HELOISA

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Contei um pouco da minha vida, mas confesso que gostei mais de escutá-la. A senhora que defendi descobri que se chamava Amália Luiza Gutierrez. Tinha 65 anos, idade que teria minha avó paterna. Não conheci minha avó materna, pois minha mãe foi criada em um orfanato cristão.

Sra. Amália me disse que morava na Espanha, mais propriamente em Madrid. Contou que veio ao Brasil para encontrar seu filho, que morava no país, em Minas Gerais. Mas veio resolver uns problemas em São Paulo, para sua filha mais velha e voltaria para a Espanha. Disse que tinha um neto lindo, um bom garoto, religioso e de um enorme coração, que morava no Brasil. Até senti que ela me queria como neta e mentalmente veio João Vitor na minha mente. Uma lágrima caiu.

A Sra. Amália percebeu e perguntou o que houve. Não conseguia falar, pois não aguentei e chorei ali. Aquela senhora levantou-se e veio até mim, abraçou-me e disse: "Chora, minha menina, deixa essa dor sair."

Assim fiz. Por alguns minutos me senti protegida, querida, amada.

- Fale, querida, o que a fez chorar.

- Suas palavras me falando do seu neto, senti que estava querendo que nos conhecêssemos.

Ri com um sorriso fraco. E ela assentiu timidamente, sem saber o porquê cheguei por este tipo de comentário.

- Sra. Amália, hoje tive a maior decepção de amor da vida.

Assim contei tudo o que ocorreu no almoço de noivado a que fui. Disse que me sentia tão só que precisava ver gente e precisava esquecer aquelas palavras.

- Criança, todos nós um dia sofremos por amor. Meu neto, que te falei, nem se você quisesse, acho que não conseguiria conquistá-lo. Ele também teve o coração partido, há pouco mais de um ano, e se fechou para o amor.

Disse triste, pois sabia da dor do neto e dos problemas que enfrentava, devido à profissão do pai, seu filho.

- Sei que todos sofremos, mas ouvir o que ele disse me fez ruir, mas Deus pede para perdoar e assim farei. Mas não quero jamais vê-lo em minha frente novamente, pois não quero pecar.

Sra. Amália sentiu a dor daquela sua salvadora e tomou uma decisão.

- Você gostaria de ir para a Espanha comigo? Moro sozinha, você me ajudaria com as minhas obras sociais, minhas tarefas nas empresas que minha filha dirige para mim.

- Gostaria muito, sinto que a Sra. será a família que hoje não tenho mais. Pode ser precipitada a minha decisão, como também sinto que podes também refletir amanhã. Mas em meu coração Deus me diz que devo te seguir. Obrigada.

Foi aí que eu a abraçei forte e aquele abraço selou um momento que fora muito especial e que mudaria a minha vida. Pois seria o início de uma nova vida. Deus estava em dando uma nova chance.

Um pigarro foi ouvido perto de nós e ambas olhamos para um senhor de terno bem alinhado. Que logo foi me apresentado pela Sra. Amália como sendo seu motorista.

-  Queria Helô, este é José, meu motorista e amigo de longa data

- Muito prazer senhorita. E, Senhora Amália, é tarde, precisamos ir. Tem seus remédios..." Ela retorceu.

- E também o "enfermeiro" que administra meus remédios.

Deu um sorriso para o amigo, que retribui.

José era um homem de 57 anos, muito simpático, olhos azuis, magro e parecia ser uma excelente pessoa. De fato transparecia ser um grande amigo da Sra. Amália.

- Muito feliz em conhecê-lo Sr. José.

Disse levantando e pegando a mão do motorista, que retribuiu minha gentileza e educação.

Deixei meu melhor sorriso. Senti que o Sr. José gostou de mim à primeira vista. Seu olhar era terno, como de um pai olhando para uma filha. Eu naquele momento senti falta do meu pai ali.  

Fui levada para casa e despedi-me dos meus dois novos amigos. Combinamos de no outro dia reunirmos para conversar sobre os detalhes da ida para a Espanha. Que já seria em três dias.

Entrei em casa, tomei um banho calmo e coloquei uma roupa leve para dormir. Fiz um lanche leve e fui para cama. Rezei e agradeci pelo que aconteceu comigo. Sabia que partir dali seria o apropriado a fazer. Deus estava comigo e me guiaria, como sempre fez. Mesmo com o coração em dor, a esperança de ter um novo recomeço invadia todo o meu ser. Sabia que João Victor pela forma covarde que me usou, não merecia uma lágrima minha. Adormeci tranquilamente.

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