HELOISA

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Dia atuais....

Estou nesta sala sozinha... A única alegria que tenho são as participações da igreja que ainda persevero, no canto. E, também, no trabalho que faço auxiliando como secretária do Sr. Moretti e ainda, meu querido João Vitor, a pessoa que depois de Gabriel, meu amor é aquele que roubou meu coração, em quem som apaixonada. 

Só que agora esse amor não era platônico como foi com Gabriel. João Vitor, me amava e respeitava. Inclusive jamais se atreveu a ficar comigo, pois eu mantinha a vontade de casar virgem. Para muitos isso poderia ser uma besteira, mas para mim não era. E, ele sabia disso.

João Vitor era um rapaz de 23 anos, loiro, forte, de tirar o folego de qualquer garota. Via isso na Universidade. Ele parava o trânsito literalmente. Devido a esse bando de garotas o seguir ele sempre teve cuidado comigo. Dizia que ele não queria expor nosso namoro para que essas garotas não me agredissem. O que já havia acontecido, segundo ele com duas de suas ex-namoradas.

Ele era de família muito humilde, batalhadora, dizia que os pais moravam no interior e que iriam gostar de me conhecer, que eu era humilde como a mãe dele. Ele sempre elogiava muito seus pais. Admirava isso nele. A única coisa que ficava triste era que ele não era de ir à igreja, mas com a graça de Deus isso iria mudar. Eu iria trazê-lo para a igreja.

Meu celular toca... E me tira destes pensamentos sobre meu namorado.

- Boa tarde, Marthinha. Em que posso ajudar? - Esta era uma da instrumentalista do coral da igreja que eu participava e minha melhor amiga, confidente.

Ela era uma ruivinha, de óculos, olhos verdes e um caráter único. Tinha 20 anos, um ano mais nova que eu. Mas era o pilar do nosso grupo.

- Amiga, preciso de sua ajuda. Iremos tocar em uma festa e precisávamos de um suporte no canto. É um noivado, na cidade vizinha, pouca gente. Apenas umas 4 músicas. E, a Taciana nossa vocal ela perdeu a voz. Pode nos ajudar?

- Amiga ajudo sim. Você passa aqui?.

- Claro, em uma hora estamos aí"

- Ok.

Assim, Marthinha buscou Heloisa e foram juntas até o noivado. Cantaram e ao terminar as surpresas do casal, foram convidados para a festa e sentaram-se para aproveitar o momento. Antes de começara comer, ela foi ao banheiro lavar as mãos.

Entrando nele escutou uns gemidos e ficou atenta. Nunca foi enxerida, mas poderia ser alguém passando mal. Seguiu os fracos barulhos e chegando perto escutou uma voz que conhecia muito bem.

João Vitor: "Ai amor como você é apertadinha. Gostosa... Eu não sei o que faria sem você".

Amor: "Para João Vitor, você fica lá comendo aquela gorda e fica aqui falando que eu sou gostosa e me deixa para ficar com ela".

João Vitor: "Amanda, você sabe que não gosto daquela gorda e para ficar sabendo não como ela porra nenhuma e Deus me livre disso. Agradeço essa besteira dela querer ser virgem. Kkkk Assim não tenho que comer aquela baleia"

Amanda: "Você é só meu né Vitinho. Sabe que eu sou sua e de mais ninguém e você é meu. Larga essa aposta boba que fez em ficar com ela por três meses."

João Vitor: "Você sabe que sou muito competitivo e vou ficar com ela três meses, assim ganho a aposta, de que eu lindo, maravilhoso e sarado iria ficar com uma fora do padrão, como ela".

Nem percebo, mas neste momento já estava em lágrimas. E, me pergunto, me minha mente: Será que precisava passar por tantas provações Senhor? Já não entendia o que Deus queria de mim. 

Os  meus pais, tios, avós, Gabriel e agora João Vitor. Todos que um dia amei, cada um ao seu modo, não poderiam seguir comigo nesta vida. 

Minha vontade era esmurrar a porta e acabar com aqueles dois, mas preferi me refazer, ignorar.

Lembrei-me da escritura sagrada: "Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda (Mt 5,38-48)". Era isso o que eu deveria fazer.

Fiz rapidamente minhas necessidades, ainda escutando juras de amor dos pombinhos e parti para a mesa que estava com meus amigos. Menti para eles que recebi um chamado urgente da empresa que trabalhava. Marthinha até quis me levar, mas disse que havia pedido um carro do aplicativo. E, despedi-me e parti.

****

Eram 20 horas quando cheguei em casa. Tomei um banho, comi algo, pois não almoçara na festa de noivado. Ia ver um filme, mas decidi que iria no Shopping e não me isolar em casa, como sempre fazia quando algo não estava bem.

Assim, que cheguei naquele imenso lugar, que estava maior que de costume e fui comprar entradas para a sessão das 21:30. Mas, neste momento ouvi um burburinho vindo de uma loja. Uma mulher estava sendo ridicularizada pela funcionária, por ser velha e estar apoiada a uma bengala e, principalmente, por ser acima do peso. 

Ao ouvir aquilo lembrei-me imediatamente de João Vitor e tal da Amanda. E, assim, meu sangue subiu, tinha alguém para descontar toda a minha raiva. Naquele momento não recorri a Deus como sempre fazia comecei a defender aquela senhora, que até o momento não se pronunciara.

Decidi me aproximar da cena, indignada com a crueldade da funcionária. Com um olhar firme, disse: 

"Isso é absolutamente inaceitável! Você deveria estar envergonhada por tratar alguém assim. Não porque ela é uma idosa, mas porque é um ser humano, digno como você. Ela merece respeito e atenção, carinho e empatia. Você não serve para trabalhar em um ambiente assim. É desqualificada"

A funcionária olhou surpresa para para mim. Percebendo a multidão e os olhares que estavam direcionados a ela ficou atônica. Enquanto a mulher idosa agradecia com um sorriso tímido o meu gesto. Senti neste momento uma salvadora. E, o meu coração agitado e dolorido, estava mais calmo e menos sofrido.

Idosa: (com gratidão) "Obrigada, jovem. Você tem um coração bondoso."

Funcionária: (com voz trêmula) "Eu... Eu sinto muito. Eu não deveria ter agido assim." Disse, pensando que, se não revertesse a situação, seria linchada.

Heloisa: (com compaixão) "Apenas lembre-se de que o respeito e a gentileza custam muito pouco, mas podem fazer uma grande diferença na vida das pessoas. Tenha um bom dia."

Depois desse episódio, sai com a adorável idosa e decidi não comprar  entradas para o filme, pois tinha em seu coração um sentimento de satisfação por ter defendido uma pessoa e, também, estava  esperançosa de que mais pessoas se conscientizassem sobre a importância de tratar todos com respeito e empatia.

Sentei-me com aquela simpática Sra. em um café próximo à loja do episódio constrangedor. Muitas pessoas ainda nos olhavam. Iniciamos uma conversa, como se fossemos as melhores amigas do mundo.

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