17 - Casamento

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— Selina Kyle, é um prazer revê-la! -o reverendo me cumprimenta-

— Reverendo Clifford! -sorrio- não sabia que o senhor iria realizar este casamento!

— A sua amiga insistiu para que o noivo dela reservasse o meu dia. Vocês praticamente foram criadas por mim e pelas freiras da Santa Isabel.

— E somos muito gratas por isso, reverendo. É um prazer reencontrá-lo -aperto sua mão- sabe onde devo me sentar?

— Uma madrinha deve permanecer ao lado da noiva.

— Ah, verdade... eu não pude ir para os ensaios. Sabe onde ela está?

— Você deve se juntar aos padrinhos e madrinhas no casebre, fora da igreja -aponta para a saída-

— Obrigada reverendo -me afasto e caminho para fora. Ao avistar o casebre, posso ver grandes movimentações vindos de dentro e de fora. A emprensa estava presente, o noivo da minha amiga era um médico rico, famoso e importante. Sem contar com os outros convidados nascidos em berço de ouro-

— Com licença... -bato na porta-

— Selina, que bom te ver -o médico loiro e alto, aperta minha mão- Kate sentiu sua falta nos ensaios!

— Eu sinto muito. Tive alguns problemas de saúde nesse meio tempo... -sinto olhos azuis caírem sobre mim e eu os identifico. O par de íris claras como diamantes pertenciam a Bruce Wayne. Tudo nele vale uma boa grana. Até esses olhos escupidos por anjos-

— Você está bem? Poderia ter falado com Kate. Eu poderia ajudar, não cobraria uma consulta de uma das melhores amigas da minha noiva -ele parece ser o homem perfeito para fazer Kate feliz. Meu coração tranquiliza-

— Acho que foi apenas uma gripe forte. Tomei vários chás e sopas, já estou inteira de novo -sorrio-

— Tudo bem. Se me der licença, eu preciso falar com a organizadora -aperta minha mão-

— À vontade -aceno com a cabeça e me aproximo de um canto da sala-

Eu ainda não sei com quem vou entrar. Todos parecem riquinhos chatos pra um caralho e que se soubessem onde moro, iriam calçar luvas e passar álcool para me tocar. Eu nunca seria como eles, nem se tivesse todo o dinheiro do mundo. Eles ainda me veriam como uma gata de rua. Uma prostituta. Uma cadela. Uma quase sem teto. Uma órfã...

Suspiro.

Eles nunca me veriam como uma deles. Talvez seja até melhor assim.

Não quero me iludir, achando que um desses ricassos vai olhar para mim e não me julgar.

O vestido de madrinha que todas estamos usando é violeta e de grife. Kate sempre teve bom gosto, só não tinha o dinheiro. Mas aparentemente, já o conseguiu. De maneira pura.

O peso das prostituições e dos roubos me fazem baixar a cabeça. Por um breve momento, me sinto inferior.

— Bruce, venha até aqui! Se junte a nós! -um dos padrinhos fala. Estavam consumindo vinho caro e conversando sobre negócios-

Ele estava em um canto, como eu, encostado em uma mesa.

Introvertido, na certa.

Ele suspira, força um sorriso e se aproxima.

Acho que nem os ricos suportam falar de negócios o tempo inteiro ou fingir que se gostam.

Deve ser cansativo.
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I RUN TO YOU - BATCATOnde histórias criam vida. Descubra agora