~ sorvete

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Entrei correndo na escola. Hoje, fui a pé pois ontem implorei para meu pai me deixar dormir até mais tarde, tenho coisas rodando pela minha cabeça a noite inteira. Pela primeira vez na vida, estou pensando em garotos.

Não no sentido romântico, estou pensando nas maneiras que irei dizer para Sunghoon que, o beijo... Não... Pois eh. Eu ainda não sei como dizer isso. Não que eu ache que o mesmo goste de mim, tenho certeza absoluta que não, mas mesmo assim, é complicado, e eu não quero que ele fique pensando que estou afim dele.

Já começou a ficar estranho. Não falo com ele há três dias, estava acostumada em vê-lo nos finais de semana quando vou na casa de Minji, ou quando ele mesmo traz ela para a minha. Sinceramente, sinto falta.

Tem muitas coisas que possam ter causado aquele beijo. E outra, ele também me beijou, foi uma decisão bem infantil de nós dois.

Não foi novidade eu ter chegado dez minutos atrasada, minha professora não se importou e só me pediu para me sentar ao lado de Niki, já que era o único lugar vazio e Minji me traiu pra ficar com o Geonu. Olhei simultaneamente para a professora que já estava perdendo a paciência, e para a mesa que infelizmente, tem um japonês do lado. Bufei mais ou menos alto, afinal, não queria pegar detenção de novo por fugir pela janela enquanto grito EU PREFIRO SER ESMAGADA POR RINOCERONTES

O Nishimura, por outro lado, não parecia tão irritado, o que estranhamente (ou não) me deixou ainda mais irritada ao ponto de olhar novamente para a professora e a perguntando se eu realmente teria que sentar lá. Já imaginava que o meu pedido seria negado, mas foi bom tentar. Ele me deu um sorrisinho sarcástico e mexeu seus dedos para me dar um pequeno oi. Rolei meus olhos enquanto sentava ao seu lado, ele deu uma risadinha desacreditada. O mesmo chegou bem perto do meu ouvido, dava para sentir sua respiração quente contra minha bochecha, eu queria meter um tabefe nele.

_Bom te ver também, carino. - mesmo não olhando para a sua face, eu sabia que ele sorria. Ele está estranhamente fazendo isso muito hoje.

_ Você quer parar de me chamar assim? - Me virei para olhá-lo, o mesmo já me encarava com aquele mesmo sorriso.

_Nao to afim não, carino. Afinal, você que me disse para praticar espanhol. - Verdade, disse mesmo, só não posso deixar com que ele saiba que estava errada, então neguei. - Ta, você sabe que não engana ninguém, Kim. - Coisas ruins de ter sido a melhor amiga do seu atual não amigo: Ele sabe onde você mora, conhece seus pais, sabe das suas fraquezas, e quando você está mentindo. Por esse motivo, mentir para o Niki é realmente muito difícil. Não que seja difícil mentir para ele, mas é muito difícil fazer ele acreditar.

_Eu não vou gastar energia com você agora. Já vou ter que te aturar mais tarde então, guarda todas as suas piadinhas para depois, valeu?

Talvez tenha sido uma péssima ideia ter falado isso, já que ele não calou a boca por nenhum segundo ate dar a hora do lanche. E quando os professores ficavam irritados e mandavam ele fechar a matraca, Niki ficava jogando bolinhas de papel com piadas dentro. Parei de ler depois da quarta bolinha, depois dessa peguei a bolinha e enfiei na boca do mesmo.

Como tinha dito antes, já estava na hora do lanche, e eu como sou ansiosa, sai correndo da sala de aula para falar com Sunghoon. O que acontece eh, Sunghoon saiu da sala mais cedo para entregar cadernos para a outra sala. Então, ele já estava do lado de fora e eu quero falar com ele antes dos corredores empacarem de gente. Vi o mesmo saindo da sala mencionada, eu parei meus passos, ele fez o mesmo depois de me olhar.

Comecei a andar rápido em sua direção. Antes mesmo dele terminar a frase que iria dizer, peguei na sua mão e o arrastei até a sala antiga de química, que agora não está sendo usada por conta do sapo que está morando aqui. Dei o nome de bert, todo dia quando passo por essa sala digo "bom dia bert." ou "Qual eh a boa bert". Spoiler: Não tem nada de bom na vida de um sapo que está possivelmente radioativo.

Sunghoon parecia confuso, mas não disse nada e apenas me seguiu. Eu agradeço muito por isso porque se ele dizer uma palavra agora eu juro que vou desistir do plano e fugir da escola. Bom, na verdade eu não tenho nenhum plano, eu só quero falar logo com ele sobre, bom, tudo que rolou.

Chegamos na sala, e pela primeira vez em três dias, eu olhei sunghoon nos olhos. Talvez não com a mesma intensidade do outro dia, mas mesmo assim, eu estava tensa. Naquele dia, o olhar do mesmo me dizia que ele queria me beijar, agora, seu olhar dizia que ele estava com medo de mim. Não vou mentir que eu também estou com medo.

Respirei fundo, fechei os olhos e dei uma meditada curta, preparei as frases que havia ensaiado e abri a boca para dizer tudo que precisava dizer três dias atrás. Acontece que eu sou atrasada para tudo.

_ Eu não gosto de você. - Abri meus olhos surpresa. Eu e Sunghoon havíamos dito a mesma coisa ao mesmo tempo. Ele não gosta de mim, eu não gosto dele. Nós não gostamos um dos outros. Eu sorri.

Sunghoon sorria aliviado, eu soltei o ar que estava preso no meu peito e também abri um sorriso.

Não acho que ninguém na terra ficaria tão feliz quanto estamos agora ao escutar aquela frase, mas gente, eu estou muito feliz.

Então eu estava certa, foi apenas o momento, nada mais do que isso.

Eu então abracei o mesmo, fechando os olhos e me perguntando: Imagina se eu tivesse estragado essa amizade? Não posso estragar mais uma.

_ Vamos almocar? - o mais velho assentiu, eu então peguei sua mão e o arrastei até a cafeteria - que bom, eu to morrendo de fome.


𝖮𝖽𝖾𝗂𝗈 𝗍𝖾 𝗈𝖽𝗂𝖺𝗋 ☆ 𝖭. 𝖱𝗂𝗄𝗂, 𝖾𝗇𝗁𝗒𝗉𝖾𝗇.♡︎Onde histórias criam vida. Descubra agora