Flatline

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Northeastern
2 meses e 15 dias depois.

Eu estava tão entediada que estava lutando para não dormir enquanto escorava a cabeça em uma pilastra. Bryson Tiller sussurrava nos meus fones de ouvido estrategicamente posicionados para ninguém perceber que, diferentemente dos calouros empolgados, eu não me importava com nada do que o coordenador do curso falava.
Estar novamente em uma apresentação de calouros era ter a certeza de que eu me odiava muito. Quem se colocaria naquela posição por vontade própria em plena consciência por mais de uma vez?!
Respiro fundo, ansiosa para que aquela falação interminável cessasse e que nos liberassem.
O que finalmente acontece, depois de quase uma hora e meia.
Na saída da quadra, uma pessoa fantasiada do mascote Leão entregava um folheto com os produtos e as datas de jogos da minha nova atlética do curso de direito.
A ficha de que eu tinha feito essa burrice nem havia caído ainda.
Caminho preguiçosamente até o diretório para dar o segundo passo da minha nova fase: Assinar minha saída voluntária. 
-Ora ora se não é a traidora! — Letty brinca assim que eu empurro a porta de vidro
-Não fala assim, eu já questionei minhas decisões mais de mil vezes desde que acordei — Choramingo
-Eu espero é que você se arrependa disso! — Noah resmunga
-Não faz sentido eu continuar no jornal sendo que agora eu vou cursar algo totalmente diferente amigo, prefiro deixar a vaga pra alguém
do jornalismo! — Explico
-O James quer conversar com você antes que você assine — Letty
-Ele está aí? — Pergunto
-Chegando — Ela diz inclinando a cabeça para a porta de vidro, onde consigo avistar James caminhando em nossa direção.
-Alice! Que bom que veio! Precisamos conversar, pode vir na minha sala um segundo? — Ele diz enquanto passa por mim e entra em sua sala.
Caminho atrás dele, apreensiva e me sento na cadeira em sua frente.
-Primeiramente quero dizer que fico muito triste com a sua saída, você contribuiu muito com o nosso jornal e eu fico muito orgulhoso de saber que temos uma pessoa tão talentosa na nossa Universidade. Admito que não entendo muito o motivo de você transferir para o curso de direto, mas irei respeitar! Mas antes da sua saída, quero te propor uma última reportagem para nós — Ele diz
-Claro, James. O que precisarem! — Respondo de imediato
-Não sei se você está sabendo, mas Trevor Maddox foi selecionado para jogar no Atlanta Falcons. Hoje à noite ele fará um jogo de despedida contra os De Paul na quadra comunitária. Sua estreia será na próxima semana, gostaria muito que você fosse cobrir esse momento, com todos os custos pagos por nós! Seria realmente incrível que Trevor tivesse o apoio da Northeastern nesse momento — James fala.
Assim que ele cita o nome de Trevor, sinto meu coração disparar e minhas mãos suarem.
Sei que meu rosto estava vermelho, pois James me encara como se eu estivesse com algum problema.
-Você está bem? — James pergunta
Minha ansiedade repentina me impede que eu o responda.
Flashes de Trevor surgiam na minha mente, agora com seu rosto um pouco mais embaçado, as memórias que eu lutava diariamente para esquecer eram traiçoeiras, James havia aberto a caixa de pandora.
Eu e Trevor não nos vimos mais desde a casa do lago. Eu sabia que ele havia se formado, Bella e Gus haviam ido na colação de grau e postaram fotos no instagram. Mas nenhum contato entre nós dois, dois meses e quinze dias pareciam uma eternidade...
-Alice? Está me ouvindo? — James me tira do transe
-Desculpa — Digo após respirar fundo
-Então, o que acha? — Ele pergunta
-Seria uma matéria geral dos dois jogos ou vocês iriam precisar de uma entrevista também? — Pergunto
-Eu te mandaria o briefing ainda essa semana para você conseguir se preparar — Ele
-Tudo bem James. Espero poder contribuir bastante no meu último projeto como jornalista da Northversity — Digo sorrindo, James estende a mão e eu aperto.
-Eu vejo muito potencial em você Alice — Ele sorri

(...)

Minha última aula acaba às 20:15, caminho para o estacionamento da faculdade em busca do meu novo carro. A forma singela que meu pai havia encontrado de agradecer pela troca de curso era me dando uma Mercedes.
Eu que não iria reclamar.
Era empolgante pra caramba ter um carro só meu e extremamente lindo, uma G63 toda preta que parecia ter sido feita especialmente pra mim.
Cada vez que eu entrava, soltava um suspiro de felicidade.
Todas as turmas haviam sido liberados para assistir ao último jogo da estrela da Northeastern, mas pela quantidade de carros, parecia que a cidade inteira estava ali, me arrependo instantaneamente de não ter saído mais cedo da aula.
Quando finalmente consigo estacionar meu carro, faltavam 15 minutos para o jogo começar.

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