A sorveteria local estava consideravelmente vazia, o que, para qualquer outra pessoa, poderia parecer incomum para uma tarde de sábado tão quente. Mas, para mim, era um verdadeiro alívio. Eu realmente não queria ser vista por ninguém agora. Não enquanto eu estava aqui, completamente envergonhada, com ele.
Eu mal conseguia acreditar que vim pegar sorvete com esse japonês ridículo. Na verdade, a culpa é toda minha. Nunca fui boa em ter ideias, e esta definitivamente estava no topo da lista das piores. Ele estava sorrindo de orelha a orelha, como se fosse o dia mais feliz da vida dele. Claro que estava. Ele iria comer sorvete, claro, ele ama sorvete. Ele é do tipo de pessoa que acha que comida resolve tudo. Mas eu, por outro lado, só queria enfiar minha cara em um buraco e desaparecer.
Queria sair correndo dali. Queria bater nele. Por tantos motivos. Queria bater nele por ele ter me largado. Por ser tão insuportavelmente racista, soltando aquelas piadinhas estúpidas que ele acha que são engraçadas, mas só me fazem ter vontade de sumir. Queria bater nele por sempre me xingar, me diminuir, por nunca, jamais, saber quando parar. Mas o que mais me incomodava agora, naquele exato momento, era o fato de que ele havia segurado a minha mão.
A sensação era tão familiar, como se nossos dedos já soubessem exatamente onde se encontrar, onde se entrelaçar. No momento em que sua pele tocou a minha, meus pelos se arrepiaram. Foi automático, como uma onda que me atravessou por completo, me deixando tonta e completamente confusa. Odeio ficar confusa. Detesto quando ele mexe comigo assim, de um jeito que me faz questionar tudo. Eu odeio o fato de que ele ainda tem esse poder sobre mim, mesmo depois de tudo. Eu odeio mais do que tudo a ideia de que, por um breve momento, enquanto nossas mãos estavam juntas, eu não sabia se queria puxá-la de volta ou apertar mais forte. Eu odeio o que ele representa, e, principalmente, eu odeio o quanto ele ainda consegue me fazer sentir coisas que eu não quero sentir. Eu odeio ele.
Minha mente girava com todas essas raivas acumuladas enquanto eu me afundava ainda mais no banco duro da sorveteria, de olhos fixos no celular. "Deveria ter ido com ele para a fila", pensei de repente. Niki tinha o dinheiro, então, tecnicamente, fazia sentido ele ir buscar os sorvetes, mas agora me arrependia de ficar para trás. Quem garante que ele não ia colocar veneno no meu sorvete? Suspirei. Que exagero. Prefiro morrer envenenada do que ser vista em público com ele, pensei com um certo desespero cômico. Rolei os olhos, abrindo a tela do celular, tentando distrair minha mente.
Alguns minutos depois, Niki apareceu com os sorvetes em mãos, interrompendo minha paz temporária. Ele jogou um dos copos de sorvete na mesa com tanta falta de cuidado que quase derramou.
_ Toma esse treco nojento pra você. — O "treco nojento" sendo o melhor sorvete já inventado na face da Terra: menta com chocolate.
Minha boca quase se encheu de água ao ver aquela combinação verde com lascas de chocolate por cima. Eu adorava aquele sabor desde pequena. Minha mãe nunca comprava, porque ela e meu pai odiavam, mas eu... eu me apaixonei pela primeira vez que provei em uma feirinha local. Era como conhecer o amor verdadeiro. Mas, obviamente, Niki não entendia. Nunca entenderia.
_ A única coisa nojenta aqui é você. — Eu revirei os olhos, dando uma mordida no sorvete. A textura cremosa e o frescor da menta foram quase o suficiente para me fazer esquecer que Niki estava sentado ali na minha frente. Quase.
_ Você é tão ridícula. — Ele riu, inclinando-se para me olhar mais de perto. — Às vezes acho estranho o jeito que você gosta dessa coisa aí. Mas aí lembro que você já é estranha e nojenta, então vocês combinam.
Dei mais uma colherada, tentando ignorar seus comentários. Ele estava testando minha paciência, como sempre. Rolei os olhos de novo e levantei-me bruscamente, saindo na frente dele. Se ele queria me provocar, não ia ter sucesso tão fácil dessa vez. Porém, ele era mais alto e, com aquelas pernas longas, não demorou para me alcançar enquanto eu caminhava em direção à minha casa.
Era uma caminhada longa. Longe o suficiente para que eu pudesse terminar todo o meu sorvete antes de chegar lá. Eu quase desejava que fosse ainda mais longe, para que ele desistisse e parasse de me seguir. Ele me seguia porque queria, claro. Ele sempre fazia isso. Eu nunca o convidava para nada. Ele simplesmente se incluía.
_ Tô cansado. — Ele murmurou, com aquela voz entediada que me irritava até a alma.
— Parabéns? — Respondi sem nem olhar para ele, dando mais uma mordida no meu sorvete. Aquilo estava bom demais para deixar que Niki estragasse.
— A gente pode se sentar no banco ali? — Ele apontou para um banco de madeira desgastado, debaixo de uma árvore próxima à calçada. Eu queria recusar, seguir em frente e deixá-lo para trás. Mas a verdade é que eu também estava cansada. E uma sombra fresca não soava tão mal.
[ GENTE TEM UM PUTA CAPITULO PRONTO DEPOIS DESSE E LOGO LOGO EU POSTO!!]
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𝖮𝖽𝖾𝗂𝗈 𝗍𝖾 𝗈𝖽𝗂𝖺𝗋 ☆ 𝖭. 𝖱𝗂𝗄𝗂, 𝖾𝗇𝗁𝗒𝗉𝖾𝗇.♡︎
Fanfiction"porque você me odeia tanto, Nishimura? Nunca te fiz nada!" "você não entende, Kim, eu preciso te odiar.." _______🥟______ Maria Katharina Kim e Niki eram melhores amigos por nove anos. Compartilhavam um amor puro e inocente, isso ate Niki mudar com...