Thinkin' Bout You

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Trevor e Amelie se afastam, e eu permaneço no bar, tentando controlar a onda de emoções que varre por mim. O encontro inesperado com Trevor, a presença de Amelie, e a maneira como tudo pareceu tão... Diferente do que eu imaginava. Ele estava tão natural ao lado dela, e eu me sinto como uma intrusa, alguém que não deveria estar ali, mas ao mesmo tempo, não conseguia ignorar o que ainda sentia por ele.
-Uma dose de whisky, por favor — Peço, uma bebida forte era a única coisa que acalmaria a enxurrada de emoções que se aproximava.
-Vai com calma aí, campeã — O bartender diz após eu matar a bebida com um gole. Ele aparenta ter a minha idade e havia ficado me encarando desde a hora que cheguei.
-Noite difícil — Digo com uma risada sem graça
-Caiu no conto do jogador? — Ele pergunta, como se conhecesse Trevor muito bem
-Você o conhece? — Pergunto rindo
-Não conhecia, mas comecei a ficar curioso com a quantidade de mulheres diferentes que o cara trouxe aqui no bar num período curto de tempo. Ele está hospedado aqui também, se mudou para jogar futebol no Falcons — O bartender ri
Ter me hospedado no mesmo hotel de Trevor foi uma jogada de mestre de James.
-Eu sei, nós somos da mesma cidade — Admito com um pouco de vergonha e os olhos deles brilham no mesmo momento.
-Você é uma ex namorada? — Ele pergunta
-Não, nunca chegamos nem perto. Sou jornalista do jornal da nossa universidade, iremos fazer uma grande matéria sobre ele — Digo e faço sinal para outra dose
Ele me encara enquanto serve o copo.
-Você é muito bonita pra estar se embebedando sozinha por um cara — Ele diz e dá um sorriso gentil
-Obrigada — Sorrio também

...

Mal posso acreditar que um cara que eu não sabia nem o nome estava dentro de mim alguns minutos atrás.
Eu havia tido ao menos o bom senso de resgatar uma camisinha na lateral da minha bolsa.
O sexo estava sendo bom, mas na minha cabeça, era o rosto de Trevor que estava presente.
-Você nunca fez isso antes né? — Ele pergunta quando acabamos
Sinto minhas bochechas corarem.
-O que? — Pergunto enquanto procuro a minha camiseta
-Sexo com um desconhecido — Ele ri
-É tão óbvio assim? — Rio também
-Miles — Ele sorri e estende a minha camiseta
-Alice — Respondo rindo
-Eu já sabia — Miles diz enquanto veste as calças
-Como?! — Fico me questionando se em algum momento eu me apresentei.
-Você vai me odiar agora — Miles leva as mãos ao rosto, como se estivesse envergonhado
-Prometo que não vou — Digo sem saber o que estava por vir
Miles respira fundo antes de começar.
-Na noite em que Trevor chegou, era o meu turno. Era um domingo, o bar extremamente vazio. De cara eu pensei que era só um bêbado chato, então nem fui cordial. Daí lá pela terceira ou quarta dose, o cara começou a chorar. Chegava a ser hilário, um cara daquele tamanho, chorando por cima de um negroni. Não resisti e puxei assunto. Ele começou a falar de uma garota, morena, olhos verdes, cabelos longos e um sorriso que melhorava qualquer coisa. Ele falou do seu acidente, da culpa que ele sentia, de vocês nunca terem dado certo — Miles despejava as palavras em cima de mim e eu me sentia sobrecarregada. — A partir desse dia, nós ficamos próximos, eu achava engraçado o fato dele sempre levar uma garota com as mesmas características que você. Parecia uma busca desesperada por uma cópia sua. E sempre que ele se tocava que não eram você, ele ia para a próxima. Quando você chegou no bar, imaginei que ele fosse querer te conhecer, por conta das suas características. Quando você disse que era da cidade dele, sabia que era você. Desculpa não ter te contado antes, mas eu precisava saber o que fez um cara ficar tão maluco — Ele confessa
Engulo em seco sem saber o que pensar.
-Descobriu? — Rio, o whisky fala por mim
-Com certeza — Ele ri também
Por mais que ele tivesse sido um pouco babaca, eu tinha coisas na cabeça demais pra lidar.
-Acho melhor você ir agora, tenho que acordar cedo amanhã — Digo e ele confirma com a cabeça
-Foi muito bom te conhecer — Ele sorri após passar pela porta
-Obrigada por ter me feito companhia — Respondo
Miles se despede com um sorriso e um aceno e assim que fecho a porta, me jogo na cama, agarrando o meu caderninho de capa marrom na mesinha de cabeceira, mas, ao invés de planejar a entrevista, acabo desenhando pequenos rabiscos sem sentido nas margens. Minha mente está em outro lugar. Preciso encontrar uma maneira de manter o foco, mas como posso fazer isso quando tudo o que consigo pensar é em Trevor? E na nova realidade que ele parece estar vivendo, uma que talvez eu não faça mais parte.

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