JOÃO VITOR

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Não dormi bem, minha cabeça está a mil. E o sumiço de Helô está me matando. Ela não me atendeu. Estava estranha na empresa, senti que fugia de mim e seus olhos não tinham aquele brilho que tanto me agradava ver. 

Seu telefone nem chama mais. Será que ela perdeu o celular? Isso só pode ser isso que aconteceu com ela. Até porque a minha doce Helô é frágil, encantadora e extremamente educada para não me atender. Ou será que aconteceu algo? Deus!! Queira que não, senhor!

Nossa, estou como ela, falando de Deus. Não me reconheci agora. O pegador, o mulherengo, o sem fé, rogando a Deus. Mas é ela, tudo ela. Queria ser um pouquinho só do que ela é, ter a fé que ela tem, pois passou por tanta coisa, pelo pouco que sei. Ela é uma grande mulher. 

Eu é que não presto, mas por ela vou mudar. Aqui refletindo sobre minha vida, lembrei-me dos momentos com Amanda naquele banheiro. Uma mulher correta, boa, como minha Helô jamais se prestaria àquela cena que essa garota protagonizou, junto a mim. Pior eu, um cara idiota, falando da minha "namorada" daquela forma. Mesmo sabendo que ela é perfeita, mas sou um escroto mesmo. 

Tenho que mudar, por ela e por nós. Hoje será meu primeiro passo, vou me transformar em um homem trabalhador, honesto, mas agora com um propósito me tornar melhor para ela. Quero que ela tenha orgulho de mim. Vou mudar, e vou me assumir, ou seja, assumir nosso namoro.

 Vou desfazer essa aposta, prefiro pagar aqueles idiotas, do que seguir em frente. Isso eu resolvo à noite.

Resolvo levantar e me arrumar para ir para a empresa. Meu pai já deve estar pronto e, se eu demorar para ir, daqui a pouco minha mãe vem me chamar. E, quando ela dá para ser explosiva, sai da frente. 

Não aguento mais é vê-la falar da secretária do meu pai, que tem a mesma idade, que ela é cativante, trabalhadora, honesta, e enfim, eu nem dou ouvidos. Nem perguntei o nome, nada, escuto (aliás, finjo que escuto), mas é tudo entrando em um ouvido e saindo por outro. Imagina se eles soubessem que tenho a minha Helô.

Arrumei-me, olhei-me no espelho, gostei do que vi. Um terno Armani, com um corte muito bem feito, próprio para um homem como eu, que, modéstia à parte, é muito bonito.

Desci para o café da manhã. Meus pais parecendo dois jovens namorados. Casaram-se mais velhos e tiveram apenas a mim. Mas nunca vi tanto amor em duas pessoas. Vejo o sorriso da mamãe, mesmo com seus 60 anos, mesma idade de meu pai, ainda era belíssima. Uma mulher decidida, médica ginecologista/obstetra, aparência jovial, alegre, cabelo curtos, grisalhos. Vendo os dois penso que assim quero que minha esposa ria para mim todos os dias.

-  Filho, bom dia, sente-se e tome seu café. Está lindo! Que orgulho ver os dois saindo juntos para o trabalho. Sinto-me tão feliz, filho, por seguir os passos de seu pai. Espero que hoje seja o início de muitas coisas boas para ambos.

- Sim, Dona Catarina, será. Obrigado por suas palavras, também tenho orgulho de vocês.

- Filho, eu sei que você vai ser um grande empresário, pois vejo sua garra. Só espero que deixe essa vida de baladas, mulheres e diversões. Seja o melhor profissional que conseguir e arrume uma boa mulher para criar uma família e seguir em frente como um homem de bem, que sei que você já é.

- Pai, estou mudando e vou lhe dar muito orgulho. E, sim, encontrarei uma mulher que será também motivo de orgulho para nossa família.

Antes de terminar, os dois já olharam para João Vitor com um semblante questionador. Mas não disseram nada. Na cabeça dos dois, a linda, dócil e excelente secretária da empresa seria a melhor escolha para o filho. Senti no olhar deles a cobrança por conhecê-la todos os dias, em qualquer momento que estivessem juntos. A garota era sempre a conversa da vez. Mas na cabeça dele, sua Helô era a única, mesmo que não tivesse coragem ainda de mostrá-la para todos.

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