Capítulo 5

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O alarme de Henrique soou e por mais que fosse 5 da manhã, ele já estava acordado... se é que essa palavra pode ser usada para definir ele. Nem havia dormido direito, se virou e revirou na cama, cochilou e acordou diversas vezes, o motivo: a audiência que havia sido solicitado por seu advogado para contestar a decisão de entregar a guarda provisória a Amanda. Por mais que levasse o adjetivo "provisória" logo após guarda, já era meia palavra pra entender que, se não fizesse nada de errado, era Amanda quem ficaria com a guarda definitiva.

Seu treino matinal, pela primeira vez, passou tão rápido que ele mal se sentiu cansado ou com preguiça. Sua cabeça estava em uma só coisa, não tinha espaço pra mais nada. Por isso, o resto das coisas que fez até que encontrasse seu advogado, foram feitas de forma automática, sem realmente prestar atenção.

Em compensação, a ida do hotel até o local da audiência demorou como nunca. O fato de Amanda ter voltado para Goiânia, fez com que fosse necessário estabelecer uma cidade e tribunal para que houvesse as sessões. A capital foi escolhida como local pelo cantor, porque era mais fácil ele se deslocar até lá, do que a ex-esposa até o Tocantins.

O local com paredes completamente brancas e de móveis da mesma cor, era torturante para Henrique. A cor fazia o se sentir louco e pra contribuir com a sensação tinha a preocupação que sentia em relação ao que poderia acontecer ali. Ele não achou que a sessão seria marcada tão cedo desde o seu pedido.

Suas mãos estavam suadas, mas podia sentir seu corpo e tudo a sua volta completamente gelado. Estava nervoso, seria difícil mudar a decisão do juiz e ainda não seria algo definitivo. Ele estava começando a se cansar de tudo isso, dessa indecisão que estava cercando sua vida. Tudo estava indo bem até que ele se viu sem saber se manteria sua família. Tinha perdido a esposa pra outra pessoa, mas a indecisão de tentar ir ou não atrás dela cercava seu coração, não sabia se era a melhor opção. Sempre viveu sob o mesmo teto dos filhos, eles eram sua vida, e agora talvez não os teria por perto como sempre foi, teria que fazer algumas visitas para vê-los e ele não sabia como isso de desenrolaria. Não sabia se continuaria com os filhos ou se viveria com quilômetros afastando eles.

Por mais que tivesse muito entalado e que ele queria dizer, Henrique se manter calado a maior parte do tempo, ao não ser quando era muito necessário que ele falasse. Tinha medo de dizer qualquer coisa errada e que fosse um problema pra ele. Mas as contantes provocações de Amanda e sua advogada estavam começando a tirá-lo do sério.

— Você estão o tempo todo batendo nessa tecla que ele tem uma condição melhor. Que condição melhor, Henrique? Dinheiro? A vida não é só isso, não. Amor e tempo também é importante. — a loira falou com raiva e elevando o tom de voz, apoiando os braços na mesa, tentando se aproximar um pouco do ex marido. A frase fez Henrique rir ironicamente. Amor e tempo são importante, mas pra ela não foi suficiente, era o que ele pensava.

— Calma, Amanda. — a advogada da mulher disse, tocando seu braço.

— E então, o que o senhor pode fazer de diferente? O que é tão relevantee importante que pode ser levado em conta pra mudar a minha decisão? — era loucura fazer aquilo e se descobrissem que era mentira, seria pior pra ele e com certeza um adeus a chance de ter a guarda dos filhos, mas ele tentaria mesmo assim.

— Eu posso dar um lar pros meus filhos, de novo. Tô vendo umas casas em Goiânia, pra ficar mais perto da Amanda, pra evitar o transtorno que vai ser pra vermos nossos filhos, e porque eu vou morar com a minha namorada. Tô formando uma família de novo, e não seria minha família sem meus filhos e eu sei que ela vai ser uma ótima madrasta pra eles. — nem o próprio Henrique sabia dizer de onde tirou tanta coragem pra dizer toda aquela mentira, mas estava feito e precisava manter.

Luz Negra - Disfarce 1Onde histórias criam vida. Descubra agora