.
Ligo a câmera e vejo as últimas imagens tiradas, Trevos era o foco principal de cada uma delas, naquela época eu nunca imaginava que iríamos sequer conversar.
Era tão mais fácil não o conhecer tão intimamente como eu conhecia.
A quadra começa a se movimentar, as linhas se formam, os jogadores se preparam, e a tensão no ar é palpável enquanto o jogo se inicia.
Meu olhar se desvia para Maddox, o camisa número 18.
Cada movimento, cada passe, era uma demonstração do seu potencial. Enquanto eu tentava capturar cada momento com minha câmera, minha mente divagava, como ele conseguia me enganar tão bem? Eu estava me esforçando muito para tentar voltar ao foco, mas era extremamente difícil.
A energia vibrante da torcida era quase ensurdecedora, estavam ali para receber seu possível futuro novo jogador, e eu estava ali apenas cumprir meu trabalho.
Enquanto eu escrevia mentalmente minha matéria, sabia que tinha que transmitir não apenas o desempenho de Maddox em campo, mas também a emoção e a tensão que permeavam o estádio. Aquele não era apenas mais um jogo amistoso; era o momento crucial na carreira de um jovem atleta, e eu estava lá para testemunhar cada momento, mesmo que minha conexão pessoal com ele estivesse abalada.
A partida prosseguia, com Maddox demonstrando sua habilidade em cada jogada. Ele liderava o ataque com determinação, driblando habilmente a defesa adversária e realizando passes precisos para seus companheiros de equipe. No entanto, a defesa do Green Bay Packers, conhecida por sua agressividade e forte marcação, não facilitava as coisas para o Chicago Bears. Maddox enfrentava uma pressão constante, com os linebackers rivais tentando interceptar seus passes e os defensive ends buscando derrubá-lo atrás da linha de scrimmage. Mesmo assim, Maddox se destacava com sua visão de jogo e agilidade, buscando oportunidades de avanço e mantendo o controle da partida.
Aos poucos nossos amigos iam chegando e se juntando a Bella e Gus, eu estava mais à frente, para conseguir melhores ângulos para a foto, mas os cumprimentava de longe.
-Quer uma água ou um refri, Alie? — Gus gritou e eu sorri me virando, ele era muito prestativo
-Adoraria uma soda — Grito de volta e alguns minutos ele surge do meu lado com uma latinha e um canudo nas mãos.
-Você é um querido, obrigada Gus — Agradeço sorrindo
Faltavam alguns minutos para o halftime e eu subo me sentando perto do pessoal. Abraço Jasmine, Anne e Archie que haviam chegado e eu não tinha percebido.
Pego meu bloco de notas e começo a anotar alguns lances que eu não poderia esquecer de citar na matéria, o vento gelado corta meu rosto e coloco minhas mãos em formato de concha para proteger meu nariz.
Assim que inicia o halftime, Trevor se aproxima correndo pelo campo em direção às grades onde estávamos. Gus e Archie se levantam rapidamente para irem falar com ele, continuo imóvel no lugar onde estou sentada e o observo retirar o capacete, trocamos olhares rápidos, mas eu desvio, me virando para conversar com Jasmine.
-Como isso é possível?! — A voz de Bella é misto de sussurro e surpresa.
Acompanho seu olhar para atrás de nós, uma garota de cabelos louros, olhos verdes e feições delicadas se aproxima sorrindo. Seu corpo é magro e esguio, tudo nela é extremamente delicado e elegante.
-É a Jane — Jasmine sussurra para mim percebendo que eu não faço ideia de quem é.
Automaticamente meu olhar se volta para Trevor, que a encara encantado.
Ele sorri, trêmulo, seus olhos piscam umas duas vezes e ele passa a mão pelos cabelos, extremamente nervoso. Trevor parecia não acreditar no que estava vendo, enquanto Jane acenava para ele, sorrindo. Ele sorri de novo, confuso, atordoado, até que o capitão do time grita seu nome e ele sai correndo de volta para o campo, deixando para trás a confusão e a nostalgia.
Eu assistia tudo como a espectadora de um romance juvenil, incapaz de desviar o olhar daquele drama que se desenrolava diante de mim.
Eu era totalmente incompatível com aquela trama.

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