20 - Dança

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Selina Kyle POV

— É melhor eu não dançar -balanço a cabeça e me afasto-

— Mas é uma das coisas que os padrinhos combinaram de fazer.

— Não. Ninguém me falou sobre dançar.

— Qual é o problema nisso?

— Eu... eu não sei dançar... -bebo um pouco de vinho, corando meus lábios e atraindo sua atenção para eles-

— Eu vou resolver isso -segura minha mão e me arrasta para a pista, onde todos estavam nos esperando- suba nos meus pés.

— Vai te machucar, senhor Wayne...

— Eu estou acostumado com a dor. Não se preocupe. -sorriu de lado

Ele estava se referindo aos pais dele? Dizem que antes ele era um menino alegre... agora... ele mal saía de casa.

— Então pelo menos me dê um segundo para tirar meus saltos -me abaixo, tiro os sapatos e coloco debaixo da cadeira reservada para mim-

— Pronta? -me ajuda a subir em cima de seus pés- Apenas deixe que eu te guie.

— Não deixo que os homens me dominem. -sorrio-

— Não estou te dominando, apenas... ensinando, talvez.

— Certo, me ensine professor Wayne. -ele coloca sua mão cheia e grande no final das minhas costas, enquanto a outra segurava minha mão-

A música começa quando todos os padrinhos estão na pista e os pés dele movimentam nossos corpos sem sequer se esforçar. Ele é grande, forte, gentil, lindo. Ele tem algum defeito?

— Deveria sair mais e encantar as pessoas com seu talendo para dança, senhor Wayne -sorrio olhando em seus olhos azuis como o céu brilhante e vivo do verão-

— E você deveria rir mais. É linda... o som da sua risada também. É... harmônica, tranquila e aveludada.

Sinto minhas bochechas queimarem e desvio meus olhos dele.

Ele está falando isso por um motivo. Homem algum jamais falara isso para mim, e ouvir suas palavras soando mais como um poema do que apenas um flerte me assusta.

Ele quer sexo.

Em nenhuma hipótese ele poderia gostar de mim. Ainda mais se descobrisse meus dois trabalhos.

Uma prostituta e uma ladra? Um homem nobre e nascido em berço de ouro nunca entenderia... nunca.

— Você está bem? -procura meus olhos, mas os mantenho baixos-

— Sim. Estou apenas prestando atenção em seus passos. -digo sem mover meu olhar. Ele me tira de cima de seus pés, me gira e me traz para ele novamente-

— Devo pedir desculpa por algo?

— Você não me deve nada. Está tudo bem. -sorrio para tranquilizá-lo-

Seus olhos correm para minha boca.

Uma tensão estranha se instalando em nosso silêncio e em palavras não ditas.

Talvez se eu fosse uma mulher digna, talvez eu me deixasse levar por suas palavras e acordar em sua cama.

Mas o tempo comigo é comprado com dinheiro, não com sorrisos e palavras bonitas.
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I RUN TO YOU - BATCATOnde histórias criam vida. Descubra agora