Capítulo 15

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Era a terceira vez que Henrique afofava a mesma almofada no acento do sofá. Marília passava, espertamente, um bolo encomendado de uma confeitaria para um tabuleiro que nem sabia que tinha em casa pra fingir que havia sido ela quem tinha feito. Ela estava fazendo de tudo e pensando em tudo pra que aquela visita fosse a melhor possível e pra acalmar Henrique que estava nervoso.

Ela estava preocupada, claro que estava. Aquilo tudo era só pra que Henrique conseguisse a guarda dos filhos, não podia dar errado, mas ela tinha que manter a calma pelo "noivo". Bom, eles teriam que fingir bem que aquele noivado era verdadeiro, do contrário, Henrique com certeza teria um enfarto e seria naquele mesmo dia.

- Ricelly, fica calmo. Vai dar tudo certo, não tem porque não dar.

- E se ela reparar que tem algo de errado? - Marília deu um pequeno sorriso pro amigo, tentando passar segurança de algum jeito pra ele e tocou as laterais de seu rosto, num carinho singelo.

- Não vai reparar, Rique.

- Mas e se ela perguntar algo que a gente não saiba responder? Cê sabe bem que eu não funciono sobre pressão e as crianças também ainda nem estão acostumadas com isso. E se eles falarem que isso começou semana passada...

- Ricelly! - falou cortando ele, sabendo que se deixasse, as preocupações e paranóias do moreno não iriam ter fim e ele iria se preocupar mais ainda. - Vai dar tudo certo, tá bom? Eu vou tá aqui com você. O que você não souber responder, eu vou tá aqui pra te ajudar. Eu já conversei com as crianças que vai vim alguém aqui pra conhecer a nossa casa e eles e que é só responderem o que ela falar e que não é nada demais. Nada vai acontecer, se acalma.

- Tô surtando, né? - ele perguntou se sentindo um pouco envergonhado pela situação e pelo pequeno surto.

- Tá tudo bem. É normal se apavorar numa situação dessas. Só tenta não assustar eles, tá?

- O que seria de mim sem você, hein? - ele se permitir sorrir e tocar as mãos de Marília com as suas, devolvendo o carinho, não só que ela estava fazendo naquele momento em seu rosto, mas todo o carinho e preocupação que ela tinha por ele e pelos filhos.

- Eu sei que eu sou incrível, não precisa repetir. - ela falou com um sorriso convencido, fazendo os dois rirem e parte da apreensão de Henrique ir embora.

O momento foi interrompido com o toque da campainha. Henrique respirou fundo tentando manter a calma e foi até a porta receber a assistente social. Era uma mulher de meia-idade, que Henrique notou que carregava um sorriso, ele só não sabia se isso seria uma coisa boa ou ruim no final.

- Bom dia, eu sou a Clara, assistente social. Vim para a visita domiciliar.

- Bom dia, Clara. Entre, por favor. - respondeu Henrique, tentando manter a voz firme. - Esta é minha noiva, Marília, e esses são nossos filhos, Helena, Miguel e Léo. - não quis separar e falou dele também, tanto pra não causar um possível mal-estar em Marília e nem pra assistente achar que poderia a ver distinções no convívio e isso não seria bom.

- Eu fiz um bolo, não tem muito tempo. Você aceitaria? Ou tomar alguma coisa? - talvez fosse um pouco ridículo o que tinha tentado fazer, mas se esforçou para parecer uma boa dona de casa, por mais que fosse impossível ela fazer um bolo e sair perfeito como aquele.

- Adoraria, mas antes eu gostaria de ver a casa.

- Claro. - Henrique assentiu e começou a mostrar a casa.

Clara observava atentamente cada detalhe, desde a limpeza até a disposição dos móveis. Ela notou os quartos das crianças, decorados com cores alegres e brinquedos organizados.

Luz Negra - Disfarce 1Onde histórias criam vida. Descubra agora