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Manuela Braga;
point of view.

Ouvi passos atrás de mim e virei minha cabeça, vendo Tz vindo na minha direção de cara fechada e com as mãos enfiadas nos bolsos.

— Qual foi? — Tz perguntou, parando ao meu lado.   

— Senta aí. — Pedi e assim ele fez, ainda de cara fechada. — Desculpa, Theus.

Coloquei a latinha no chão e direcionei meu olhar pra ele, que me olhou, mas logo desviou, olhando pra rua.

— Não entendo toda essa neurose que tu tem com eu ficar com tua irmã, papo reto. — Respirou fundo. — Até parece que tu não me conhece, pô.

Tz passou a mão no rosto e fitou a rua, evitando olhar pra mim.

— A mais ou menos três anos atrás, a Gio conheceu um garoto, ela tinha quartoze anos, quase quinze e ele foi o primeiro namorado dela. Ele era incrível no começo, tratava ela super bem, mas aí eu comecei a estranhar por que Giovana começou a aparecer com roxos pelo corpo, e esses roxos só foi piorando. No início eram mínimos, como se ele só tivesse apertado ela com muita força, mas depois ele começou a bater, tipo, pra caralho. — Desviei o olhar dele, que agora me olhava e respirei fundo, voltando a falar. — Tentei conversar com ela, perguntando o que era aquilo e ela sempre fugia do assunto, falando que tinha batido em lugar qualquer. Até que um dia eu tava no meu quarto e comecei a ouvir ele gritando com ela, aí fui até o quarto dela e vi. Se eu não tivesse entrado no quarto, ele teria batido a cabeça dela na parede e sabe-se lá o que podia ter acontecido. Eu fiz ela terminar com ele, mas foi muito difícil, por que Gio tinha uma dependência emocional fudida nele, e eu tive que fazer ela entrar na terapia pra ver se ela melhorava.

Abaixei a cabeça e as lágrimas já desciam pelo meu rosto sem controle algum. Tz passou os braços pelo o meu ombro e me puxou pra mais perto, me abraçando de lado.

— Depois de algumas sessões da terapia, eu percebi que ela tava melhorando. Mas foi quase um ano pra ela superar ele completamente, e ser a menina que ela é hoje. E ela se apega muito fácil, Tz, e é por isso que eu tenho medo, e não é só com você, é com qualquer um que eu vejo se aproximando dela com segundas intenções. Eu sei que pelo jeito que eu falei contigo, fez parecer que você é uma péssima pessoa e que iludiria ela, mas não é isso, pelo amor de Deus. Me desculpa pela forma que eu falei. — Olhei pra ele e Tz sorrir.

— Tá de boa, moreninha. — Deixou um beijo no meu rosto e secou as minhas lágrimas. — E eu nunca machucaria sua irmã, Manu, pode ficar tranquila!

— Eu sei, eu confio em você de olhos fechados. — Ele sorrir. — Mas sempre que alguém tenta se aproximar dela, vem flashes na minha cabeça de como o relacionamento dela com o Paulo foi abusivo.

— Eu entendo, relaxa.

— Obrigada por ser tão compreensível, Theus. E que bom que a gente se resolveu, odeio ficar brigada com você. — Abracei ele mais uma vez, que passa seus braços pela minha cintura e deixa um beijo no meu rosto.

— Quem sabe dessa história? — perguntou.

— Só o Lennon. E vou seguir o conselho dele, deixar a Gio tomar suas próprias decisões.

Fiquei um tempinho conversando com o Tz do lado de fora e logo nós entramos, nos sentando na beira da piscina.

Quem aí se dispõe pra fazer a compra pros três dias que a gente vai ficar aqui? — Lennon gritou e eu logo levantei a mão.

— Eu vou! — Me levantei e olhei para o Tz. — Continuo de olho em você, hein. — Brinquei e ele riu.

Fui até o Lennon, que já tinha voltado para a churrasqueira e peguei uma asinha que ele havia acabado de tirar.

— Toma meu cartão. — Tirou do bolso e me entregou. — Compra só o necessário, Manuela. — Cerrou os olhos e eu rir, concordando.

Talvez eu exagere um pouquinho.

Vou contigo. — Ouvi a voz do Cabelinho.

— Ok, mas eu dirijo. — Ergui a mão, pedindo a chave.

Victor enfiou a mão no bolso e me entregou a chave do seu carro. Fui indo pra fora, comendo a asinha e Victor veio logo atrás.

• aperta na estrelinha •

Maktub - Mc Cabelinho.Onde histórias criam vida. Descubra agora