Tem loucuras que, se parar pra pensar, nem são tão loucas assim. Tem loucuras que tem tudo pra dar errado, mas quando dá certo, cada percalço até o sucesso vale a pena. Mas tem algumas que são só loucuras, dando certo ou errado, não valem a pena o risco. Era sobre isso que Marília pensava enquanto observava Deyvão quase sufocar Henrique de perguntas. No primeiro instante, ele parecia estar tão absorto do assunto, não havia comentado sobre, não havia se demonstrado surpreso, nem nada, muito menos havia se colocado do lado da esposa naquela briga na mesa de café naquela manhã. Então porque agora ele tava agindo como um pai ciumento e preocupado? Será que ele havia notado a farsa dos dois? Quaisquer que fosse a resposta pra pergunta, eles teriam que manter a mentira pra que ninguém notasse nada. A última coisa que Marília queria era que a mãe soubesse tudo o que vinha acontecendo com ela nos últimos dias.
— Já tá bom, não tá, não? — ela se colocou ao lado do noivo, abraçando seu braço, tentando, enfim, acabar com a enxurrada de perguntas que o padrasto fazia.
— É o anel que deu pra ela? — observando pela primeira vez com atenção a aliança que havia ganhado um lugar no dedo de Marília, Deyvão perguntou indicando o anel com a cabeça. — Tomara que o valor dele não seja nem metade do que ela significa pra você.
— Nada vai conseguir significar o tamanho do amor que eu tenho pela Lila. Isso cê pode ter certeza. E, dona Ruth, — ele falou chamando a atenção da mulher que estava na cozinha e que ele sabia muito bem que não estava fazendo nada ali, apenas estava ouvindo a conversa sem deixar tão claro a sua intenção. — aquela conversa de ontem foi verdade, tá? Vou fazer de tudo pra ser um bom marido pra Lila e merecer ela.
— Eu sei, eu sei. — a mulher se escorou sobre o balcão e soltou um suspiro. — É preocupação de mãe, não dá pra evitar. — a voz de Gustavo chamando a irmã fez os quatro despertarem do assunto e a loira ver naquilo como oportunidade pra encerrar de uma vez a conversa.
— Posso deixar meu noivo livre ou tenho que me preocupar se até o final do dia vocês vão perguntar até o RG dele? — ela perguntou em tom de brincadeira, mas no fundo preocupada.
— Relaxa, minha sogrinha me ama. — a frase saiu mais rápido do que ele conseguiu raciocinar e o pequeno sorriso que se alojou em seu rosto enquanto dizia, logo caiu quando notou o que havia falado. — É brincadeira.
— Cê anda um palhacinho, né? Vem...
— Antes disso, será que vocês podem levar as travessas lá pra fora? Obrigada. — Ruth perguntou, mas sem dar chance de que nenhum dos dois respondessem.
Os dois fizeram o que a mais velha pediu, levando algum dos pratos de comida para a grande mesa do lado de fora.
Os amigos da loira estavam ali em seu quintal, reunidos pra, inicialmente, conversar e beber, mas depois das últimas notícias, também era pra entender toda a história que cercava o mais novo casal do grupo.
— Seja um namorado carinhoso, Henrique. — Maraisa disse baixo, sentando ao lado de Henrique. — Leva alguma bebida ou comida pra ela, sei lá. A mãe dela tá observando cada passo seu. A tia Ruth pode até te amar, mas pode ter certeza que ela quer saber se você vai ser um bom marido pra filha dela então mostre que sim, você vai ser!
— Você é muito chata, cara.
— Qual é? Você viu o que aconteceu com ela ontem. Ela só esteve com idiotas até agora, o Murilo é o único que se salva. — o comentário fez Henrique revirar os olhos e o pensamento de poder ser melhor que o ex da melhor amiga passou por sua mente, mas ele fez questão de logo afastar. — Mesmo que não seja de verdade, seja bom pra ela. Não deixa ela desacreditar que isso pode ser bom. Você viu o que ela disse sobre casar, não era brincadeira, ela tava falando sério.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luz Negra - Disfarce 1
FanfictionQuando as luzes do palco se apagam, outras milhares se acendem na tentativa de iluminar as coisas que estavam, mesmo que um pouco, obscuras para os que estão do lado de fora do "backstage". Mas quando se quer evitar a invasão da luz, uma cortina de...